Paris. O centrista pró-europeu Emmanuel Macron, de 39 anos, foi eleito presidente da França ontem – o mais jovem da história do País -, evitando, que essa potência econômica mundial caísse nas mãos de sua adversária de extrema direita, Marine Le Pen.
Com mais de 65,5% dos votos, este ex-banqueiro substituirá o socialista François Hollande, de quem foi ministro da Economia, segundo resultados quase definitivos. A abstenção no segundo turno teria variado entre 25,3% e 27%.
A taxa de participação às 13h de Brasília era de 65,3%, quatro pontos a menos do que no primeiro turno (69,42%), segundo o Ministério do Interior. Foi a taxa de participação mais baixa desde 1969, apontam estimativas oficiais.
Os dois candidatos tiveram uma conversa breve e cordial por telefone, antes de serem divulgadas as primeiras estimativas oficiais do resultado, segundo a equipe de Macron.
Logo que a vitória se confirmou, uma explosão de alegria invadiu a esplanada do Louvre, em Paris, lotada de simpatizantes do Em Marcha!, que agitavam a bandeira da França. “Vencemos!”, repetiam.
“É um símbolo de esperança. É como Obama há oito anos. É a juventude, a oportunidade”, disse Jean-Luc Songthia, um taxista de 36 anos.
“Obrigado, obrigado, obrigado!”, lançou Macron ao discursar para a multidão, após surgir no pátio do Museu do Louvre, embalado pelo hino europeu diante de milhares de simpatizantes e correligionários para celebrar sua vitória. “Obrigado aos que votaram em mim sem ter nossas ideias. Sei que não se trata de um cheque em branco”, afirmou, em tom bastante solene, aos pés da Pirâmide, prometendo que fará tudo que for possível para que os franceses “não tenham mais qualquer motivo para votar nos extremos”.
“Não cederemos nada ao medo, não cederemos nada à divisão”, acrescentou o presidente recém-eleito, no discurso que fez em um púlpito montado na esplanada do Louvre, aonde chegou após caminhar sozinho, com semblante sério, enquanto soava ao fundo o hino europeu, a “Ode à Alegria”.
A vitória de Macron já se refletiu no mercado. A cotação do euro passou de US$ 1,0998 a US$ 1,1010 nas primeiras transações do dia no mercado asiático.
Dividida
Macron vai governar uma França muito dividida politicamente entre zonas urbanas (privilegiadas e reformistas) e as despossuídas (tentadas pelos extremos). Agora, Macron se confrontará com uma série de grandes desafios, como um desemprego endêmico de 10%, a luta antiterrorista e a crise da União Europeia (UE).
Em discurso em seu QG de campanha, em Paris, após o anúncio da vitória, Macron afirmou que “combaterá as divisões” entre os franceses. Disse ainda que está consciente “da raiva, da ansiedade e das dúvidas” de seus concidadãos e garantiu que trabalhará para “reconstruir a relação entre a Europa e os cidadãos”.
Ainda que Marine Le Pen, de 48 anos, tenha perdido por ampla margem, o resultado está longe de ser uma derrota absoluta para ela e para seu partido, a Frente Nacional (FN), que convenceu de 33,9% a 34,5% do eleitorado com promessas contra a imigração e contra a zona do euro. Não apenas isso: criou-se um vácuo entre as principais forças políticas do País.
Marine desejou sucesso a Macron, lembrando-o de que estará “à frente do combate” nas eleições legislativas de junho. Também comemorou o resultado histórico obtido por seu partido neste segundo turno.
Um vendaval
Em apenas um ano, desde que fundou o movimento de centro Em Marcha!, Macron abriu caminho em um País onde os dois grandes partidos tradicionais de esquerda e direita se alternavam no poder há meio século.
Foi para o segundo com uma confortável vantagem nas pesquisas, reforçada no debate com sua adversária. Isso não impediu que levasse um susto de última hora, com um ataque maciço de hackers, cuja origem é desconhecida e está sendo investigado pelas autoridades.
A aposta política de Macron foi um sucesso, mas o passo seguinte é uma incógnita. Os franceses voltam às urnas em junho para votar nas eleições legislativas, dominadas pela incerteza.
Macron será o presidente mais jovem da história França e um dos mais jovens do mundo.
Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste