Mais de 250 mil pessoas se concentraram em diversos pontos de Israel em um novo sábado de protestos contra a reforma judicial promovida pelo governo de Binyamin Netanyahu, desta vez sob um forte dispositivo policial após dois ataques no dia anterior.

As manifestações deste sábado, 8, marcam a 14ª semana consecutiva de protestos contra a polêmica reforma, que busca conferir mais poder ao governo sobre a Justiça, cuja independência estaria profundamente prejudicada.

Embora Netanyahu tenha anunciado em 27 de março a suspensão temporária dos processos legislativos e o início das negociações com a oposição para impulsionar uma reforma consensual, as manifestações não pararam.

Os assessores desconfiam das reais intenções do primeiro-ministro e consideram o adiamento da reforma uma mera táctica para enfraquecer os protestos, antes de uma nova tentativa de aprovação da medida nas sessões do meio do ano do Parlamento.

Até o momento, as negociações entre governo e oposição, mediadas pelo presidente Isaac Herzog, não apresentaram avanços significativos.

Neste contexto, milhares de israelenses voltaram a se reunir hoje em cidades do sul e norte do país, enquanto a principal manifestação decorreu em Tel-Aviv. Eles também se reuniram em Jerusalém, Haifa e Kfar Saba, entre outras.

Segundo os organizadores, cerca de 145 mil pessoas assistiram ao protesto em Tel-Aviv, que ocorreu em coordenação com a polícia por receio de novos ataques e começou com um minuto de silêncio pelas vítimas dos episódios de ontem.

Além dos cartazes habituais com mensagens como “Democracia” e “Não à ditadura”, alguns participantes trouxeram cartazes que criticavam a gestão de segurança do governo e até agitavam bandeiras da Itália e do Reino Unido alusivas à nacionalidade das vítimas de um atropelamento intencional ontem em Tel-Aviv.

Esse ataque, perpetrado por um cidadão árabe de Israel, resultou na morte de um turista italiano de 36 anos e deixou sete feridos: dois turistas italianos e cinco britânicos.

Pouco antes desse episódio, duas irmãs de nacionalidade britânica – de 15 e 20 anos – foram mortas em um ataque a tiros no norte da Cisjordânia ocupada, no qual sua mãe ficou gravemente ferida.

Esses episódios ocorreram logo após uma intensa troca de tiros entre o Exército israelense e as milícias palestinas na Faixa de Gaza e no sul do Líbano, provocada por confrontos na última quarta entre a polícia israelense e fiéis palestinos na mesquita Al Aqsa, em Jerusalém Oriental ocupada.

Ainda neste sábado, em uma nova escalada, três foguetes foram disparados da Síria em direção a Israel, como afirmou o Exército israelense.

Um dos foguetes “caiu em um terreno baldio ao sul das Colinas do Golan”, um território anexado por Israel, indicou o comunicado militar, sem dar mais detalhes. As Forças Armadas indicaram pouco antes que sirenes de alerta soaram nessa região.

Israel ocupou e anexou em 1967 uma parte das Colinas do Golan, uma região estratégica e fronteiriça com o Líbano e a Síria.

O Estado hebreu intensificou recentemente seus bombardeios contra a Síria, especialmente contra grupos pró-Irã, um arqui-inimigo de Israel.

 

Exame

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