Não basta vencer por dois gols de diferença, mas também fazê-lo no Juventus Stadium, palco onde o seu dono possui números impressionantes. A tarefa do Monaco é espinhosa, talvez quase impossível, mas há mais 90 minutos pela frente numa Liga dos Campeões que nos ensinou a não duvidar. Os monegascos visitam nesta terça-feira a Juventus de Buffon, um time que tem uma invencibilidade caseira de 51 jogos – e não perde pelo placar que levaria a semifinal para a prorrogação há 110 partidas. Resta se apegar a fé.
Os números, de fato, mostram uma equipe praticamente imbatível como mandante. A última derrota da Juve, contabilizando todas as competições, aconteceu no dia 23 de agosto de 2015, na abertura do Italiano daquela temporada, para a Udinese (1 a 0). Nenhum clube das grandes ligas europeias está invicto há tanto tempo.
Será necessário voltar a 10 de abril de 2013 para chegar à última derrota por dois gols de diferença – 2 a 0 para o Bayern de Munique, pelas quartas de final. De lá para cá, o aproveitamento é de 88,48%, com 92 vitórias e 16 empates em 110 jogos.
As estatísticas estão a favor da Velha Senhora, que já não sofre gols há 621 minutos pela Champions – Buffon segue invicto no mata-mata, tendo enfrentado também Porto e Barcelona. Além disso, nunca foi eliminada por equipes francesas, com 11 triunfos em 11 confrontos, dois deles contra o Monaco (semifinais em 1998 e quartas de final há dois anos), nem nunca saiu da competição após ter vencido fora de casa na ida.
Desde a última derrota por dois de diferença…
- 242 gols marcados (2,2 por jogo)
- 58 gols sofridos (0,53 por jogo)
- Saldo: 184
Na luta pela tríplice coroa – a Juve está a dois pontos do hexa italiano e classificada para a final da Copa da Itália -, o técnico Massimiliano Allegri poupou seis titulares no clássico de Turim no último sábado, que terminou empatado em 1 a 1.
Não começaram, por exemplo, os brasileiros Daniel Alves e Alex Sandro, destaques na vitória sobre o Monaco. Desta forma, o italiano contará com todos os principais jogadores, incluindo o volante Khedira, desfalque na ida por suspensão. O seu discurso, porém, foi de cautela:
– O Monaco não tem nada a perder. Pode jogar com liberdade e criar problemas, pois tem jogadores com grande talento, especialmente no ataque. Temos de jogar com agressividade e tentar ganhar – disse Allegri.
No Monaco, a dupla de ataque, formada pelo colombiano Falcao García e o francês Kylian Mbappé, concentra mais uma vez as esperanças. Falcao voltou a rugir neste ano após duas temporadas na Inglaterra em que não fez sucesso e ajudou bastante sua equipe na campanha do Campeonato Francês – o time de Leonardo Jardim lidera e pode quebrar a hegemonia do Paris Saint-Germain no próximo domingo.
Com 28 gols nesta temporada (em 39 jogos), “El Tigre” quer voltar a ser protagonista na Europa, como já foi no Porto e no Atlético de Madrid. Ele terá ao seu lado Mbappé, a sensação do futebol europeu no momento, com 24 gols (em 40 jogos), na tarefa de conquistar a improvável virada.
– Na partida de ida, aprendemos uma lição de profissionalismo. Quando você vê (o croata) Mandzukic, com seu currículo, correr assim, como meia esquerda… Quando você vê como gritam nas cobranças de falta para o bem do time… Esse jogo foi uma aula. Será muito difícil, temos poucas chances de avançar, mas nunca se sabe. Se marcamos rapidamente e os fatores do jogo nos forem favoráveis, como uma expulsão, temos chances – avaliou o atacante Germain.
O técnico português Leonardo Jardim também passar certo otimismo, garantindo que a vitória por 3 a 0 fora de casa contra o Nancy, que deixou o Monaco muito próximo do título da Ligue 1, é possível.
– Temos de atacar sem pensar em aspectos negativos. Na ida tivemos o mesmo número de finalizações a gol que a Juve, mas eles foram mais eficazes. Obviamente que são mais experientes, mas só perdemos porque não conseguimos aproveitar as oportunidades que criamos.