A Justiça cearense, recebeu a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), e o norueguês Andre Stenseng Aalen, virou réu por ludibriar outros 22 noruegueses, num esquema criminoso de investimentos em imóveis no Ceará e no Rio Grande do Norte. Em 3 de outubro, ele também teve determinada a retenção do passaporte e está proibido de sair do Brasil. O réu mora em Fortaleza e gerou prejuízo de R$ 7 milhões, segundo a advogada das vítimas.

Pelo menos desde 2012, o estrangeiro convencia compatriotas a investirem em imóveis que nunca ficavam prontos ou que tinham problemas na documentação. Ele prometia lucros altos e de forma rápida, mas, segundo a denúncia, captava e se apropriava dos recursos das vítimas, utilizando, inclusive, empresas de fachada.

A reportagem procurou a defesa de Andre Aalen para comentar a decisão da Justiça, mas não obteve retorno.

No Ceará, os imóveis envolvidos no esquema estão em Fortaleza, Caucaia, Pacajus, Horizonte e Sobral. O site da empresa de Aalen, a Brasil Invest, exibe uma foto da Beira Mar, na capital cearense. Ao lado, um anúncio indica “boas condições para investidores estrangeiros”.

A advogada Marina Póvoa, representante dos noruegueses, explica que alguns esperavam lucros de até 20%. “Por se tratarem de estrangeiros, eles encaram a negociação de uma forma que vai além da mera formalidade, e acreditam muito na palavra. É cultural deles”, relata. Os investidores assinavam os contratos em português, mesmo sem compreenderem o conteúdo.

Segundo Póvoa, parte dos estrangeiros atendeu a um suposto apelo humanitário dos empreendimentos, onde Aalen alegou que seriam alocados grupos de “pessoas carentes”, policiais militares e até mesmo unidades habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). “Eles achavam que estavam fazendo um bem adquirindo esses imóveis”, conta a advogada.

Prejuízo Financeiro

Uma das vítimas teria investido, sozinha, mais de R$800 mil. Ao todo, Póvoa estima prejuízos de, no mínimo, R$ 7 milhões. O norueguês Morten Solskjaer, que mora em Natal, foi o primeiro a denunciar o empresário. Após aplicar dinheiro em imóveis na capital potiguar, ele foi incentivado pelo acusado a realizar aportes financeiros em empreendimentos no Ceará.

Contudo, os contratos firmados nunca se efetivaram e nenhum lucro foi obtido. “Pedi meu dinheiro de volta. Ele disse que não tinha como, mas dava para mudar de empreendimento. Dizia ‘sou seu amigo’ e gerou todo esse círculo de troca de propriedades”, relata o estrangeiro.

“Hoje, minha questão não é mais relacionada a dinheiro, mas a princípios, a valores, por ele ter enganado várias pessoas. Que ele cumpra o que precisa cumprir”, completa.
Solskjaer ressalta que dezenas de noruegueses se articularam através de uma rede social, num grupo chamado “Experiências com a Brasil Invest”. Eles perceberam que as histórias envolvendo Aalen seguiam sempre o mesmo esquema. Em dezembro de 2018, a Polícia Civil do Ceará indiciou Andre Aalen por estelionato continuado.

Em depoimentos prestados ao inquérito, o norueguês negou qualquer prática ilícita. Ele reconhece que realizou negociações com as vítimas, “mas que estas queriam retorno rápido de seus investimentos”. Conforme o MPCE, ele teria informado a Morten que, no Brasil, “existe uma certa demora e que Morten atrasava vários pagamentos, o que dificultava a realização dos contratos”.

O empresário informou ainda que possui pendências com outros conterrâneos, “mas não de natureza criminal e que estas estão sendo negociadas”, acreditando que algumas pessoas “usaram as redes sociais para lhe denegrir e atacar a credibilidade da empresa”.

Nordeste Notícia
Fonte: G1

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