O sétimo título brasileiro, confirmado na Arena Corinthians na noite desta quarta, faz do clube paulista o maior vencedor da década no Brasil. Nenhum clube ganhou mais que o Timão, vencedor de absolutamente tudo desde 2009, e este ano lembrou bastante 2011: um primeiro turno fantástico, uma queda técnica no segundo turno e uma arrancada que levou a um título pouco ameaçado durante o ano.

Quarta força? Retranqueiro? Pragmático? Objetivo? Duro de ser batido? São vários os adjetivos que a equipe planejada por Fabio Carile ganhou ao longo do ano. Mas se tem algo que pode explicar mais um título do alvinegro é a capacidade de manter, apostar e blindar uma ideia de futebol ao longo do ano, mesmo com tantas dificuldades – um início ruim, eliminações, queda técnica e tudo o mais.

Essa manutenção não é novidade no Corinthians. Mano Menezes chegou em 2007 e trouxe o conceito da linha de 4, tão presente nesse título. Carile chegou ao clube em 2009 como auxiliar. De lá para cá, o Corinthians demitiu apenas 3 técnicos e cedeu 2 para a Seleção. A excelência está muito mais no trabalho em campo, com uma filosofia de respeito, participação dos auxiliares e trabalhos específicos, que montanhas de dinheiro e uma gestão profissional.

Aliás, se tem algo que o Corinthians provou, é que o trabalho em campo e a continuidade de uma ideia de jogo ao longo do ano rende frutos mesmo com elencos tecnicamente inferiores. Pense no velho ditado “água mole, pedra dura. Tanto bate até que fura”. Definir uma ideia de jogo, fechar um grupo (dando espaço para possíveis acréscimos) e insistir numa forma de jogo é bater a água na pedra, é moldar comportamentos para que eles saiam da forma mais natural possível. Vejamos a linha de 4, por exemplo. Olha como ela já estava montada no Paulistão.

No Brasileiro, Fágner e Paulo Roberto foram laterais, Pedro Henrique, Balbuena e Pablo zagueiros, Arana o lateral…mas o mais importante não é a capacidade individual do atleta, e sim como ela se relaciona com o conceito. O que fazer com e sem a bola. Como se comportar em todos os momentos. Linha estreita, recuando e avançando com sincronia…tudo treinado, insistido, corrigido e aprimorado desde o dia 13 de janeiro.

Resultado? Um modelo de jogo que alcançou o ápice no 1º turno e que, ao contrário da visão comum, também sabia propor o jogo e trabalhar a bola, mesmo com menos posse que muitos outros adversários. Por ser uma equipe vertical demais, o Corinthians tem agilidade nos passes e nas triangulações, soltando a bola de forma rápida para as infiltrações de Rodriguinho, Maycon, Camacho, Jadson e os laterais, peças importantes na construção das jogadas.

Vale um parágrafo para Jô, artilheiro do Brasileirão com 18 gols. De desacreditado em 2016, o jogador conseguiu se adaptar ao modelo de jogo do Corinthians e ajudar na construção das jogadas, no recuo para a intermediária, prendendo a bola de costas e esperando as infiltrações dos meias e volantes. Se Kazim não conseguiu fazer o mesmo, Jô ajudou o Corinthians de forma muito maior do que apenas gols: foi mais uma peça no coletivo que funcionou como um relógio no ano.

Agora troque os nomes: Jô por Vagner Love ou Liédson. Balbuena por Felipe ou Castán. Fágner por Alessandro. Arana por Uendel…vamos ver que as semelhanças na forma de jogar com 2015, 2012, 2011 e até 2009 são maiores do que pensamos. Essa é a cultura de jogo que o Corinthians prega desde 2007. Quando falamos de cultura de jogo, não é apenas jogar de uma mesma forma por anos. É ter a cultura e reconhecer o que é da cultura e o que não é. Basta ver como Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira foram criticados por não pensarem a defesa com essa linha de 4. Isso não é apenas para o torcedor, que reconhece e sabe quando o time está bem ou não. É para o dirigente, o conselheiro…afinal, eles são fundamentais nas decisões políticas que sustentam ou não o trabalho de um técnico.

Não dá para criticar o nível técnico do Brasileirão, agora que ele está terminando, e colocar a culpa no Corinthians e no futebol “defensivo”. Nenhum outra equipe foi capaz de ser mais organizada que o Timão, mesmo as que têm modelos mais ofensivos. É tudo uma questão de execução de ideias: ao reverter um 2016 ruim se apegando a uma cultura de jogo, ao acreditar no trabalho do auxiliar que entendia essa cultura e ao formar um elenco que foi de quarta força para campeão Paulista e Brasileiro, o Corinthians acreditou no poder da continuidade de uma ideia. E agora só comemora….

Fonte: G1.com

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