Muito mais do que o simples direito de disputar as oitavas de final. À espera da decisão do Tribunal de Apelações da Conmebol sobre sua participação na Libertadores, a Chapecoense coloca em jogo também ganho financeiro, valorização da marca e a possibilidade de estabelecer uma marca histórica em Santa Catarina. Com a vitória emocionante por 2 a 1 sobre o Zulia, na noite de terça, na Arena Condá, o clube aguarda o julgamento do recurso contra a punição pela escalação irregular de Luiz Otávio contra o Lanús para saber se segue na competição.

Caso tenha os pontos devolvidos, o Verdão pula para segunda colocação e avança juntamente com os argentinos no Grupo 7, eliminando o Nacional, do Uruguai. De imediato, há um impacto no caixa do clube. A vaga entre os 16 melhores da Libertadores vale premiação de US$ 750 mil (R$ 2.450 milhões), mais do que o dobro do que ganharia com a participação na Copa Sul-Americana. Pelo terceiro lugar, a Chape entra na eliminatória com 32 clubes, com bônus de US$ 300 mil (R$ 980 mil).

O prejuízo financeiro também envolve a renda das partidas. Nas competições da Conmebol, os mandantes ficam com o valor integral da bilheteria e a diferença do montante da partida contra o Zulia, já impactada pela eliminação no tribunal, em relação aos outros jogos internacionais na temporada é evidente. Diante dos venezuelanos, a Chape arrecadou somente R$ 94.500, contra R$ 339.450 ao receber o Lanús e R$ 345.430 no jogo com o Nacional. Se levado em conta o caráter decisivo das oitavas, a comparação pode incluir ainda a final da Recopa, quando engrossou o caixa em R$ 547.330 diante do Atlético Nacional.

Se somarmos o bônus com a expectativa de renda, o valor se aproxima dos R$ 3 milhões, maior do que o que é pago mensalmente pela loja de departamentos que patrocina o clube e exibe sua marca nos ombros dos uniformes. A conta, entretanto, vai além de valores exatos, como expressou o diretor executivo Rui Costa:

 – O prejuízo real é imensurável.

A declaração faz sentido se levarmos em conta cotas de televisão e, principalmente, exposição e valorização da marca em duelos contra os principais times do continente. Sem patrocínio nas costas, a Chape, por exemplo, perde poder de negociação para um acordo pontual para as partidas decisivas. Além disso tudo, o Verdão fica atrás em uma disputa regional: não supera o Criciúma como melhor catarinense na história da Libertadores.

Campeão da Copa do Brasil de 1991, o Tigre classificou-se em primeiro em grupo com o São Paulo e os bolivianos do Bolívar e San José, despachou o Sporting Cristal nas oitavas de final, mas caiu para ao cruzar novamente nas quartas de final com o Tricolor Paulista, que acabaria campeão. A indefinição sobre o futuro na competição, por sua vez, não abala a sensação de dever cumprido no clube, como definiu o treinador Vagner Mancini:

– O sentimento é de que a Chape fez a parte dela dentro de campo. Agora, temos pessoas competentes que vão buscar os nossos direitos. Tenho certeza que todos saímos de cabeça erguida por termos feito uma grande Libertadores.

A Chapecoense tem até a próxima terça-feira para protocolar o pedido e apresentar sua defesa no Tribunal de Apelações da Conmebol, que conta com membros diferentes dos que julgaram o caso em primeira instância. Não há, porém, prazo para que a decisão final seja divulgada. Sabe-se que acontecerá antes do dia 7 de junho, data dos sorteios das oitavas de final da Libertadores e da eliminatória com 32 clubes na Copa Sul-Americana.

Fonte: Globoesporte.com

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