Terça-feira, 15 de agosto, 19h15. Este era o horário da luta mais importante da vida de Robson Conceição. Luta na qual ele se tornaria o primeiro campeão olímpico da história do boxe brasileiro. Mas apesar do horário do combate contra o francês Sofiane Oumiha ser tarde, o dia do baiano de 27 anos começou cedo, muito cedo.

Hospedado com o Time Brasil na Vila Olímpica, Robson já estava de pé antes das 6h da manhã. Tudo porque as pesagens do boxe nos Jogos deste ano precisam ser feitas na manhã do dia na luta. Mas antes de comparecer ao Pavilhão 6 do Riocentro para a pesagem oficial, o brasileiro teve que passar no médico. Precisava tirar os pontos e refazer o curativo do incômodo e profundo corte que sofrera no supercílio esquerdo na luta do último domingo contra o cubano Lázaro Álvarez, pelas semifinais.

Depois do curativo e da pesagem, tomou um café da manhã reforçado, com bastante carboidrato, para ter energia para a luta. Foi descansar. Conhecido por ser um cara família, Robson não teve contato com a esposa, com a mãe e com a filha antes da luta. Nem pessoalmente, nem por mensagem. O foco no ouro era absoluto. A festa com a família viria só depois do objetivo cumprido. Robson, aliás, blindou-se desde que chegou ao Rio de Janeiro para fazer a preparação final com os demais integrantes da seleção brasileira na Escola de Educação Física do Exército, na Urca. Estava há um mês sem usar celulares e sem olhar as redes sociais.

Robson almoçou com os demais integrantes e treinadores da seleção brasileira de boxe e foi para o quarto descansar. Hora de tirar aquela soneca? Que nada. A ansiedade era tanta, que o baiano não conseguiu tirar um cochilo. Aproveitou para orar.

– Tentei dormir um pouco e não consegui. Virava, mexia, fazia oração, pedia a Deus proteção e sabedoria, que ninguém saísse machucado. Nem eu, nem meu adversário. Pedia que fizéssemos uma boa luta e saíssemos ilesos do combate. Só queria dar um grande show para a torcida brasileira que veio me apoiar – disse.

Às 16h30, chegou ao Riocentro. Faltavam exatas três horas para sua consagração. Três horas para controlar a ansiedade. Com calma, fez a bandagem nas mãos com a ajuda de seus treinadores. E pouco depois das 19h15, entrou no Pavilhão 6 do Riocentro, para euforia da torcida, que transformava as arquibancadas em caldeirão. Foi recepcionado aos gritos de “O campeão chegou!”. A confiança da torcida não era por acaso. Ele vinha de três vitórias contundentes nos Jogos. Quinze minutos e três rounds depois, Robson havia feito história. Tornara-se o primeiro medalhista de ouro da história do boxe brasileiro em Jogos Olímpicos.

Na  saída do ringue, retribuiu o carinho da torcida com sinais de coração. Pegou um boneco do mascote “Vinicius”, da Rio 2016, e pulou a placa para, enfim, cair nos braços da família. Beijos na filha Sophia, que completa 2 anos nesta sexta-feira, na esposa Erika, na mãe dona Márcia, e abraços em seus amigos e antigos treinadores. Em seguida, muitas, mas muitas entrevistas. Terá de se acostumar. Agora é um herói olímpico.

Fonte: Globo.com

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