Antes de ir à Argentina, onde fará o segundo jogo da final da Libertadores, o Grêmio terá uma parada na cidade de Luque, no Paraguai. Conforme adiantou o presidente Romildo Bolzan Júnior, o clube deve enviar um emissário à sede da Conmebol para discutir meios de a arbitragem manter “lisura” na grande decisão.
O pênalti não marcado em Jael no último lance da vitória por 1 a 0 sobre o Lanús, na noite de quarta-feira, na Arena, indignou os tricolores, ainda mais pelo fato do vídeo não ter sido utilizado. O mandatário abriu suspeição da competição, e Marcelo Grohe chegou a falar em “pena” do rival por parte dos árbitros.
Na zona mista e no auditório da Arena, após o jogo, o desabafo de jogadores, treinador e dirigentes deu o tom das entrevistas mesmo com o triunfo. A indignação nasceu aos 50 minutos do segundo tempo, quando Edílson lançou a bola para a área argentina. Jael se posicionou para tentar o cabeceio, mas sofreu uma entrada forte de Aguirre, que jogou-o no chão. O árbitro Júlio Bascuñan levou o apito à boca, mas nada fez. Aproveitou o momento para encerrar a partida rapidamente, excluindo assim a possibilidade de ser avisado sobre a infração pelo árbitro de vídeo.
Uma polêmica semelhante ocorreu durante o segundo jogo da semifinal entre Lanús e River Plate, no estádio La Fortaleza. Os Millionarios ainda venciam por 2 a 0 quando Scocco tentou passar por Marcone dentro da área, e a bola desviou no braço do volante granate. O juiz nada marcou e abriu mão do vídeo. Na etapa final, os donos da casa fariam o quarto gol em um pênalti decidido pela interferência da tecnologia.
– O River Plate deixou de estar aqui. Parece que tiveram pena do Lanús. Estava 2 a 0 para o River, um pênalti claro, 3 a 0 ficaria praticamente irreversível. Claro que o Lanús teve força, méritos. Acho que eles não precisam disso, uma equipe qualificada. Nós não queremos ser beneficiados, mas também não queremos ser prejudicados. Saímos tristes por isso. A gente não sabe se faria o pênalti, mas se convertesse era 2 a 0, um resultado significativo – lamento o goleiro Marcelo Grohe.
“Nós vamos tirar a limpo tudo isso. O Grêmio vai à Conmebol, ter as reuniões que precisa ter. Vai ao Paraguai saber como as coisas vão se comportar para a semana que vem. Não queremos nada além de saber a lisura do processo. Não seremos roubados pela arbitragem”. (Romildo Bolzan Júnior, presidente do Grêmio)
A ira dos gremistas sobrou até para o gerente da empresa que cuida do sistema VAR (na sigla em inglês). Ao cruzar pela zona mista, o português Nuno Pereira foi alvo de palavras duras do presidente Romildo Bolzan Júnior: “Se a gente perder a LIbertadores, vai ver só! Vagabundo!”, disparou o dirigente. Na entrevista coletiva, Bolzan foi avisado que os responsáveis pelo vídeo na partida avaliaram o desempenho da arbitragem como “limpo” e disparou:
– Não sei que jogo eles viram. E isso me preocupa. Vou deixar por aqui neste momento, porque também conversei com o Wilson Seneme (brasileiro, presidente da comissão de arbitragem da Conmebol) e não tive essa sensação dele. Mas também não vou fazer juízo. Vamos ter atenções multiplicadas por muitos fatores para ter certeza do que está acontecendo. Podemos perder o título no campo, mas não pela arbitragem. Podem ter certeza.
A principal preocupação da cúpula gremista remonta à eliminação da Chapecoense da Libertadores pela escalação irregular do zagueiro Luiz Otávio. O time catarinense venceu o Lanús na fase de grupos, na Argentina, por 2 a 1, mas o resultado acabou anulado e revertido para 3 a 0 em favor dos argentinos. À época, o presidente da Chape, Plinio David De Nes Filho, assumiu o erro. Porém, citou um fato relatado em súmula: um diretor do Lanús teria entrado duas vezes no vestiário da arbitragem para avisar sobre o problema com o jogador, algo que não é permitido aos clubes.
O mandatário gremista preferiu não se manifestar sobre uma suposta intimidação por parte de dirigentes do Lanús e a relação próxima do presidente Nicolás Russo com o alto escalão da Conmebol. O lateral-direito Edílson viu a situação do Grêmio comprometida na final da Libertadores.
– Tem o árbitro de vídeo, tem os recursos. Nem falo o lance do Ramiro (no fim do primeiro tempo), que é discutível, mas no do Jael ele (árbitro) colocou o apito na boca e mandou seguir. A gente quer um futebol honesto, justo, mas quando têm oportunidade, nos comprometem – afirmou.
A partir desta quinta-feira, com os ânimos menos exaltados, o Tricolor passa a pensar de que forma irá representar seu descontentamento à Conmebol. Enquanto isso, o grupo volta a trabalhar em duas frentes. Os titulares se preparam para a decisão contra o Lanús na Argentina, na próxima quarta, e os reservas treinam para receber o Atlético-GO, domingo, pela penúltima rodada do Brasileirão.
Fonte: G1.com