Após duas denúncias de assédio sexual contra um cardiologista em Barbalha, na região do Cariri do Ceará, uma terceira mulher afirma ter sofrido ataque sexual do mesmo médico. A estudante de 30 anos afirma que foi abusada durante uma consulta no Hospital do Coração do Cariri. A polícia investiga as denúncias de crimes sexuais. Os procedimentos estão sendo concentrados na Delegacia Municipal de Barbalha, local dos supostos crimes.
Segundo a paciente, ela precisava que o médico checasse um exame de eletrocardiograma para que pudesse passar por uma cirurgia no períneo. Ao sentar na maca, o cardiologista pediu para que ela retirasse a parte de baixo das roupas. Depois, o profissional de saúde teria colocado a mão nas partes íntimas da mulher, sem usar luvas. Conforme a paciente, o médico também teria perguntado se ela estava sentindo o dedo dele. A estudante disse que estranhou o ato e ficou em choque.
O g1 tentou contato com o médico denunciado, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
A estudante afirma que o fato aconteceu em 2019 e diz que se sentiu encorajada a falar após saber das denúncias de outras mulheres. O boletim de ocorrência foi registrado nesta quinta (10) na delegacia da mulher de Juazeiro do Norte.
“Ele não é digno de ficar numa profissão dessas. E eu tenho certeza que vai aparecer mais vítimas”, afirma a estudante.
Ela diz que passou a ter sintomas de ansiedade depois do ocorrido. “Não quero que aconteça com uma filha minha o que aconteceu comigo, nem com qualquer outra mulher”, diz.
Outros casos
Duas mulheres afirmam que foram vítimas de crimes sexuais supostamente cometidos por um médico em Barbalha, na região do Cariri do Ceará. Em entrevista à TV Verdes Mares, ambas dizem que procuraram a Polícia Civil e registraram o boletim de ocorrência. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, as denúncias de crimes sexuais são investigadas pela Delegacia Municipal de Barbalha.
A paciente de 33 anos, cuja identidade será preservada, relatou que, durante o atendimento, ele trancou a porta do consultório e começou a fazer perguntas sobre sexo. Segundo a mulher, ele disse “que iria arrumar um namorado para ela”.
Após mandar a paciente subir na maca, pediu que desabotoasse a calça; em seguida, abriu o zíper e tocou na genitália dela. A paciente afirma que retirou a mão dele. O médico voltou para a cadeira de atendimento, depois destravou a porta e liberou a paciente.
O caso supostamente aconteceu na Policlínica de Barbalha em março deste ano e foi registrado em boletim de ocorrência no mês de outubro. “Nunca imaginei que ia passar por uma situação dessas. Na hora, você fica sem reação. Espero justiça e que ele se afaste do cargo, para que não faça com outras pessoas o que ele fez comigo”, afirma a vítima.
‘Me abraçou e começou a me beijar’
A segunda mulher que procurou a Polícia Civil para denunciar o médico é ex-colega de trabalho dele. A médica afirma que ambos trabalharam juntos no Hospital do Coração do Cariri, em Barbalha. Ela disse que, desde quando o cardiologista descobriu que ela estava solteira, começou a mandar mensagens pelo celular, até que, durante um plantão no hospital, em um momento de descanso, a vítima diz ter sido assediada.
“Eu estava lá no repouso, com as luzes apagadas, ele abriu a porta, não ligou a luz e foi direto para a cama. Ele deitou do meu lado e me abraçou, começou a beijar meu rosto. Eu, sem entender nada, coloquei a mão pro lado e perguntei se ele estava ficando doido. Ele saiu e eu fiquei meio atordoada sem saber o que tinha acontecido”, afirma.
A médica diz que procurou a direção do hospital, mas que nada foi feito em relação ao que aconteceu na sala que os profissionais usam para descansar.
“Assim que eu registrei o boletim, eu comuniquei para a direção do hospital. Quando fiquei sabendo que tinha mais casos, continuei comunicando. E ele continuava trabalhando lá normalmente. A tendência das pessoas é normalizar isso, eu que não fui dura o suficiente? Isso é um absurdo. E eu quero que outras mulheres tenham coragem para falar”, afirma.
O Hospital do Coração de Barbalha informou que a direção só tomou conhecimento do caso em outubro deste ano e que o suposto crime foi praticado em 2021. Disse ainda que foi instaurado um processo administrativo e que o profissional está afastado das atividades desde 25 de outubro. O Hospital do Coração do Cariri é referência em atendimento cardiológico na região, com atendimentos pelo SUS.
O g1 também procurou a direção da Policlínica de Barbalha, que informou que somente irá manifestar-se a partir de notificação oficial, por parte do órgão competente. A policlínica oferece consultas e exames com especialistas pelo SUS para pacientes de Barbalha, Caririaçu, Granjeiro, Juazeiro do Norte e Missão Velha.
g1