Joachim Löw convocou um grupo formado basicamente por jovens e/ou novatos para esta Copa das Confederações e, antes de a competição começar, havia dito que esperava levar três ou quatro desses com pouca experiência internacional para a Copa do Mundo do ano que vem.
O “time B” classificou-se em primeiro lugar do seu grupo – à frente do Chile -, goleou o México por 4 a 1 na semifinal e vai reencontrar os chilenos na final de domingo. Para muitos, uma surpresa, principalmente para a própria imprensa alemã. Para Löw, também. Podemos esperar, então, que esse número inicialmente previsto aumente?
– Sim, espero que sim (risos) – disse o técnico com muita animação ao responder à pergunta do GloboEsporte.com na coletiva de imprensa após a goleada sobre o México.
De fato a escolha de Löw se mostrou positiva. Poupou as estrelas da seleção – como Özil, Boateng, Müller, Hummels, Neuer (este machucado)… – para dar-lhes descanso e abriu as portas para um grupo de jogadores famintos por mostrar serviço. Dos 21 que ele teve à disposição, só não utilizou o terceiro goleiro, Kevin Trapp, do Paris Saint-Germain.
Alguns nomes já faziam parte das convocações e puderam aumentar seu destaque. É o caso do agora capitão Draxler (PSG), do lateral-direito Kimmich (Bayern de Munique) e do lateral-esquerdo Jonas Hector (Colônia), que já eram titulares do “time A” e estão virtualmente garantidos na Copa. Outros são o zagueiro Mustafi (Arsenal), o volante Rudy (Hoffenheim) e o goleiro Ter Stegen (Barcelona), que devem ser reservas em 2018, mas estão tendo participação importante na Copa das Confederações.
Entre os novatos, o maior destaque fica com um trio que joga de forma ofensiva. Em primeiro lugar, Leon Goretzka, do Schalke 04. O meio-campista de 22 anos, que foi vice-campeão da Olimpíada em 2016, tem sido apontado pela imprensa alemã como melhor jogador da seleção nesta Copa das Confederações. Além da qualidade técnica, é muito inteligente taticamente, tem pé calibrado e é um dos artilheiros do torneio, com três gols. E é um exemplo de como esses jovens têm personalidade.
– Ainda falta um jogo, as chances de título são boas, podemos conseguir. Estou muito feliz em enfrentar o Chile de novo. No primeiro jogo (1 a 1) sentimos que o empate não foi o suficiente para nós. Agora poderemos jogar contra eles de novo, estamos aqui pra isso – disse o camisa 8.
Quem divide essa artilharia com Goretzka é Timo Werner, do RB Leipzig. O atacante de 21 anos teve boas atuações e mostrou “instinto matador”, segundo Löw. E trata-se de uma posição onde claramente há espaço no “time A”, uma vez que nomes como Miroslav Klose e Lukas Podolski se aposentaram (do futebol e da seleção, respectivamente), e a disputa por um posto de titular seria com o veterano Mario Gómez, de 31 anos, que nunca foi unanimidade na Alemanha.
Mais um destaque é Lars Stindl, que não é jovem, mas é novato. O meia-atacante do Borussia Mönchengladbach está com 28 anos e soube aproveitar a chance dada por Löw. É o vice-artilheiro do torneio com dois gols, empatado com Cristiano Ronaldo, e atuou bem tanto como meio-campista quanto como falso 9.
Vale citar ainda o zagueiro Niklas Süle, de 21 anos (Hoffenheim) e o defensor Benjamin Henrichs, de 20 anos (Bayer Leverkusen), que deixaram boa impressão.
Mas também houve decepções até aqui. A maior delas é Sandro Wagner, o mais experiente do time. O atacante de 29 anos do Hoffenheim foi titular no primeiro jogo e teve péssima atuação, desperdiçando chances claras de gol. Não entrou mais em campo e, do banco de reservas, viu o concorrente Timo Werner brilhar.
Outro que não está correspondendo é Julian Brandt, do Bayer Leverkusen. O meia-atacante de 21 anos, que foi companheiro de Goretzka no Rio, deu sinais de nervosismo em campo e deixou má impressão. No entanto, como é muito jovem, pode voltar a ter chances.
Bernd Leno, goleiro de 25 anos do Leverkusen, falhou quando teve oportunidade e também sai devendo.
De forma geral, independentemente do resultado da final, a Alemanha sai vitoriosa da Copa das Confederações. Joachim Löw conseguiu o que queria: preparar uma nova geração para os próximos anos. E ainda ouviremos falar muito sobre alguns desses nomes.
– Acho que eles foram muito consistentes nos treinos e colocaram isso em prática. Formaram um time, lutaram uns pelos outros. Eles estão muito felizes por jogar a Copa das Confederações defendendo a seleção. Foram ambiciosos o suficiente e querem muito o título – disse Löw.
– É uma experiência internacional, agora nós temos jogadores muito bons, eles ainda têm que ganhar mais experiência em competições assim. São muitos talentos, tão jovens, um time inexperiente, mas eles se saíram muito bem. Estou muito satisfeito – analisou Oliver Bierhoff, ex-atacante e atual diretor da seleção.
Alemanha e Chile se enfrentam às 15h (de Brasília) de domingo, na Arena Zenit, em São Petersburgo.