Foram 15 anos de Fórmula 1, sendo 14 deles como titular. A trajetória de Felipe Massa na principal categoria do automobilismo mundial foi escrita com vitórias marcantes, derrotas doídas, um gravíssimo acidente e o gostinho, mesmo que por alguns segundos, de ser campeão – naquela histórica decisão em Interlagos 2008, cujo título ficou com Lewis Hamilton. E a história do brasileiro de 35 anos na F1 tem data marcada para o capítulo final: será no dia 27 de novembro, no GP de Abu Dhabi. Com contrato se encerrando com a Williams ao fim da temporada e sem perspectivas de uma equipe competitiva para ano que vem, Massa anunciou que não continuará na categoria em 2017. O anúncio foi feito nesta quinta-feira em uma coletiva de imprensa no Autódromo de Monza, que neste fim de semana recebe o GP da Itália. Na primeira fila, a presença do pai Titônio, da esposa Rafaella e do filho Felipinho já denunciava que um anúncio importante seria feito.
– Estou mais nervoso do que em todas as minhas largadas! Depois de 27 anos competindo, desde quando comecei no kart, e após 15 anos na Fórmula 1, esta será a minha última temporada. Serão minhas últimas oito corridas na F1 e eu as curtirei o máximo possível. Muito obrigado a todos que estiveram ao meu redor e que acompanharam minha carreira. Estou orgulhoso de minha carreira, mesmo tendo perdido um campeonato por um ponto – disse.
Felipe Massa tem 242 GPs na Fórmula 1. Agora começa a contagem regressiva. Serão oito corridas até o fim da temporada, totalizando 250 na carreira. Dos 30 brasileiros que passaram pela categoria, ele é um dos seis que conquistou vitórias: 11 no total, o que o coloca como o quarto do país com mais triunfos, empatado com Rubens Barrichello, e atrás apenas de Ayrton Senna (41), Nelson Piquet (23) e Emerson Fittipaldi (14), à frente de José Carlos Pace (1). Duas das vitórias foram no Brasil, repetindo Senna, Piquet e Emerson. São também 16 pole positions, 15 melhores voltas e 41 pódios. Apesar de sair da F1, Massa não deve deixar as pistas. O veterano não definiu ainda uma categoria específica, mas deixou claro o desejo de seguir competindo.
– Tenho 35 anos e estou me aposentando! Não me sinto tão velho para me aposentar, mas esporte é isso! Eu amo correr. Terei tempo para seguir correndo. Talvez em outro campeonato… Fazer o que gosto – explicou.
O brasileiro fez o anúncio ao lado de Claire Williams, chefe da equipe inglesa pelo pai Frank Williams. Ele chegou ao time em 2014. No ano anterior, a tradicional escuderia havia enfrentado a pior temporada de sua história. A aposta no brasileiro se mostrou acertada. Lançando mão de sua experiência, Massa ajudou a equipe a voltar a ser grande na F1 e a Williams foi terceira nos Mundiais de Construtores nas duas últimas temporadas.
– Fico feliz de ter feito parte desta equipe. A Williams teve um momento difícil e juntos fomos capazes de conseguir fantásticos resultados nas duas últimas temporadas – lembra o piloto.
Massa explicou porque escolheu anunciar seu futuro na Itália, país que o acolheu por muitos anos, durante passagem dele pela Ferrari, escuderia onde é querido até hoje. Foi em homenagem a Michael Schumacher, com quem fez dupla em 2006. Naquele ano, também em setembro, o heptacampeão anunciou sua primeira aposentadoria da F1, fato que abriu caminho para o brasileiro crescer na equipe.
– Eu escolhi este lugar porque dez anos atrás Michael anunciou sua aposentadoria. O único jeito de eu continuar na equipe era ele parar. Ele escolheu isso e me deu a oportunidade de ficar – lembra.
Carreira é marcada por “quase título” em 2008 e acidente grave em 2009
Massa estreou na F1 em 2002. Campeão da F-Renault europeia e italiana em 2000 e da F3000 europeia em 2001, o brasileiro chamou a atenção da Ferrari, que assinou contrato com ele e o colocou na Sauber. Em seu ano de estreia pelo time suíço, Massa acabou contrariando o chefão Peter Sauber ao se recusar a dar posição ao companheiro Nick Heidfeld em uma corrida, perdendo lugar na equipe na temporada seguinte. Com isso, teve que passar o ano de 2003 apenas como piloto de testes da Ferrari. Mais maduro, foi emprestado novamente a Sauber em 2004 e 2005.
Em 2006, enfim ingressou na escuderia do cavalinho rampante como titular, no lugar de Rubens Barrichello. Naquele ano, foi companheiro de Michael Schumacher, com quem criou uma relação fraternal – o alemão o chamava de “irmão mais novo”, e venceu as primeiras corridas na F1. Com a primeira aposentadoria do heptacampeão no fim daquela temporada, passou a dividir a atenção da equipe com Kimi Raikkonen. Em 2007, chegou a disputar o título durante boa parte do ano e ajudou o finlandês a ficar com a taça.
Em 2008, teve seu auge. Superou Kimi com facilidade e disputou o título ponto a ponto com Hamilton. Após alternar vitórias e infortúnios, protagonizou uma das decisões de título mais emocionantes da história em Interlagos. Massa cruzou a linha de chegada como campeão, mas perdeu o título quando Hamilton superou Timo Glock na última curva da corrida. Em 2009, sofreu o acidente mais grave da carreira ao ser atingido por uma mola que se desprendeu do carro de Rubens Barrichello. Voltou às pistas em 2010, onde encarou a forte concorrência interna de Fernando Alonso até 2013 e enfrentou dificuldades para se sobressair. Em 2014, se mudou para a Williams. A ida para a equipe inglesa revigorou a carreira de Massa. No time inglês, o brasileiro voltou a ter boas atuações. Diante da soberania da Mercedes, não voltou a vencer corridas, mas subiu ao pódio mais cinco vezes e ainda conquistou uma surpreendente pole na Áustria, em 2014.
Fonte: Globoesporte.com