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Estímulos elétricos foram direcionados para células do tronco cerebral e na medula espinhal(foto: Steve Gschmeissner/SPL/Reprodução)

Nove pessoas com paralisia grave ou completa voltaram a andar após receberem estimulações elétricas em um grupo específico de neurônios. A conquista de pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, em Lausanne, foi divulgada no início deste mês de novembro pela revista Nature.

O estudo foi realizado com nove voluntários, três dos quais tiveram paralisia completa e nenhuma sensação nas pernas. Cinco meses após o início dos testes, eles já podiam suportar seu próprio peso e dar passos, usando um andador para estabilidade.

O estudo é baseado na estimulação elétrica epidural (EES), uma antiga técnica desenvolvida para aliviar dores na coluna. O método consiste em implantar eletrodos sob o músculo e os ossos acima da dura-máter, a membrana mais externa do sistema nervoso. Esses dispositivos disparam correntes elétricas capazes de ativar neurônios da medula espinhal.

Os pesquisadores direcionam essas correntes para o subconjunto de neurônios conhecidos como V2a, que se localizam no tronco cerebral e na medula espinhal. Essas células estão envolvidas em processos importantes da locomoção.

Estimulação desligada

Durante os testes, no entanto, algo chamou a atenção dos pesquisadores: mesmo após o processo de neurorreabilitação e com a estimulação desligada, todos os pacientes continuavam fazendo progresso na função motora. Isso indicou, por sua vez, que as fibras nervosas dos pacientes estavam se reorganizando.

Para comprovar o fenômenos, os pesquisadores iniciaram testes em camundongos com lesões na coluna semelhantes aos dos pacientes e fizeram os mesmos estímulos elétricos na medula espinhal dos animais. Em seguida, com uma técnica chamada optogenética, os cientistas ativaram e desligaram células específicas durante o processo.

Novos estudos com mais voluntários terão início em 2024
Novos estudos com mais voluntários terão início em 2024 (Foto: Nature/Reprodução )

 

Eles descobriram um subgrupo de neurônios que, em ratos saudáveis, não são necessários para a locomoção. Nos lesionados, no entanto, eles foram cruciais para a recuperação da função motora. Essas células são conhecidas como SCVsx2::Hoxa10 que, após ativadas eletricamente, voltam a apresentar mobilidade apesar da lesão medular.

Próximos passos

“Nosso novo estudo, no qual nove pacientes conseguiram recuperar algum grau de função motora graças aos implantes, está nos dando informações importantes sobre o processo de reorganização dos neurônios da medula espinhal. Podemos, agora, tentar manipular esses neurônios para regenerar a medula espinhal”, disse Jocelyne Bloch, neurocirurgia do Hospital Universitário de Lausanne e co-autora do estudo.

A descoberta também pode auxiliar pacientes que tiveram outras funções vitais do corpo comprometidas, como a perda do controle da bexiga, do intestino e da função sexual. O neurocientista Grégoire Courtine, que também está à frente da pesquisa, diz que identificar os nervos responsáveis por essas funções está na lista dos próximos passos do estudo.

Grégoire Courtine também lançou uma empresa start-up chamada ONWARD, com sede na Holanda, para comercializar a tecnologia. A empresa começará a recrutar de 70 a 80 participantes nos Estados Unidos para um novo teste em 2024.

 

 

O Povo

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