A varíola dos macacos (monkeypox), declarada como emergência mundial de saúde neste sábado (23), já acumula 61 notificações da enfermidade no Ceará. Desse número, quatro foram confirmados, enquanto outros 26 seguem em investigação. Com o aumento gradual dos números — quase 700 no Brasil até o momento —, surge uma dúvida: como se proteger da doença?
A infecção é causada por um vírus que geralmente se manifesta de forma leve. No entanto, a taxa de mortalidade da doença varia entre 3 e 6% dos pacientes infectados historicamente, tendo sido confirmados, no atual surto, cinco óbitos.
Os primeiros sintomas são febre, dor e surgimento de lesões e feridas em algumas partes do corpo, as quais podem aparecer entre seis e 13 dias em razão da incubação do vírus, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse período, porém, pode chegar até 21 dias em alguns casos.
Nos primeiros cinco dias, o período de invasão, o paciente pode apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, inchaço nos gânglios (conhecido como “íngua”), falta de energia, calafrios, além de dores nas costas e nos músculos.
Já após esse período, aparecem feridas na pele, classificando a segunda etapa da doença. Essas lesões cutâneas surgem de um a três dias após a febre, concentrando-se no rosto, nas extremidades do corpo, na palma da mão e na sola dos pés.
Contudo, podem aparecer, ainda, na genitália, nos olhos e na mucosa da boca. Médicos relataram que, no atual surto, as feridas têm sido achadas com mais frequência na região anal e genital, surgindo, inicialmente, com feridas planas, mas passando a formar pequenas bolhas com líquido antes de ganhar uma espécie de casca.
Nos casos com marcas cutâneas, houve registro de pacientes com poucas, enquanto outros chegaram a ter milhares. Há, porém, casos em que pacientes tiveram apenas uma vermelhidão na pele, parecida com uma irritação.
Como se proteger
A OMS informou que a vacina é a principal forma de prevenção contra a doença. Estudos observacionais apontaram que o imunizante contra a varíola tem efetividade de 85% contra a varíola dos macacos. Como o vírus contra a varíola foi erradicado, o programa de vacinação contra essa doença foi paralisado a partir dos anos 1980 — assim, pessoas com mais de 40 ou 50 anos parecem estar mais protegidas contra o vírus.
Como vacinas mais atuais estão em falta, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou o uso de máscaras, o distanciamento social e a higienização das mãos. As formas apontadas para evitar o contágio pela doença, ditas “não farmacológicas” são similares para proteção contra outras enfermidades, como a Covid-19.
Diversos casos da doença foram identificados em homens que fizeram sexo com outros homens, mas a doença não é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST). Para isso, uma doença exige contato sexual para ser transmitida, mas a varíola dos macacos não necessariamente é passada por relações sexuais.
Segundo o conselheiro da OMS Andy Seale, a varíola dos macacos não é uma “doença gay”, como pessoas rotularam nas redes sociais. O número relativamente alto de homens homossexuais com registros da doença se deu porque esse grupo busca mais os serviços de saúde para realização de prevenções contra o vírus HIV — como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que necessita de acompanhamento — no caso de surgimento de sintomas.
“Através disso, o contato regular com serviços de saúde dá novas oportunidades de checar sintomas ou problemas de saúde que podem ser reconhecidos. Então pode ser considerado que o grupo também tem tido um papel na identificação de casos na comunidade”, afirmou Seale em entrevista.
Tratamento
O Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos comunicou que ainda não há tratamento específico para infecções por vírus da varíola dos macacos. Como o dessa doença e o da varíola são parecidos geneticamente, acredita-se que medicamentos e vacinas contra a varíola também podem ser usados para prevenção e tratamento da varíola dos macacos.
Com o anúncio da OMS sobre a enfermidade atual, é esperado investimento em imunizantes e remédios contra a varíola dos macacos. O diretor-geral da instituição, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que será possível controlar o surto e parar a transmissão com as ferramentas disponíveis, apesar de somente metade dos países com casos registrados tenham acesso garantido a vacinas.
Entretanto, o diretor de emergências da OMS, Mike Ryan, afirmou que a vacinação não garante proteção instantânea contra a varíola dos macacos.
g1