Entre apresentações institucionais, críticas científicas e vaias da população, foi realizada a segunda audiência pública prevista para discussão do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do empreendimento denominado Projeto Santa Quitéria (PSQ), nesta quinta-feira (13). O projeto em análise para exploração de urânio e fosfato foi apresentado em 2020.

A audiência pública foi realizada no distrito de Lagoa do Mato, em Itatira, no Sertão de Canindé. Na última terça-feira (11), outra audiência pública foi realizada no distrito de Riacho das Pedras, em Santa Quitéria. Esses dois momentos foram os únicos divulgados pelo Consórcio Santa Quitéria – iniciativa interessada na mineração.

Nas audiências, são avaliados critérios para verificar a possibilidade de licenciamento da iniciativa que busca explorar uma jazida de urânio e fosfato entre as cidades cearenses de Santa Quitéria e Itatira.

Os eventos acontecem para levar informações, tirar dúvidas e receber sugestões da população em relação ao empreendimento, sendo um processo previsto na Resolução Conama Nº 1/1990. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é responsável por presidir a audiência pública e conduzir o debate.

Mas, afinal, em qual etapa está o processo de licenciamento do Projeto Santa Quitéria no momento? É feita a análise de requerimento de licença prévia. Isso deve ser concluído ainda neste primeiro semestre, exigindo a seguintes atividades:

  • Análise do Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima)
  • Vistorias de campo
  • Escuta às populações (na audiência pública)
  • Consulta aos órgãos públicos (Funai; Iphan; Incra)

Os processos podem acontecer de forma independente e o Ibama informou à reportagem que o prazo para a conclusão do parecer técnico referente à análise dos estudos ambientais é o 1º semestre de 2025.

Outro ponto necessário é a autorização junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). Ricardo Fraga Guterres, membro da Cnen, explica que são feitos regulamentos de segurança, atividades de fiscalização, licenciamento e controle por meio da Comissão. “A gente não quer que haja um fator de risco adicional”, indicou sobre as regras estabelecidas para garantir a segurança radiológica no País.

O PSQ já recebeu aprovação de local e deve seguir para as demais etapas de licença também necessárias com relação à Cnen. Não foi divulgado um prazo para isso durante a audiência pública.

AUDIÊNCIA TEM GRITOS DE ‘ECOGENOCIDA’

 

 

Gritos contrários ao projeto marcaram o momento de fala de Christiano Lemos de Moraes Brandão, representante do Consórcio Santa Quitéria. Durante a apresentação, ele destacou que a iniciativa busca produzir fertilizantes, fosfato bicálcico para nutrição animal e concentrado de urânio para geração de energia.

O grupo prevê investimento de R$ 2,3 bilhões com projeto feito para a Fazenda Itataia que possui área de 5,8 mil hectares. “Nós importamos esses produtos de outros países, alguns inclusive em guerra, com risco de desabastecimento para o Brasil, o que se reflete na segurança alimentar e nos preços dos alimentos”, considerou.

Ao exibir um vídeo com detalhamento das estruturas do projeto, Cristiano foi novamente interrompido. “Urânio, não. Ecogenocidas, não passarão!”, entoavam os participantes da audiência pública.

 

Galerias de urânio em Santa Quitéria
Legenda: Estudos já foram feitos para avaliar o material em Santa Quitéria Foto: Natercia Rocha

A presidência da mesa pediu a colaboração, mas houve insistência nas vaias. O representante do CSQ  fez questão de garantir que não haveria contaminação na água. “Nenhuma água é lançada no ambiente, é tratada e reutilizada em todo o processo. Temos uma redução significativa do uso da água, uma diminuição de 60% da área diretamente afetada e temos um processo mais eficiente”, apontou.

Cristiano ainda mostrou alguns destaques de “evoluções tecnológicas e melhorias” no projeto, como análise do impacto radiológico atmosférico para avaliar o risco da poeira gerada.

 

 

 

Diário do Nordeste

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