Pela quinta vez seguida, o vôlei de praia masculino do Brasil vai marcar presença na final olímpica. Decidindo o ouro desde os Jogos de Sydney, em 2000, o país será representado no Rio por Alison e Bruno Schmidt. O primeiro, prata em Londres há quatro anos, vai para sua segunda decisão. Já Bruno fará sua estreia na disputa pelo ouro. A pressão pelo título em casa existe. Mas a ordem entre a dupla diante dos italianos Nicolai e Lupo é uma só: se divertir.
Alison e Bruno se prepararam para esse momento. O Mamute tenta conquista a medalha dourada que escapou na última Olimpíada. Já o Mágico respondeu as críticas de que era baixinho (1,85m) para o esporte com o título de melhor do mundo no ano passado em eleição realizada pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB). Agora ambos querem mais, embalados pela força mental da dupla e pela superação.
– Não é fácil entrar com essa obrigação de ganhar medalha. A gente reverte essa pressão na forma de jogar, de se divertir. Como consequência, estamos na final olímpica. Não tem o que conversar com Bruno antes da final. Vou pedir apenas para ele se divertir, assim como eu vou fazer. É uma decisão, já garantimos a prata. Agora é estudar o adversário – avisou Alison.
Os brasileiros precisaram se concentrar muito para passar pela semifinal. Depois de abrirem 1 a 0, chegaram a fazer 20 a 17 no segundo set e desperdiçaram quatro match points. O que poderia abalar, fortaleceu, fruto de um longo trabalho psicológico. No tie-brake, vitória por 16 a 14 sobre os holandeses Brouwer e Meeuwsen, 2 sets a 1 no placar e vaga garantida. Emocionado, Alison se jogou na areia e chorou.
– Quando me joguei na areia passou um filme na minha cabeça. Quando conheci o voleibol com 11 anos de idade, minha mãe me matriculou numa escolinha, e eu não queria. Como realmente superei dificuldades para estar aqui. Tinha que ser dessa forma, tinha que ser 2 a 1, tinha que ser sofrido, porque os grande times saem de grandes batalhas fortalecidos. Começamos com poucos pessoas acreditando na gente: “Ah, o Alison veio de uma derrota em final olímpica”. “Ah, o Bruno é um baixinho”. Eu realmente extravasei porque muitas pessoas me ajudaram para estar aqui e sou grato por isso. Estamos mostrando pro mundo o trabalho bem feito que viemos fazendo. Isso se chama superação. Nosso mental é muito forte. Qualquer time que tomasse aquela virada no segundo set teria se abalado e perdido o tie-break. Mas a gente vem trabalhando há cinco ou seis anos com uma psicóloga – frisou o Mamute.
Segundo Bruno, é hora de seguir controlando as emoções para conquistar o ouro.
– Esse tipo de torneio chega determinado momento em que o jogo fica muito mental, você precisa controlar as emoções, você joga de uma forma que não é seu normal. Eles cresceram forçando o saque. Mas eu sabia que mesmo eles começando na frente no terceiro set, se eu fizesse o Alison e o colocasse para jogar seu máximo, a gente venceria. Meu parceiro tem o melhor bloqueio do mundo e eu precisava usar isso.
Alison e Bruno Schmidt vão disputar a final na madrugada de quinta para sexta-feira, a partir da meia-noite, contra os italianos Nicolai e Lupo. Na semifinal, os rivais derrotaram os russos Barsuk e Liamin por 2 sets a 1, parciais de 15/21, 21/16 e 15/13.
Fonte: Globoesporte.com