São 77 pontos no Campeonato Brasileiro, com 23 vitórias, oito empates e apenas sete derrotas em 37 jogos. Melhor defesa, com 31 gols sofridos. Melhor ataque, com 60 marcados. Melhor média de público: mais de 32 mil pagantes por jogo. A vitória por 1 a 0 sobre a Chapecoense, neste domingo, foi mera formalidade. Mas foi, também, o resumo de uma campanha impecável do eneacampeão Palmeiras. Título merecido, sem qualquer contestação.
Diante do maior público da história daquele pedaço de terra no bairro da Pompeia – seja como Palestra Itália ou Arena Palmeiras – o time de Cuca fez o que costuma fazer em sua casa. Tomou conta do jogo, teve o apoio da massa alviverde e viu a bola passar o tempo todo por Moisés, provável craque do campeonato. Foram 40.986 testemunhas da história.
A semana, agora, é de uma festa justíssima. Contra o Vitória, domingo que vem, em Salvador, o Palmeiras terá a despedida de um 2016 inesquecível. E que deixa ótima base para o clube trabalhar na próxima temporada. Com Libertadores, mas sem Cuca.
O técnico, afinal, vai se despedir do comando do Palmeiras no domingo. Esta será a primeira decisão do novo presidente Maurício Galiotte: escolher alguém que mantenha o padrão tático e o bom aproveitamento do atual elenco. Com reforços, claro.
Um dia para celebrar
Esqueça aquele clima tenso que tomou conta dos alviverdes nas últimas rodadas. Depois da vitória sobre o Botafogo, semana passada, o título era certo. Por isso, faixas de campeão, máscaras de porco e uma atmosfera bem mais amena receberam o Palmeiras.
(Nota triste, mais uma vez: a proibição do torcedor sem ingressos fazer sua festa na Rua Palestra Itália antes do jogo. Neste domingo, inclusive, houve relatos de abusos da Polícia Militar ao retirar palmeirenses do local e fechar estabelecimentos próximos)
Dentro de campo, Cuca optou por uma formação com Fabiano na lateral direita, além de Jean, Tchê Tchê e Moisés no meio. Róger Guedes continuou no ataque – Erik estava cotado para a vaga. Na zaga, Edu Dracena substituiu o lesionado Mina.
A impressão que se tem, porém, é de que o técnico poderia escalar qualquer outra peça nesse time. Algumas delas, porém, têm de ser ressaltadas pela grande partida contra a Chape – coincidência ou não, alguns dos melhores nomes do campeonato.
A começar pelo gol. Jailson, o invicto, não foi vazado mais uma vez. Não perdeu um jogo sequer dos 18 que defendeu o Palmeiras no Brasileirão. E, sempre que exigido diante de uma perigosa Chapecoense, fez boas defesas. No fim, em atitude de grandeza, deu lugar a Fernando Prass e avisou: “Esse lugar é seu”.
No jogo do título, coincidência ou não, Cuca escalou os três meio-campistas mais versáteis e com a cara desse Palmeiras. Jean, lateral na maior parte da campanha, fez a proteção pelo lado direito e se arriscou menos. Tchê Tchê, revelação de 2016, foi novamente um incansável. Não à toa, só ficou fora de um jogo no Brasileiro. EMoisés, que merece um parágrafo à parte.
Deixar Gabriel Jesus e Dudu na cara do gol virou rotina. Neste domingo, mais uma vez, Moisés buscou a bola no campo de defesa, distribuiu o jogo, sempre se posicionou para dar opções aos companheiros, arriscou chutes a gol e improvisou. Um jogador completo, que o Palmeiras resgatou na Croácia e terá como um de seus alicerces na Taça Libertadores.
Aos 25 minutos do primeiro tempo, Moisés foi um dos cinco jogadores que participaram do gol que decidiu a partida. Jogada ensaiada, coletiva, eficiente, do jeito que nos acostumamos a ver no Brasileirão. Dudu rolou para Zé Roberto, que rolou para Jesus, que deixou para Moisés, que encontrou… Fabiano, o mais improvável herói entre os 11 titulares. Golaço por cobertura. 1 a 0, festa na arena lotada. Do jeito que o palmeirense queria.
Faltou falar do ataque, claro. Do capitão Dudu, que se transformou quando recebeu a faixa de Cuca. Amadureceu quatro, cinco anos em apenas um. E Gabriel Jesus, o cracaço que vai deixar o clube do coração da melhor maneira possível. Em Manchester e na seleção brasileira, ele vai continuar evoluindo. A maior dificuldade do Palmeiras em 2017 será encontrar um substituto – nem à altura, mas um que se aproxime do que o camisa 33 faz pelo time.
Depois do gol, veio a notícia da vitória parcial do Flamengo sobre o Santos, por 2 a 0. Aí, sim, o torcedor extravasou de verdade. O palmeirense, que às vezes até parece sofrer mais do que o normal, conseguiu relaxar, aproveitar cada instante e gritar “É campeão”. Sobraram, claro, provocações ao “cheirinho” do Flamengo e à perseguição frustrada do Santos. Dois times que ameaçaram, mas não mostraram regularidade suficiente para incomodar o time mais regular do ano.
A arena do Palmeiras, em dois anos de existência, tem agora dois títulos. Uma Copa do Brasil, um Brasileiro. Sonhar com a Libertadores em 2017 não é nenhum exagero.
Fonte: Globoesporte.com