Desde janeiro, o dólar comercial já acumula uma alta de 24,41%. Na sessão dessa quarta, a moeda norte-americana voltou a se valorizar e fechou cotada a R$ 4,056.
Em escalada nos últimos dias, o dólar adicionou mais um fator de insegurança à lenta retomada da economia brasileira. A constante desvalorização do real frente à moeda norte-americana tende a pesar no bolso do brasileiro e do cearense, com o encarecimento de produtos que vem do exterior ou de seus insumos. Esse impacto pode vir a curto ou longo prazo dependendo do tipo de item e do setor a que pertence. Em alguns casos, pelo menos a princípio, a alta pode ser assimilada em parte ou integralmente pelas empresas.De 1º de janeiro de 2018 até essa quarta-feira (22), o dólar comercial acumulou uma alta 24,41%, fechando ontem (22) o dia cotado a R$ 4,056. A disparada contínua da moeda sinaliza como o mercado vem reagindo a resultados de pesquisas eleitorais, que indicam Geraldo Alckmin (PSDB) com dificuldade para chegar ao 2º turno, enquanto que um possível substituto de Lula (PT) apresentaria chances de alcançar o feito.

A valorização do dólar já vem gerando efeitos negativos sobre o processo inflacionário brasileiro porque muitos segmentos da indústria nacional dependem de itens e maquinários importados para manter em dia suas operações, avaliam economistas consultados pelo Diário do Nordeste.

Para o economista e professor Allisson Martins, alguns setores da economia devem sentir de forma mais direta a ascensão do dólar comercial, como a indústria de alimentos, que tem como base de insumo o trigo importado, por exemplo. Impactados de forma indireta, cita a gasolina e o diesel, cujos preços são atrelados ao barril de petróleo e precificados em dólar. “Qualquer movimentação de alta, decorrente do câmbio, acarreta em efeitos inflacionários na economia local”, aponta Martins.

Na avaliação de Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos, em curtíssimo prazo alguns produtos como pães, massas, vinhos e produtos importados em geral já sofrem o impacto da alta do dólar, pesando mais no bolso do consumidor final.

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Desestímulo à importação

O contexto de moeda norte-americana cara acaba por impactar diretamente no custo de produtos no mercado nacional. “Há uma alta acumulada no ano de mais de 21% e o efeito colateral negativo de impactar a inflação já vem sendo sentido porque vários componentes para produção nacional, máquinas, equipamentos, matéria-primas, bens de capital e insumos em geral são importados”, endossa o economista e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Ricardo Eleutério.

Com o desestímulo às importações e produção da inflação, Eleutério avalia que, do ponto de vista macroeconômico, a alta do dólar tende a levar o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) a não reduzir a taxa básica de juros, a Selic, na próxima reunião.

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Forte oscilação

Até a definição eleitoral, a forte oscilação da moeda deve continuar, de acordo com os analistas. “O rally da cotação do dólar está só começando. Ou seja, altos e baixos no câmbio serão a tônica nestes próximos meses”, projeta Allisson Martins.

A previsão é a mesma feita pelo economista e consultor internacional Alcântara Macêdo. “Não tem como estimar até quanto o dólar pode chegar. Seria irresponsável falar isso, mas vamos ficar num mar de oscilações muito fortes, vivendo um momento de turbulência cambial pela conjuntura política de transição no Brasil”, diz.

Embora considere que o processo eleitoral impacte a valorização da moeda norte-americana ante o real, Indech não acredita que o nervosismo do mercado se deva à liderança de candidato A ou B nas pesquisas eleitorais. “Não é questão de ter ou não bons nomes (liderando), mas o que o mercado vê são presidenciáveis que se abrem para a possibilidade de fazer reformas estruturais no País, como as reformas tributária, política e da Previdência”. Há ainda um componente especulativo.

Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste/Lígia Costa

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