A recepção foi digna do ídolo, com pompa e festa de milhares de torcedores. Mas o retorno de D’Alessandro a Porto Alegre, na terça-feira, após uma temporada de empréstimo ao River Plate, também serviu para reviver algumas feridas do passado. Com um ano de contrato, o gringo se dispôs de prontidão a dar “101% de si” para tirar o Inter da Série B em 2017. Lembrou, porém, dos episódios que o fizeram deixar o clube no início de 2016.
Líder e principal referência do Colorado na era pós-Fernandão, o gringo evitou expor e detalhar o que ocorreu e o que serviu de gota d’água para sair rumo ao país natal. Mas deixou claro que algumas “coisas” ocorreram no ambiente que o fizeram dar “um tempo” de Porto Alegre. D’Ale até admitiu que os fatos “doeram”.
– Ninguém sai por acaso de um clube. O River se atravessou no meu caminho, acho que no momento certo, quando de repente os resultados encobriram um pouco coisas que aconteceram em 2015. Chegar a uma semifinal da Libertadores, brigar pela vaga na Libertadores até o fim. A gente fez um ano muito bom, mas os resultados sempre encobrem as coisas. Não foi só por isso. Eu sou muito respeitoso. As coisas que acontecem no vestiário ficam no vestiário. Eu fui o primeiro que blindou o vestiário. Vou continuar fazendo o mesmo trabalho. Não tem por que sair. Mas têm coisas que me doeram, sim. Têm coisas que incomodaram, e isso fez com que olhasse para outro lado e desse um tempinho em Porto Alegre – revelou o gringo.
A fala do argentino ocorreu durante a entrevista coletiva sobre seu jogo beneficente, o Lance de Craque, que terá sua terceira edição no Beira-Rio nesta quarta-feira. Mas o foco da conversa, claro, logo recaiu sobre o momento do Inter, rebaixado à Série B em 2016. Mesmo à distância, em Buenos Aires, D’Alessandro disse que “sofreu” com cada resultado negativo e com a queda. Mas isso agora é página virada. Sem aceitar o rótulo de “salvador da pátria”, o camisa 10 pediu “união de forças” e tomou para si a responsabilidade de comandar o clube do ano da retomada.
– Sinceramente, eu estou muito feliz. Voltar à minha terra e ser campeão, ganhar dois títulos, foi muito importante. A gente aqui vive uma situação diferente. Uma situação que ninguém esperava. Mas o futebol tem isso. Momento bom, momento ruim. O Inter, nos últimos 12, 15 anos, viveu de repente as maiores conquistas da história do clube, passou a ganhar títulos ano após ano. Hoje, nos encontramos em um momento que não é bom para nenhum colorado. Vamos tentar com que o Inter não fique tanto tempo nessa situação – disse D’Ale.
Após a recepção com festa, o gringo participa de seu jogo beneficente a partir das 20h30 desta quarta-feira, no Beira-Rio. Depois, desfruta do restante das férias até se reapresentar com os demais companheiros no próximo dia 11.
Fonte: Globoesporte.com