A decisão de Marcelo Monteiro, auditor do TJD-SP (Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo), de arquivar o inquérito que investiga uma interferência externa na arbitragem da decisão do Campeonato Paulista não foi considerada pelo Palmeiras o fim da tentativa de provar uma influência ilegal na vitória do Corinthians por 1 a 0, no Allianz Parque, em 8 de abril. Nesta quarta-feira, o clube pretende solicitar a anulação do jogo.
Após Marcelo Monteiro anunciar nessa segunda-feira que arquivará o caso, a Procuradoria do TJD pode faz
er a denúncia da interferência externa, uma possibilidade que, segundo envolvidos no processo, é remota. Mas o Palmeiras, como parte legal do processo, pode entrar com pedido de impugnação da partida até quarta-feira. E exercerá seu direito recorrendo com provas que considera irrefutáveis de irregularidade na condução da arbitragem ao desistir da marcação do pênalti de Ralf sobre Dudu, no segundo tempo da decisão.
O Verdão tem como principal trunfo o material da Kroll, empresa especializada em investigação que o clube contratou. O LANCE! teve acesso à parte do relatório da Kroll que apresenta imagens de Marcio Verri Brandão, membro da comissão de arbitragem da FPF (Federação Paulista de Futebol), usando celular à beira do campo e em dois outros momentos diferentes no jogo. A prática é irregular. Esses documentos serão encaminhados para o TJD nesta quarta-feira.
O Palmeiras diz que enviou à Kroll e ao TJD exatamente as mesmas imagens, que fazem parte do material bruto da transmissão feita pela TV Palmeiras, canal do clube no YouTube, e se surpreendeu ao ver que o auditor Marcelo Monteiro e sua equipe não enxergaram o celular na mão de Verri à beira do campo. Questionado sobre o caso, o auditor disse que “nos autos nada existe nesse sentido”.
A Kroll, empresa de investigação contratada pelo Palmeiras para tentar provar a suposta interferência externa na decisão do árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza em anular o pênalti que havia concedido durante o 2º tempo da final do Campeonato Paulista, revelou nesta segunda-feira que um membro da comissão da arbitragem da FPF (Federação Paulista de Futebol) utilizou um celular à beira do gramado, o que infringe o regulamento do Estadual.
A imagem pode ser vista em relatório que foi publicado primeiramente pelo portal UOL e obtido também pela ESPN.
O documento tem três fotos anexadas: todas mostram Márcio Verri Brandão, membro da Comissão Estadual de Arbitragem da FPF, utilizando um celular em momentos diferentes da decisão do campeonato, vencido nos pênaltis pelo Corinthians.
Em duas delas, ele está dentro do vestiário do Allianz Parque, e em uma ele aparece à beira do gramado, o que é proibido pelo regulamento.
Isso vai contra o depoimento do diretor de arbitragem da Federação Paulista, Dionísio Roberto Domingos, que salientou que ninguém da arbitragem usou celulares no dia da final, ressaltando que a prática não é permitida.
O documento da Kroll ainda aponta que o celular teria sido usado nos momentos decisivos da marcação e depois anulação do pênalti. A foto em que Dudu está com a bola na marca do pênalti, por exemplo, mostra Brandão à beira do campo com o aparelho às 17h31’47”, cinco segundos depois da TV Globo, responsável pela transmissão da partida, mostrar o replay do lance.
Depois, segundo os investigadores, o comentarista de arbitragem da emissora, o ex-árbitro Paulo César de Oliveira, opina dizendo que Ralf não havia feito pênalti em Dudu, às 17h31’47”, quando Verri está próximo a Dionísio Roberto Domingos no gramado do estádio.
Depois, Dionísio caminha na direção de um dos auxiliares e faz contato visual às 17h32’14”. Tudo isso também está em um vídeo que o Palmeiras publicou no dia seguinte da partida, reforçando sua tese de que houve interferência externa.
Nesta segunda-feira, aliás, porém, a 3ª Comissão Disciplinar do TJD-SP (Tribunal de Justiça Desportiva do Estado de São Paulo) optou por arquivar o caso.
Durante a leitura de seu relatório, o procurador Marcelo Monteiro não citou o material reunido pela Kroll. Ele disse que isso não havia sido entregue e não constava nos autos do processo.
“Nos últimos dias, ouvi comentários sobre a contratação de uma empresa de investigação. No entanto, nos autos, nada existe nesse sentido (de uso de celular”, salientou.
“Sequer houve pedido de juntada de prova com base na produção de empresa de caráter privado. Desconhecemos nos autos qualquer prova nesse sentido”, complementou.