Nesta terça-feira, o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, chega a Luque, no Paraguai, para se juntar a outros 13 representantes de clubes brasileiros que vão presenciar o sorteio da Copa Libertadores e da Sul-Americana de 2018.

O Rubro-Negro prepara a defesa inicial para apresentar ao Tribunal de Disciplina da Conmebol. O julgamento preocupa o departamento jurídico do clube. Multa e possível restrição de mando de campo – de portões fechados a transferência de sede de partida – são penas possíveis contra o Flamengo, pela série de incidentes da final da Sul-Americana, na última quarta-feira.

A exclusão da competição, no caso a Libertadores de 2018, que é prevista entre as sanções do regulamento da entidade máxima do futebol sul-americano, é considerada improvável.

O GloboEsporte.com foi até a sede da Conmebol, ouviu funcionários e dirigentes e buscou respostas para as principais perguntas do processo disciplinar que o Flamengo – e também o Independiente, da Argentina – vai passar nos próximos dias, no tribunal da Conmebol. Entre os relatos, um artefato que explodiu próximo ao presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, acompanhado da diretora jurídica. Confira abaixo mais informações.

Pelo que o Flamengo será julgado?

Serão duas denúncias contra o Rubro-Negro. A primeira delas será pelos incidentes no hotel em que estava o Independiente, na véspera da final, no Rio. O clube argentino protocolou reclamação junto à Conmebol, relatando atos de vandalismo de torcedores do Flamengo.

A outra se refere aos incidentes antes, durante e depois da decisão no Maracanã. O material jornalístico e até produzido de redes sociais serve como provas e entram no processo. Além de vídeos e fotos da confusão dentro e fora do estádio, a Conmebol conta até mesmo com o relato de seu presidente, Alejandro Domínguez, que por pouco não foi atingido por um artefato caseiro. Um explosivo foi detonado próximo ao dirigente e à diretora jurídica da entidade, quando eles se dirigiam ao campo para entregar a taça ao clube argentino.

  

Flamengo confusão hotel Independiente (Foto: Reprodução)
Flamengo confusão hotel Independiente

O Independiente também será julgado?

Sim. O clube de Avellaneda vai a julgamento também por dois motivos: primeiro pelo episódio de racismo de alguns torcedores do clube no jogo de ida da final da Copa Sul-Americana. Na ocasião, fãs do “Rojo” foram flagrados fazendo gestos imitando macacos em direção a rubro-negros.

A outra denúncia é em relação ao tratamento dado aos visitantes no estádio do Independiente, o Libertadores de América. Atletas do Flamengo tiveram de passar próximo a torcedores rivais para irem ao vestiário, já que um corredor que dava acesso ao local estava bloqueado. Também há denúncias de maus-tratos e arremessos de objetos a torcedores do Flamengo.

Quais próximos passos até o julgamento?

Não há prazo determinado para o caso ser apreciado e julgado. Os clubes já foram comunicados da abertura do processo e, nesta terça-feira, devem ser informados em quais artigos do Regulamento Disciplinar da Conmebol foram enquadrados. A partir de então, o Tribunal Disciplinar passa a analisar os autos – a defesa inicial do Flamengo será entregue até quinta-feira – e as respectivas defesas. Como o caso é grave, o Flamengo deve pedir para fazer uma apresentação presencial na sede da Conmebol, em Luque, no Paraguai, o que pode adiar o julgamento.

Um dos casos mais polêmicos analisados pela entidade sul-americana neste ano, o da briga entre jogadores de Palmeiras e Peñarol, no Uruguai, demorou três semanas para ter um veredicto.

Que artigos os clubes podem ser enquadrados?

Pelos gestos racistas de alguns torcedores, o Independiente será julgado pelo artigo 12 do Regulamento Disciplinar da Conmebol que fala em “discriminação e comportamentos similares”. A previsão de multa é a partir de US$ 3 mil.

A depender do julgamento, há previsão de sanções mais danosas ao clube denunciado. Vai de uma ou mais partidas de portas fechadas, proibição de jogar em determinado estádio e até a conversão da vitória e desclassificação da competição.

O caso do Flamengo deve ser enquadrado no artigo 11, de “outras infrações”. O texto fala em “supostos comportamentos incorretos ou inapropriados de seus torcedores” e cita invasão ou tentativa de invasão do campo de jogo; lançamento de objetos; sinalizadores, fogos artificiais e outros objetos pirotécnicos; causas danos; qualquer casos de falta de ordem ou disciplina que se possa cometer num estádio ou “nas cercanias” antes, durante e após o jogo.

