Quase 20 milhões de doses de vacina contra a Covid já foram aplicadas no Ceará, até a última segunda-feira (9), segundo o Vacinômetro da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). Nos registros nacionais, porém, constam pouco mais de 17 milhões de aplicações no Estado. A responsabilidade do envio dos dados é das equipes de imunização dos municípios.
Na prática, 2,9 milhões de doses aplicadas em cearenses ainda não chegaram à base da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), que é a utilizada pelo Ministério da Saúde para emissão do passaporte de vacinação na plataforma Conecte SUS.
Uma das consequências é a queixa frequente entre cearenses de que o imunizante já tomado não aparece no passaporte vacinal.
Esse é o caso de Rousianne Silva, que mora em Quixadá. Mesmo com as três doses tomadas, nenhuma das suas aplicações consta no Conecte SUS, o que impede a emissão do certificado digital de vacinação.
“Levo o cartão físico para todo lugar, mas tenho medo de perder ou danificar. Evito sair para evitar transtornos. Eu e várias pessoas solicitamos esclarecimentos, mas acho que cansaram de tanto pedir e não ter retorno”, lamenta.
Em Caucaia, o professor Leonel Santos só se deparou com o problema quando tentou participar de um evento que cobrava a terceira dose. Ao buscar o registro no sistema automatizado, contudo, não havia essa informação. Acabou “perdendo a viagem”.
“E faz tempo, porque como sou professor, fui um dos primeiros a tomar a primeira dose e, consequentemente, a segunda e a terceira”, lembra, relatando que pretende procurar a secretaria municipal de saúde para resolver a pendência.
Prazo para regularização
O Ministério da Saúde (MS) reconhece que “há diferentes cenários nas salas de vacina quanto à informatização e conectividade” e que, por isso, estabeleceu um prazo máximo de 48 horas para que os municípios registrem no sistema nacional as doses aplicadas.
10dias úteis após a aplicação é o prazo para que a dose tomada pelo cidadão apareça no sistema Conecte SUS, segundo o Ministério.
A reportagem entrou em contato com o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems) para entender os fatores que geram essa demora nos registros e o que o cidadão pode fazer, a nível municipal, para resolver o problema. A entidade não tinha representante disponível para entrevista.
Diário do Nordeste