A rodada das quartas de final da Liga dos Campeões colocará frente a frente nesta quarta-feira, em Munique, Carlo Ancelotti e Zidane, técnicos de Bayern de Munique e Real Madrid, respetivamente. Em comum entre eles, alguns anos de trabalho em conjunto e dois títulos da Champions pelo time galáctico como comandantes. O italiano levou a famosa La Decima na temporada 2013/14, enquanto o francês levantou a taça em 2015/16.
A relação próxima entre Ancelotti e Zidane começou em 1999 no Juventus. O francês era um dos astros da equipe no ano em que o técnico italiano assumiu o comando. Trabalharam juntos em Turim até 2001, quando Zizou acertou sua transferência para o Real Madrid e formou parte de uma geração de craques galácticos na Espanha ao lado de Beckham, Figo, Ronaldo, Roberto Carlos, entre outros.
Zidane jogou no Real Madrid até 2006, ano em que encerrou a carreira como jogador. Em 2013, voltou a encontrar Carlo Ancelotti. O italiano assumiu o comando do time espanhol, e o francês virou auxiliar. Pouco depois, Zizou deu um importante passo para ganhar ainda mais experiência na busca pela carreira de treinador: assumiu o Real Madrid Castilla, time B do clube.
– Ele já é um grande treinador. Eu sempre disse que ele tem o que é preciso para ser um bom técnico. Era meu assistente (no Real Madrid), e conseguiu assumir o Castilla. Sua experiência como jogador é muito útil para ajudá-lo na função de treinador. Zidane sempre busca se atualizar. É carismático, tem o respeito dos jogadores e isso é muito importante – disse Carlo Ancelotti em entrevista ao site oficial da Uefa.
Carlo Ancelotti foi demitido do Real Madrid no fim da temporada 2014/15 por não ter conquistado título na ocasião. A demissão não caiu bem no elenco merengue, que tinha boa relação com o treinador. Nem mesmo a Champions League de 2013/14 foi suficiente para o italiano ter chance de seguir no comando do time galáctico. O que poucos esperavam, talvez até Zidane, é que a saída do italiano abriu espaço para chegada do francês ao cargo meses depois. O presidente Florentino Pérez escolheu Rafa Benítez para comandar o time após a era Ancelotti.
No comando do Real Madrid, Benítez acumulou tropeços, brigas com jogadores e muita pressão por parte de torcida e imprensa. Caiu em janeiro de 2016, em um ambiente que parecia sem comando, sem solução. Foi então que Florentino Pérez surpreendeu a todos e escolheu Zidane para comandar o time principal. O grande questionamento na Espanha era se Zizou tinha experiência suficiente para assumir o cargo. No fim da temporada, o título da Champions League foi determinante para provar que ele estava preparado para o cargo.
O volante brasileiro Lucas Silva, que pertence ao Real Madrid e está emprestado ao Cruzeiro, trabalhou com Ancelotti e Zidane no clube espanhol. Ele revela que o técnico italiano, que estava no comando da equipe na sua chegada em janeiro de 2015, foi muito importante para a sequência da carreira. Com dicas, paciência e muitos ensinamentos.
– Cheguei com o Ancelotti no Real Madrid, foi o treinador que me deu muita moral, que me cobrou muito e me ajudou muito também a entender mais rápido a dinâmica do futebol europeu. Me deu as primeiras oportunidades e passou muita confiança. É um treinador que tem um carinho muito grande da torcida e dos jogadores do Real Madrid porque conquistou uma Champions League. Tenho um carinho especial por tudo o que fez comigo – afirmou Lucas Silva.
De acordo com Lucas Silva, o processo que Zidane passou no Real Madrid foi fundamental para seu sucesso no time principal. Com o francês, o jogador não teve oportunidades de jogar. Ele foi emprestado ao Olympique na temporada 2015/16, teria um novo empréstimo, desta vez para o Sporting, quando o clube português informou que havia encontrado problemas cardíacos em seus exames. Lucas retornou para Madri, onde fez todos os exames e ficou meses trabalhando sob observação. Na sequência, apesar de acertar com o Cruzeiro, disse que recebeu de Zizou a promessa de que trabalharão juntos no futuro:
– A passagem do Zidane pela equipe B fez muito bem, porque entendeu melhor ainda a metodologia de trabalho na questão da parte técnica como treinador. E logo depois quando teve oportunidade no profissional estava mais preparado. Se adaptou muito bem e vem fazendo um grande trabalho. Tem o carinho dos jogadores. Ele é jovem, mas já conquistou a Champions. Fez história como jogador e treinador, tem a vantagem de ter sido ex-jogador que dispensa comentários. Sabe como o jogador gosta de ser tratado, tem o grupo na mão. Conversou comigo, mesmo sem poder jogar. Me incentivava bastante, e quando eu disse que queria sair por empréstimo recebi total apoio. Ele disse que estaria de olho, e que esperava trabalhar comigo em outra oportunidade no Real.
Fonte: G1.com