Se hoje celebramos 111 anos de Juazeiro do Norte, é porque Peixoto também fez parte dessa história. Falo de Joaquim Marques de Alencar Peixoto. Ele era padre, nasceu no Crato e ajudou a fundar o município. Não, não é o Padre Cícero. O sacerdote, inclusive, virou desafeto do Padim e chegou a expor seus sentimentos contra este em um livro.
Alencar Peixoto era o editor-chefe do jornal O Rebate, um semanário que durou 2 anos: foi criado para defender a emancipação e parou de circular no mesmo ano em que o objetivo foi alcançado.
Segundo historiadores, Peixoto foi um dos pais fundadores de Juazeiro do Norte, ao lado do Padre Cícero e do médico Floro Bartolomeu. Este tem pelo menos uma estátua. Aquele, incontáveis, ocupando espaços do topo a cada canto da cidade. Já Peixoto nunca ganhou um busto.
Na Praça Feijó de Sá, o famoso logradouro do Giradouro onde vemos na TV, Peixoto aparece numa reprodução em azulejo da obra de Francisco Jaguaribe de Matos. Usando batina preta, aclamado pela multidão, declarava a independência em cena imortalizada pelo artista plástico. E param por aí as referências a ele.
O silêncio em torno dele é tamanho que historiadores têm dificuldade de encontrar fontes. É o que afirma o professor Nabucodonosor Feitosa.
“Os livros e documentos dele, segundo informações que obtive, foram concretados como lixo atômico em decorrência daquele problema de radiação com Césio que houve em Goiiânia. Goiás foi o último estado em que ele morou. Fui a Granito, onde ele exerceu seu sacerdócio por décadas, no sertão de Pernambuco. Também não encontrei nada. E mantive contato com a diocese de Petrolina, idem”, afirma o autor do livro “Alencar Peixoto e a independência de Juazeiro do Norte: sua participação através do jornal O Rebate”.
O professor conta que até o livro de Peixoto, chamado “Joazeiro do Cariry”, é difícil de ser encontrado. Será que o motivo é o conteúdo? Na obra, Peixoto compara o Padim ao deus egípcio Amom-Rá. Diz que ele levava maldição a quem se aproximava.
Segundo conta o historiador, Peixoto ficou chateadíssimo por ter sido preterido entre os indicados a primeiro prefeito do município. Teria tomado conhecimento que o Padim mandara uma correspondência ao governador se apresentando como o nome mais apropriado e, ao qualificar os concorrentes, teria escrito que Peixoto era nervoso demais para um cargo que exigia tanto equilíbrio.
Em ano de eleição, vê-se que a disputa pelo poder realmente é capaz de destruir amizades que pareciam eternas. Mas Peixoto precisa ser lembrado, apesar da desavença com o maior líder de Juazeiro do Norte.
Diário do Nordeste