Quem são os julgadores?

Há cinco indicados no Tribunal de Disciplina da Conmebol. São eles: Ricardo Gil Lavedra, da Argentina. Eduardo Gross Brown, do Paraguai. Caio Rocha, do Brasil. Amarilis Belisario, da Venezuela. Juan Aldunate, do Chile. Como o caso envolve clubes brasileiros e argentinos, Ricardo Lavedra e Caio Rocha ficam impedidos no julgamento. É provável que o paraguaio Eduardo Gross Brown seja o relator e julgador das denúncias.

Há risco de exclusão da Libertadores? Quais possíveis sanções?

A exclusão é possível e está prevista no Regulamento Disciplinar da Conmebol entre as medidas a serem aplicadas. Mas é vista como muito radical e improvável por dirigentes da Conmebol. Uma das fontes ouvidas prevê uma punição a mais além de possível multa aplicada.

No caso específico do Flamengo, pode ser o impedimento de uso do Maracanã ou mesmo a realização de partidas do Flamengo com portões fechados na Libertadores. O fato de, apesar de toda a confusão, a partida ter ocorrido sem problemas – e, inclusive, com a comemoração do título pelo Independiente no gramado – é atenuante da pena do Rubro-Negro.

O artigo 22 do regulamento prevê as seguintes sanções: advertência; multa de US$ 100 a US$ 400 mil; anulação da partida; repetição da partida; perda de pontos; portões fechados; proibição de jogar partida em estádio determinado; obrigação de jogar fora do país; desclassificação de competições em curso e/ou exclusão de futuras competições; retirada de títulos e prêmios e até retirada de licença.

Quais foram as punições recentes na Conmebol?

O site da Conmebol aponta 24 casos de clubes julgados pelo Tribunal de Disciplina da Conmebol, na Libertadores e Sul-Americana. A maior punição pecuniária foi de US$ 150 mil ao Peñarol e um jogo de portões fechados.

Abaixo, todos os clubes punidos e cada pena imposta:

1 – Nacional (URU), multa de US$ 10 mil – por incidentes contra o Botafogo.

2 – Jorge Wilsterman (BOL), multa de US$ 10 mil – por incidentes contra o River Plate.

3 – River Plate (ARG), multa de US$ 20 mil – por incidentes contra o Jorge Wilsterman.

4 – San Lorenzo (ARG), multa de US$ 5 mil – por incidentes contra o Lanús.

5 – Grêmio (BRA), multa de US$ 3 mil – por incidentes contra o Botafogo.

6 – Junior Barranquilla (COL), multa de US$ 8 mil – por incidentes contra o Flamengo.

7 – Tucumán (ARG), multa de US$ 150 mil – por incidentes contra o Nacional (EQU).

8 – Guaraní (PAR), advertência – por incidentes contra o River Plate.

9 – River Plate (ARG), multa de US$ 5 mil – por incidentes contra o o Guaraní (PAR).

10 – Atlético-PR (BRA), multa de US$ 3 mil – por incidentes contra o Santos (BRA).

11 – Jorge Wilsterman (BOL), multa de US$ 8 mil – por incidentes contra o Atlético-MG (BRA).

12 – The Strongest (BOL), multa de US$ 5 mil – por incidentes contra o Lanús (ARG).

13 – Santos (BRA), multa de US$ 5 mil – por incidentes contra o Atlético-PR (BRA).

14 – Olimpia (PAR), multa de US$ 5 mil – por incidentes contra o Nacional (URU).

15 – Potosí (BOL), multa de US$ 5 mil – por incidentes contra o Estudiantes (ARG).

16 – Petrolero (BOL), multa de US$ 2,5 mil – por incidentes contra o Tucumán (ARG).

17 – Cerro Porteño (PAR), advertência – por incidentes contra o Boston River (URU).

18 – Independiente (ARG), multa de US$ 5 mil – por incidentes contra o Iquique (EQU).

19 – Iquique (EQU), advertência – por incidentes contra o Independiente (ARG).

20 – Tucumán (ARG), multa de US$ 50 mil – por incidentes contra o Petrolero (BOL).

21 – Olimpia (PAR), multa de US$ 8 mil – por incidentes contra o Nacional (URU).

22 – Lanús (ARG), multa de US$ 5 mil – por incidentes contra o The Strongest (BOL).

23 – Independiente (ARG), multa de US$ 8 mil – por incidentes contra o Tucumán (ARG).

24 – Peñarol (URU), multa de US$ 150 mil e um mando de campo – por incidentes contra o Palmeiras (BRA).

Fonte: G1.com

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