Ceará teve, em 2024, o maior número de mortes pela polícia no Estado desde 2019, com 189 vítimas, sendo 79,3% negras. Isso é o que revela a sexta edição do boletim Pele Alvo: crônicas de dor e luta, da Rede de Observatórios de Segurança.

Em todo o Brasil, os números apontam que as polícias mataram 4.068 pessoas no mesmo período, sendo 3.066 vítimas negras. Ao menos 11 pessoas foram mortas pelas forças policiais por dia.

Além do Ceará, o levantamento analisou dados do AmazonasBahiaMaranhãoParáPernambucoPiauíRio de Janeiro e São Paulo. Os números foram obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Apesar do pico registrado no Ceará, o balanço revelou que houve uma redução de 4,4% nas mortes decorrentes de intervenção policial, no período de seis anos (2019–2024), no somatório final dos nove estados analisados.

O Diário do Nordeste solicitou posicionamento à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) sobre o relatório. Quando houver retorno, este texto será atualizado.

Confira balanço

Estados 2019 2020 2021 2022 2023 2024
Amazonas 88 102 101 99 59 43
Bahia 650 787 1.013 1.465 1.702 1.556
Ceará 136 145 125 152 147 189
Maranhão 72 97 87 92 62 76
Pará 563 527 548 631 530 597
Pernambuco 74 113 105 91 117 68
Piauí 42 35 34 39 27 24
Rio de Janeiro 1.814 1.245 1.356 1.330 871 703
São Paulo 815 814 570 419 510 812
Total 4.254 3.865 3.939 4.318 4.025 4.068

RANKING DOS NOVE ESTADOS

Ceará ocupa o quarto lugar no balanço feito pela Rede de Observatórios de Segurança. O primeiro estado é a Bahia, seguido por Pará e Rio de Janeiro.

Estados População Número de Mortos Taxa total por estado
Bahia 14.141.626 1556 11,0
Pará 8.120.131 597 7,4
Rio de Janeiro 16.055.174 703 4,4
Ceará 8.794.957  189 2,1
São Paulo 44.411.238 812 1,8
Maranhão 6.776.699 76 1,1
Amazonas 3.941.613 43 1,1
Pernambuco 9.058.931 68 0,8
Piauí 3.271.199 24 0,7

71,74% DAS VÍTIMA CEARENSES ERAM PARDAS

Outro fator levantado pela Rede de Observatórios, tendo como base as informações enviadas pelas secretarias de segurança, mostra o número de mortes decorrentes de intervenção policial por raça em números percentuais. O balanço exclui os casos não informados.

Além das 79,3% negras, os dados revelam outras porcentagens de raça/cor das vítimas cearenses. Das 189 pessoas mortas pelas polícias: 3,26% eram amarelas; 17,39% eram brancas; 71,74% eram pardas; 7,61% eram pretas e nenhuma era indígena.

 

IDADES DAS VÍTIMAS CEARENSES

Faixa etária QUANTIDADE DE VÍTIMAS
0 a 11 anos 0
12 a 17 anos 21
18 a 29 anos 118
30 a 39 anos 32
40 a 49 anos 8
50 a 59 anos 1
60 anos ou mais 2
Não informado 7
Total geral 189 

OUTROS DADOS GERAIS

O levantamento aponta que, no Brasil, negros têm 4,2 vezes mais chances de serem mortos pela polícia do que brancos. Jovens de 18 a 29 anos representaram 57,1% das 4.068 pessoas mortas.

Crianças e adolescentes, de 12 a 17 anos, foram 297 vítimas, além de um caso de 0 a 11 anos. O número representa um aumento de 22,1% em relação a 2023. Cerca 512 registros de mortes não tiveram raça/cor informada, o que corresponde a uma em cada oito mortes.

“No campo da segurança pública, o racismo e a política de segurança se consolidaram como um par de atração magnética. A cada novo dado, o Brasil repete a mesma tragédia: o Estado mata com base em critérios raciais. Não se trata de desvio, mas de um padrão”, afirma Jonas Pacheco, coordenador de pesquisa da Rede de Observatórios.

 

 

Diário do Nordeste

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