Antes mesmo de pisar no gramado do Pacaembu, Léo Moura começou a ser perseguido pela torcida do Flamengo. As vaias, iniciadas no momento em que teve o nome anunciado no sistema de som do estádio, na divulgação da escalação do Santa Cruz, acompanharam o lateral-direito, durante toda a tarde de domingo, em São Paulo. Tomavam conta do jogo, com gritos de “mercenário,” sempre que o camisa 2 tocava na bola. Com atuação discreta, o atleta evitou qualquer tipo de resposta. Deixou o estádio em silêncio. Não falou nem sobre a derrota de 3 a 0.
O motivo da bronca é recente: há cerca de um mês, Léo Moura entrou na Justiça contra o clube que defendeu por dez anos. Cobra o pagamento de horas extras, adicional noturno e direito de arena referentes ao período entre 2011 e 2015. O caso ganhou publicidade justamente na semana em que ele enfrentaria o Fla pela primeira vez desde a despedida do ano passado, inclusive com um amistoso diante do Nacional, do Uruguai, no Maracanã.
– É uma decisão extremamente difícil. É apenas pelo direito e o lado profissional. A minha relação com o clube Flamengo jamais vai mudar, até porque outros jogadores recentes fizeram o mesmo e receberam o que é de direito em um acordo com o Flamengo (…) A torcida do Flamengo é muito maior do que isso. Estou tranquilo com relação e vou procurar jogar bem e ajudar minha equipe – afirmou o atleta antes da partida.
A relação, porém, a julgar pelo domingo, ficou comprometida. Em uma dividida com Chiquinho, um confronto que se repetiu durante toda a jornada, foi muito vaiado. O flamenguista ficou no chão, sentindo dores – o árbitro Ricardo Marques Ribeiro sequer marcou falta. Em outro lance, com Chiquinho o desarmando, teve de ouvir outra provocação do público:
– Ão, ão, ão, o Chiquinho é Seleção!
Os únicos momentos amistosos foram antes de a bola rolar, ao cumprimentar os antigos companheiros. Léo Moura fez questão de falar com todos. Foi até o banco de reservas abraçar também com funcionários do antigo clube. Dentro das quatro linhas, atacou pouco e não finalizou nenhuma vez. Preocupou-se mais com o sistema defensivo. Mantém o estilo de líder, orientando e cobrando os companheiros. Mas a força e a qualidade para ir ao ataque não são mais as mesmas. Não impediu a derrota. O Santa Cruz não foi páreo para o Fla e ruma para o rebaixamento à Série B.
Faltando nove rodadas, o time pernambucano é o penúltimo colocado. Tem 23 pontos, é o 19º. Está 11 pontos atrás do Sport, o primeiro time fora do Z-4. Tem, segundo o matemático Tristão Garcia, 98% de chances de cair.
Fonte: Globoesporte.com