Ela já conquistou medalhas de ouro na Olimpíada Brasileira de Informática (2013) e bronze na Olimpíada Ibero-americana de Informática e Computação (2015). No entanto, a realização mais recente de Beatriz Cunha, de 18 anos, supera todas essas condecorações: em setembro, a garota iniciará seus estudos na Universidade de Stanford.

Natural do Rio Grande do Norte, a jovem irá cursar Ciências da Computação em uma das instituições de ensino superior mais seletivas do mundo. Em 2018, por exemplo, somente 5% dos 42 mil candidatos foram aprovados para a universidade norte-americana, segundo o portal The Stanford Daily.

Das oportunidades que terei na minha área estando lá. Além disso, vou conhecer pessoas de todo o mundo”, avalia a adolescente.

O devotamento de Beatriz aos estudos começa ainda no ensino fundamental, quando matemática já era sua disciplina favorita. “Minha mãe sempre fala que nunca precisou me mandar ir estudar ou fazer o dever de casa. Ela sempre valorizou minhas conquistas e minha dedicação”, destaca.

O esforço da menina chamou a atenção de um professor que incentivou a participação em olimpíadas. Numa das competições, ela foi premiada com um curso de programação computacional. Dali em diante, começava a descobrir um interesse que moveria sua vida.

“Me apaixonei por programação e voltei para casa querendo estudar individualmente. Passei dois anos fazendo cursos online”, relembra Beatriz.

Foi o destaque da estudante nas olimpíadas de informática que atraiu os olhares da Organização Educacional Farias Brito, em Fortaleza. A instituição ofereceu uma bolsa integral para que ela cursasse o ensino médio em uma das unidades da organização.

“Fiquei muito feliz quando eles me chamaram, porque eu já estava pesquisando a respeito e vi que as escolas de Fortaleza têm um alcance muito maior”, aponta a potiguar.

Em 2016, ela se mudou para a capital cearense, onde começou a morar junto com uma colega de sala. É nesse período que a vida de Beatriz ganha um novo sentido.

“Ainda não sabia que faculdade queria. No meio de uma aula, um professor falou sobre o processo de fazer faculdade fora do Brasil. Fiquei encantada. Fiz o ensino médio todo pensando nisso”, recorda.

Ao se candidatar para Stanford, a jovem passou por um rigoroso processo de seleção. “Eles querem um perfil de quem é você, pedem textos sobre sua situação, prêmios, notas de escola, avaliam toda a sua bagagem. As olimpíadas ajudam muito”, descreve Beatriz.

Depois das inúmeras listas de espera, ela conquistou seu objetivo. No próximo dia 15 de setembro, ela viaja para a cidade de Palo Santo, na Califórnia. Entretanto, a nordestina promete não se esquecer do Brasil durante a passagem pelas terras do Tio Sam.

“Acredito que o Brasil tenha potencial para ser referência em ciência e tecnologia. Estou com cada vez mais vontade de voltar para cá para desenvolver pesquisas em inovação tecnológica”, garante.

Quando estiver morando nas proximidades do Vale do Silício, onde estão situadas várias empresas de tecnologia, Beatriz quer se aprofundar nos estudos sobre realidade virtual.

Outro desejo da jovem é que a sua trajetória sobressaia ao ingresso na universidade norte-americana. “Quero que as pessoas olhem para mim não só como ‘a menina que passou em Stanford’, mas como a garota que saiu da sua zona de conforto e estudou programação”, sentencia a potiguar.

E o histórico de Beatriz não permite outra aposta: é bem provável que ela realize com louvor todos os seus objetivos. Neste dia, ela não será apenas a medalhista de ouro em olimpíadas de informática ou “a menina que passou em Stanford”. Mais do que isso, ela terá nas mãos a chance de realizar seu maior sonho: “usar a tecnologia para mudar a vida das pessoas”.

Nordeste Notícia
Fonte: Tribuna do Ceará

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