Entusiasta da contratação de Didier Drogba, o departamento de marketing do Corinthians calcula que pode arrecadar cerca de R$ 12 milhões ao explorar a imagem do atacante marfinense de 38 anos. A projeção leva em conta uma série de receitas que seriam ensejadas pela chegada do estrangeiro, idolatrado pelo período em que jogou no Chelsea, além das existentes que seriam elevadas, como incrementos no programa de sócios-torcedores, nas vendas de cadeiras na Arena Corinthians e nos royalties por camisas vendidas.
A proposta envolve um salário de US$ 150 mil por mês, mais o aluguel de um apartamento de luxo em São Paulo, a cessão de um carro SUV blindado, a contratação de um tradutor e o pagamento de passagens. O gasto é alto, portanto, mas o marketing o vê como um investimento com potencial para se pagar por meio da exploração da imagem do atleta – o que não quer dizer que haja um “parceiro” que pague os salários ou que o acerto dependa de novas receitas.
Do lado da arrecadação o marketing sondou uma marca inglesa que patrocinaria o Corinthians caso Drogba fosse contratado, segundo um dos profissionais envolvidos nas negociações. A repercussão no exterior aumentaria a chance de amistosos com times internacionais na Arena Corinthians, bem como seriam lançadas campanhas publicitárias que envolvam a Nike, patrocinadores e o programa de sócios-torcedores. A criação de produtos alusivos ao jogador, por fim, elevaria a receita com licenciamentos.
As ações vêm todas com verbos no futuro do pretérito (patrocinaria, aumentaria, faria) porque, evidentemente, no papel vale tudo. Há muitas condições para que o plano vire realidade. O futebol brasileiro já testemunhou repercussões internacionais motivadas pelas contratações de atletas – Ronaldo no Corinthians em 2008, Ronaldinho Gaúcho no Flamengo em 2011, Seedorf no Botafogo em 2012. Só que a repercussão pela chegada tem um efeito limitado. O jogador precisa render dentro de campo para que a torcida mantenha a idolatria e o clube continue a capitalizá-la.
A contratação de Drogba ainda tem implicações políticas no Corinthians. O departamento de futebol, contrário ao investimento no marfinense, rachou com o marketing. Carente por reforços para a temporada de 2017, a torcida corintiana por sua vez atacou o departamento de futebol nas redes sociais. A decisão sobrou para Roberto de Andrade, presidente que caminha na corda bamba, entre o impeachment, a pressão para renunciar e as críticas dos torcedores pela administração. Tudo isso interfere no sucesso da negociação.
Fonte: globo.com