Apresentado o Aratasaurus Museunacionali, espécie de dinossauro que viveu no Brasil

Pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (Urca) , da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do Museu Nacional apresentaram nesta sexta-feira (10) detalhes sobre uma nova espécie de dinossauro encontrada na bacia sedimentar do Araripe, em Santana do Cariri, no Sul do Ceará. Batizado de Aratasaurus museunacionali, o animal é membro do grupo de carnívoros e seu fóssil foi localizado em 2008.

A estimativa é de que o predador carnívoro viveu há 115 milhões ou 110 milhões de anos, no período Cretáceo, se tornando o dinossauro mais antigo já descoberto no Ceará. A ossada mais antiga do mundo de um dinossauro predador foi descoberta no Rio Grande do Sul e tem cerca de 230 milhões de anos.

De acordo com a pesquisadora da UFPE Juliana Sayão, que liderou a descoberta, este grupo de dinossauros carnívoros tem como representantes atuais as aves, que inclui outra espécie encontrada na mesma região, o Santanaraptor. “Isso mostra que estes dinossauros carnívoros estavam mais dispersos do que a gente imagina”, observa a paleontóloga.

O nome da nova espécie, Aratasaurus museunacionali, significa “nascido do fogo” e foi dado em homenagem ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, que, em setembro de 2018, sofreu com o incêndio que destruiu grande parte do seu acervo. Apesar do incidente, a área onde estava o fóssil não foi atingida pelo fogo e a peça permaneceu intacta.

Detalhe do pé do fóssil descoberto em 2008 — Foto: Divulgação

Detalhe do pé do fóssil descoberto em 2008 — Foto: Divulgação

Reconstrução indica como era o dinossauro, que viveu no período Cretáceo. — Foto: Divulgação

Reconstrução indica como era o dinossauro, que viveu no período Cretáceo. — Foto: Divulgação

Fóssil

O fóssil foi encontrado em 2008 na Mina Pedra Branca, em Santana do Cariri. Na época, o então diretor do Museu de Paleontologia, Plácido Cidade Nuvens (cujo nome hoje batiza o equipamento), apresentou o material a Juliana, que identificou como sendo de um dinossauro. Especialista em Archosauria, ela levou consigo a peça para a UFPE, onde iniciou os estudos, que foi concluído no Museu Nacional.

O paleontólogo da Urca, Álamo Saraiva Feitosa, lembra que na época em que foi encontrado, acreditava-se que se tratava de um pterossauro. “Ainda não havia feito a preparação, e dinossauros eram muito poucos aqui”, conta. “Os outros estão na parte mais ‘nova’ da Formação Romualdo, com influência marinha. Na época, os continentes [África e América do Sul] se encontravam em separação”, explica.

A partir das análises microscópicas, foram identificadas algumas características do dinossauro. Pela dimensão da pata, recorrendo a espécies evolutivamente próximas, chegou-se à conclusão que ele tinha médio porte, chegando a 3,12 metros e podendo ter pesado até 34,25 quilos.

“Pela análise dos seus ossos, a gente viu que se tratava de um animal jovem. Há marcas que mostram uma pausa de desenvolvimento”, explica Juliana.

Os pesquisadores acreditam que esta espécie enfrentou dificuldades, já que conviveu com um ambiente mais árido. “Isso se sabe porque encontramos fragmentos de material lenhoso, escuro, bem parecido com carvão na mesma camada. Isso indica que havia condições de acontecer paleoincêndios vegetacionais”, detalha a paleontóloga Flaviana de Lima.

Reprodução do Aratasaurus museunacionali a partir do fóssil descoberto. — Foto: Divulgação

Reprodução do Aratasaurus museunacionali a partir do fóssil descoberto. — Foto: Divulgação

Importância

O fóssil será depositado no Museu Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, sendo o primeiro de dinossauro sob posse deste equipamento, que é administrado pela Urca. “Aqui temos o Geopark Araripe. Possibilita que haja um aporte maior para o turismo de aventura. Isso para uma região que sofre tanto com o tráfico de fósseis nos deixa muito feliz”, completa Álamo.

Nordeste Notícia
Fonte: G1

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