Marcelo Zolet Chapecoense Taça Sul-Americana  (Foto: Leonardo Lourenço)

Ainda em recuperação do luto, a Chapecoense começa, a partir desta segunda-feira, o processo necessário depois de uma tragédia: levantar a cabeça, olhar para frente e seguir. A diretoria terá reuniões e uma espécie de força-tarefa para reerguer e buscar soluções para o futebol, além de definir oficialmente que o time não enfrentará o Atlético-MG no próximo domingo, pela última rodada do Campeonato Brasileiro.

Internamente, é clara a posição de que não há condições de se jogar futebol no gramado da Arena Condá em 2016. Uma equipe da Chape retornará aos gramados apenas para a disputa da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha, valorizada competição sub-20, em janeiro.

– Nesse momento nós estamos começando a reconstrução do time. As pessoas querem futebol, as pessoas amam futebol em Chapecó. E a grande alegria da nossa cidade do Oeste catarinense no futebol é a Chapecoense. Então temos que dar continuidade a isso, vamos conversar e acertar, deixar baixar a poeira, e vamos reconstruir o time para o ano que vem – afirmou o presidente em exercício Ivan Tozzo, que comandará o clube ao lado do presidente do Conselho Deliberativo da Chape, Plinio David De Nes.

Declarada campeã da Copa Sul-Americana,  a Chape vai receber uma premiação de R$ 6,9 milhões que será extremamente útil neste momento. Classificado para a Libertadores, o time conta com apenas 10 jogadores no elenco: os goleiros Marcelo Boeck e Nivaldo (que está se aposentando), os zagueiros Rafael Lima e Demerson, o lateral Cláudio Winck, o volante Moisés, os meias Nenén, Hyoran e Martinuccio, e o atacante Lourency, sendo que Hyoran já está acertado com o Palmeiras para 2017.

Nos próximos dias, a Chapecoense deverá anunciar José Carlos Maringá como diretor de futebol, cargo que o ex-jogador exerceu entre 2010 e 2013. A partir daí, o Furacão vai começar a conversar com outros clubes que manifestaram interesse em emprestar jogadores de graça. Mas tudo será de forma seletiva. Apesar do impacto devastador no elenco, existe uma certeza de que o clube não sairá recebendo todo e qualquer jogador, mas sim estudará caso a caso.

A Caixa renovou o principal patrocínio do clube, que não teve o valor divulgado, mas será bem maior do que os R$ 4 milhões anuais do último contrato. Além de buscar novos patrocinadores, a Chape terá ajuda financeira de alguns clubes da Série A. O primeiro a oficializar o apoio foi o Sport, que vai doar a renda da partida contra o Figueirense, neste domingo, em Recife. Outras equipes mandantes da última rodada do Brasileirão ainda podem fazer o mesmo.

– A ideia de nos emprestarem jogadores sem custos e a doação da renda da última rodada são muito interessantes. Vamos reconstruir o futebol da Chape, porque sabemos da importância do clube na vida da população de Chapecó, nas nossas vidas e dos jogadores. Vai ser um caminho difícil, mas não mediremos esforços – comentou o vice-presidente do Conselho Deliberativo Gelson Dalla Costa.

Peneira na base

As categorias de base também terão um papel importante na retomada da Chape. No elenco do time sub-20, que chegou às finais do Campeonato Catarinense e da Copa Ipiranga, muitos dos jogadores já treinaram no grupo profissional e são vistos com bons olhos. Um deles, o atacante Lourency, é a principal aposta de sucesso. Por conta da tragédia, a equipe teve sua participação na Copa Ipiranga – que está sendo disputada em Porto Alegre – cancelada.

– O time todo era humilde, nunca tinha visto isso. E a gente espera continuar dessa maneira. Nós que vamos reerguer nosso clube, muitos desses jogadores do sub-20 têm condições de ser profissional. Vamos voltar a ser a Chapecoense que chamou a atenção do Brasil – afirmou o goleiro Douglas, da equipe sub-20.

Querida agora em todo mundo, a Chapecoense também deverá receber ao longo das próximas semanas ofertas de ajuda do exterior. A fortíssima ligação criada com o Atlético Nacional, da Colômbia, também pode impulsionar o clube de Chapecó, com a chegada de reforços colombianos. Assim como o carinho de gigantes europeus, como Barcelona e Real Madrid, que cogitam dar suporte financeiro. A Fifa, que enviou uma comitiva para o velório coletivo de sábado, também pode entrar de alguma forma no processo de reconstrução do futebol da Chape.

– Toda ajuda será muito bem-vinda neste momento. Estamos abertos para conversar. O que mais queremos é não deixar o futebol da Chapecoense acabar – disse Gelson Dalla Costa.

Fonte: Globo.com

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