A Justiça do Ceará condenou a 23 anos de reclusão em regime inicial fechado o padeiro Severo Manoel Dias Neto por matar a ex-companheira Maria Rosimeire de Santana a tiros, na frente dos dois filhos e da mãe dela na casa onde morava. O julgamento começou na sexta-feira (20) às 7h30 e terminou neste sábado às 5h10.
O julgamento do padeiro tinha sido adiado por nove vezes. O último júri estava marcado para acontecer no último dia 28 de abril. Em fevereiro, Severo Manoel foi solto pela Justiça pelo excesso de prazo da prisão preventiva.
O judiciário explicou na época, por nota, que no dia 28 de abril pela noite foi designado um novo juiz para responder pela vara onde o processo tramita, pois o titular da unidade teria entrado de licença médica. A instituição disse ainda que o juiz substituto não tinha tempo hábil para estudar o caso.
“Nos sentimos muito tristes e totalmente frustrados. Não sabemos mais o que fazer em relação a essa atitude. Cada vez que é remarcado, a gente relembra tudo isso, com muita dor. Nós queremos somente justiça!”, disse Roseane Santana, irmã da vítima.
O crime
O crime aconteceu, por volta das 20h, no conjunto do programa Minha Casa, Minha Vida, no bairro Brejo Seco. Segundo as investigações da polícia, ele não aceitava o fim do relacionamento.
“Não tinha para onde correr para canto nenhum. Depois, ele saiu na maior tranquilidade, com a arma na mão, com sangue frio, e fugiu com um comparsa”, afirma. As duas crianças, de 7 e 12 anos, ao verem o ataque do pai, deitaram-se no chão com medo de também serem alvos. Rosemeire chegou a ser socorrida para o Hospital Regional do Cariri (HRC), mas morreu minutos depois.
Vítima tinha denunciado ameaças
Roselania conta que Severo, que está desempregado, já havia ameaçado sua irmã diversas vezes. No dia 21 de junho de 2018, a vítima havia denunciado Severo Manoel por ameaça. Através da Justiça, ela conseguiu uma medida protetiva, que foi descumprida, pelo menos duas vezes.
“Ele cansou de ameaçar minha irmã, minha família: ‘Você vai me pagar!’. Queria saber se ela tinha alguém. Passava atirando para cima. Minha irmã deu parte e ele foi preso. Ficou 10 dias, mas pagaram a fiança. Ele ficou frequentando a casa, mesmo assim”, lembra a irmã. Contrariada, Rosemeire justificava que ele era pai de seus filhos e permitia as visitas, mesmo com a medida protetiva.
SVM