O compositor e multi-instrumentista Tarcisio Sardinha foi internado neste domingo, 9 de janeiro(foto: Reprodução/ Instagram @tarcisiosardinha)
O compositor e multi-instrumentista Tarcisio Sardinha foi internado neste domingo, 9 de janeiro(foto: Reprodução/ Instagram @tarcisiosardinha)

O compositor e multi-instrumentista Tarcísio Sardinha morreu aos 58 anos na manhã desta segunda-feira, 25. O músico deu entrada em hospital de Fortaleza em janeiro deste ano. A causa da morte teria sido falência múltipla dos órgãos, segundo o jornalista Eliomar de Lima. Nas redes sociais, músicos e amigos prestaram homenagens ao artista.

Jornalista, músico e amigo de Sardinha, Felipe Araújo destaca o legado de Tarcísio no Ceará a partir da formação de outros músicos. “Além de ser um músico extraordinário, ele deixa um legado muito importante para música cearense através dos seus alunos. Ele foi professor de muita gente e de muitos músicos muito bons, sobretudo na área do choro e do samba . Então, ele formou muita gente. Tem uma ‘Escola Sardinha’ de música através dessas pessoas, e através delas que o legado dele vai permanecer”, comentou.

Para a cantora Vannick Belchior, o “maestro” Sardinha se caracterizava também pela sua “nobreza”, tamanha era sua sensibilidade e boa a sua companhia. Como a própria artista diz, Tarcísio foi fundamental em sua decisão de seguir carreira na música e teve influência que ia além do seu conhecimento e talento musical: para Vannick, o multi-instrumentista foi “o pai que a música lhe deu’.

“O papel do Sardinha na minha vida não foi só de ele me colocar na música. Isso já seria muito grande, mas o papel dele na minha vida foi muito maior, porque eu tinha questões internas e pessoais relacionadas à música devido a ausências do meu pai (Belchior). E o Sardinha, com toda a afetividade e espontaneidade, me abriu as portas da música através de muitas curas que ele me proporcionou, sendo ali um pai adotivo para mim”, destaca Vannick.

Ela complementa: “Para mim, ele foi a extensão do meu pai, porque ele fez por mim o que o meu pai faria se estivesse aqui presente. Ele me orientava demais e eu ainda estou colhendo frutos de coisas que o Sardinha fez por mim”. Com “gratidão eterna” ao artista, Vannick aponta outros legados deixado por Tarcísio para além de marcas na música: os de sua amizade e de ensinamentos “para toda a vida”.

“O legado dele é inconfundível. Ele merece ter todo o reconhecimento desse Estado, tamanha foi a contribuição dele para os artistas locais. Muitos profissionais são o que são hoje por causa das orientações do Sardinha, porque ele era, acima de tudo, um mestre. Ele não nos ensinava apenas a questão da música e da entonação. Ele ensinava as minúcias da vida e da arte”, pontua.

Ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio também lamentou a passagem de Tarcísio Sardinha. “A cena musical brasileira perde hoje um dos seus mais talentosos músicos. Nos despedimos do multi-instrumentista Tarcísio Sardinha, que tão bem representou a virtuosidade da nossa música cearense no cenário nacional”.

Em março, vários músicos se reuniram no show “Amigos de Sardinha”, no Cineteatro São Luiz,  para arrecadar dinheiro para o tratamento do compositor. Na época da internação de Tarcísio, a informação era a de que o artista teria sofrido uma parada cardiorrespiratória. Segundo informações compartilhadas por amigos e parentes nas redes sociais, o estado de saúde de Sardinha era grave. Em nota, a família do músico afirmou, no período, que a internação não foi causada por parada cardiorrespiratória ou infarto, mas o motivo não havia sido esclarecido.

Trajetória musical

O também professor e arranjador tem uma trajetória extensa na música. Nascido em uma família de músicos, começou seus estudos sozinho quando era uma criança. Aos 15 anos, passou a se apresentar em rodas de choro. Desde a década de 1990, trabalha como professor de oficinas. Ainda é conhecido por harmonizar nos mais diversos gêneros musicais.

Durante sua trajetória, apresentou-se ao lado de grandes nomes da música brasileira, como Belchior, Fagner, Amelinha, Dominguinhos e Ednardo. Além disso, foi responsável pela direção musical de shows de artistas como Falcão, Fausto Nilo, Zeca Baleiro, Waldick Soriano e Clementina de Jesus.

Seu apelido “Sardinha” surgiu no fim dos anos 1980, quando participou do “Pixinguinha”, primeiro grupo profissional de choro de Fortaleza. O criador da banda, Tróglio, lhe deu o nome em homenagem ao violonista Aníbal Augusto Sardinha.

No fim do ano passado, lançou o disco “Brasileirando”, de 1999, em todas as plataformas digitais. No álbum, há faixas como “Jumento com Coalhada”, “Conversa de Bêbado”, “Fim de Tarde” e “mar de Iracema” e “Meninar”.

Outras obras integram sua discografia, como “Carlinhos Patriolino e Tarcísio Sardinha Ao Vivo” (1998) e “Choro” (2008). Estes, porém, não estão nos streamings de música. (Com informações da repórter Clara Menezes)

 

 

 

Nordeste Notícia
Fonte: O Povo

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