O SPC Brasil – Serviço de Proteção ao Crédito – e a CNDL – Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas – apresentaram uma pesquisa mostrando quanto os torcedores de futebol gastam com sua paixão, seus hábitos de consumo e o quanto essas despesas pesam em seus orçamentos, entre outras informações, inclusive quantos torcedores acabam por gastar mais do que podem com sua paixão, comprometendo suas finanças.

A pesquisa mostrou, também, outros pontos importantes e interessantes que podem dar – e já deram – muito pano pra manga:

– o tamanho das torcidas de nossos clubes e, o que é uma relativa novidade…

– o grau de envolvimento do torcedor com seu clube do coração.

Esse post aborda, inicialmente, apenas o primeiro ponto: o tamanho das torcidas.

As conclusões dessa pesquisa não podem ser estendidas para toda a população do país, ao contrário do que foi dito em sua apresentação e análise, bem como nos materiais de divulgação, e que foi reproduzido em algumas matérias sobre a mesma.

A amostra…

para esse estudo foi formada, inicialmente, por 712 pessoas de ambos os sexos, com 18 anos ou mais de idade, residentes nas 27 capitais brasileiras. Sua margem de erro é de 3,9% e seu grau de confiança estimado em 95%. A coleta de dados foi realizada via internet entre os dias 8 e 15 de julho último.

Essa amostra pode parecer muito pequena, mas considerando o número de cidades e a população total representada, seu tamanho é razoável, embora não ideal, para o que se propõe. Novamente, para deixar claro: suas conclusões, respeitadas a margem de erro e características amostrais e de metodologia, são válidas para o universo representado – a população das 27 cidades – e não para o total do país.

Do total da amostra, 92 pessoas, correspondentes a 12,9 % da amostra, declararam não gostar de futebol ou outros esportes e, consequentemente, não torcer para nenhum time. O desenvolvimento do trabalho, então, deu-se com as 620 pessoas que se declararam torcedoras ou gostar de futebol e outros esportes.

Trocando em miúdos, essas 620 pessoas que representam 30 milhões de brasileiros, homens e mulheres, com mais de 18 anos de idade, moradores nas 27 capitais (num total de 45,1 milhões de pessoas) e que constituíram a base para esse estudo.

A tabela abaixo mostra as 27 cidades, listadas em ordem pelo tamanho de suas populações. A base para esses números é a estimativa projetada pelo IBGE para a data-base de 1º de julho de 2016, publicada no Diário Oficial da União.

Depois da população de cada cidade, coloquei o quanto ela representa percentualmente em relação à população total das 27 cidades, vindo, na sequência, o percentual de pessoas pesquisadas que a cidade teve na amostra.

Esse é um ponto importantíssimo e que merece destaque, pois as diferenças em relação ao tamanho real das cidades pesquisadas foram grandes o bastante para produzir resultados que não batem com as pesquisas de abrangência nacional realizadas no decorrer desse século:

Um bom exemplo da discrepância entre representação real e representação amostral pode ser vista em 3 cidades – São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, que, juntas, têm uma população de 17,5 milhões de habitantes. Esse número equivale a 35,7% da população total das 27 cidades. Entretanto, as três juntas representam apenas 27,9% da amostra, 21,8% abaixo do que seria o percentual correto, a julgar, é claro, pelos propósitos e informações divulgadas pelos responsáveis. Guardem essa diferença, pois ela, pelo que pude constatar, explicará alguns números mais abaixo.

Vejamos agora como ficam as preferências dos torcedores das 27 capitais brasileiras em relação aos clubes, de acordo com a pesquisa SPC Brasil:

Vemos alguns clubes para cima e outros para baixo. É comum haver diferenças entre pesquisas, mas no decorrer desse século as pesquinas nacionais têm mostrado uma boa solidez em algumas posições e ordens de grandeza.

Por exemplo: exceção feita a uma pesquisa nacional nos últimos 15 anos, todas as demais apontam o Palmeiras com a 4ª maior torcida e o Vasco da Gama com a 5ª. Nessa pesquisa SPC as posições estão invertidas, o que se deve, certamente, à maior participação da cidade do Rio de Janeiro na amostra total. Essa mesma diferença ajuda a explicar a vantagem do Flamengo em relação ao Corinthians e as presenças de Fluminense e Botafogo em posições altas no ranking. O fato de a cidade de São Paulo ter apenas 26,6% da população total do Estado, também ajuda a entender esses e outros números, como o do Santos.

Os dois times de Belo Horizonte foram igualmente prejudicados com a menor participação da cidade na amostra. Nesse caso, entretanto, a perda maior de posições foi provocada pelo fato da pesquisa restringir-se à Belo Horizonte, cuja população representa pouco mais de 10% da população do Estado de Minas Gerais.

Outras distorções amostrais também causaram impacto no ranking de torcidas, como nos casos de Recife e Salvador. As distorções sobre populações menores não chegaram a causar grandes impactos.

A tabela abaixo mostra as maiores torcidas levantadas pelas últimas pesquisas Lance Ibope e Datafolha, ambas realizadas em meados de 2014, comparadas, na mesma tabela, à pesquisa SPC.

Fonte: Globo.com

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