O Índice de Preços dos alimentos, da FAO, atingiu em setembro o maior nível dos últimos dez anos(foto: Barbara Moira)

O Índice de Preços de Alimentos, medido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), alcançou média de 130 pontos em setembro. Avanço de 1,5 pontos ante agosto e alta 32,8% em comparação com o mesmo mês de 2020. Este é, segundo a FAO, o nível mais alto em uma década.

O subíndice de preços dos Cereais registrou média de 132,5 pontos em setembro, alta de 2,6 pontos (2%) ante agosto e 28,5 pontos (27,3%) acima do verificado em setembro de 2020. De acordo com a organização, entre os principais cereais, os preços internacionais do trigo foram os que mais aumentaram, quase 4% no mês a mês e 41% ante 2020.

“O estreitamento das exportações em meio à forte demanda mundial continuou pressionando os preços internacionais do trigo”, destacou a FAO. Os preços do arroz também subiram no mês, sustentados por uma leve melhora nas atividades comerciais, assim como o da cevada, que registrou alta de 2,6%, impulsionados pela forte demanda, perspectivas de produção menores na Rússia e ganhos em outros mercados.

Em compensação, os preços do milho permaneceram estáveis, 0,3% acima de agosto, influenciados pela pressão de alta causada por interrupções de portos atingidos pelo furacão Ida, nos Estados Unidos, que, no entanto, foi contrabalançada por melhores perspectivas de safra global e o início das colheitas no país e na Ucrânia. “Apesar da estabilidade, os preços do milho permaneceram elevados em quase 38% acima dos níveis de setembro de 2020”, destacou a entidade.

O levantamento mensal da FAO também apontou que o subíndice de preços dos Óleos Vegetais registrou média de 168,6 pontos em setembro, alta de 2,9 pontos (1,7%) em comparação com agosto. “A força contínua do Índice reflete principalmente valores mais firmes para os óleos de palma e de colza, enquanto as cotações de óleos de soja e girassol diminuíram”, destacou a entidade.

As cotações internacionais do óleo de palma subiram pelo terceiro mês consecutivo, atingindo os níveis mais altos em mais de dez anos, sustentados pela robusta demanda de importação global que coincidiu com preocupações sobre a produção abaixo do esperado na Malásia devido à persistente escassez de mão de obra.

“Os preços internacionais do óleo de colza também subiram significativamente, influenciados pelo prolongado aperto da oferta global. Em contraste, os preços mundiais do óleo de soja e girassol caíram, respectivamente por causa das incertezas quanto à absorção do óleo de soja pela indústria de biodiesel e às perspectivas de oferta global ampla na safra 2021/22”, informou a FAO.

Carnes

Na sondagem mensal da FAO, o subíndice de preços das Carnes apresentou média de 115,5 pontos em setembro, inalterado em relação a agosto, mas 24,1 pontos (26,3%) acima do verificado em setembro do ano passado.

Conforme a entidade, no mês de setembro, as cotações internacionais das carnes ovina subiram ainda mais, refletindo a firme demanda global e as ofertas de exportação escassas. A carne bovina também registrou forte alta, já que a disponibilidade limitada de gado para abate na Oceania e na América do Sul pressionou a oferta global.

Em contrapartida, explica a FAO, após subir seguidamente por nove meses, as cotações de carne de frango caíram, refletindo o aumento na oferta global, enquanto os preços da carne suína recuaram devido à menor demanda de importação da China e à queda da demanda interna, especialmente na Europa.

Leites e outros produtos

O subíndice de preços de Laticínios, por sua vez, registrou média de 117,9 pontos em setembro, alta de 1,7 pontos (1,5%) em relação a agosto. A média é também 15,6 pontos superior à observado em mesmo mês do ano passado (15,2%). Em setembro, as cotações internacionais de todos os produtos lácteos subiram, segundo a FAO.

“As cotações para o leite em pó, especialmente o desnatado (SMP) e a manteiga, aumentaram em virtude da forte demanda, em meio à limitada disponibilidade de exportação especialmente da Europa devido aos baixos estoques e redução na produção de leite”, informa a organização. Enquanto isso, os preços do leite em pó integral (WMP) e do queijo aumentaram moderadamente, devido a uma combinação de produção apertada, baixos estoques e demanda interna estável na Europa.

A FAO calculou, ainda, que o subíndice de preços do Açúcar ficou, em média, em 121,2 pontos em setembro, alta de 0,6 ponto (0,5%) em relação a agosto e 42,2 pontos (53,5%) acima do observado no mesmo período de 2020.

“As preocupações com a redução da produção do Brasil, maior exportador mundial de açúcar, por causa do prolongado clima seco e das geadas, continuaram impulsionando o aumento dos preços mundiais do açúcar”, ressalta a FAO.

Além disso, os preços mais altos do etanol estimularam um maior uso da cana-de-açúcar para a produção do biocombustível no Brasil. Segundo a entidade, entretanto, a pressão de alta sobre os preços foi limitada por uma desaceleração na demanda global de importação de açúcar e boas perspectivas de produção em exportadores importantes, como Índia e Tailândia.

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