Criminosos invadiram sítio onde estavam vítimas por parte de trás - onde tem um matagal que dá acesso a um rio
Legenda: Criminosos invadiram sítio onde estavam vítimas por parte de trás – onde tem um matagal que dá acesso a um rio Foto: Reprodução/ Documento público

Subiu para cinco o número de capturados pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) por suspeita de envolvimento com a chacina que deixou quatro mortos em Aracoiaba, no interior do Ceará, no último 17 de fevereiro. Desses, quatro homens foram presos e um adolescente foi apreendido nesta quarta-feira (28).

Segundo as autoridades de segurança, o crime foi ordenado por uma facção criminosa que atua na região e motivado por represália, devido a uma tentativa de homicídio cometida em Baturité, dias antes, durante o período do Carnaval.

Nesta quinta-feira (28), ao detalhar a Operação Relógio Mágico, que investiga a chacina, Eduardo Menezes — titular da Delegacia Municipal de Aracoiaba — explicou que o alvo inicial da tentativa de homicídio escapou da morte, mas ficou ferido na perna e na orelha: “alguns dias depois, seis dias depois, houve a situação [chacina] de Aracoiaba”.

O delegado relatou que o homem baleado na tentativa de chacina foi um dos participantes da decisão para efetuar a ação em Aracoiaba e foi preso nesta quarta (28). “Ele já tem antecedentes criminais”, detalhou Eduardo Menezes.

“Na qualidade de mandante, a gente representou pela prisão dele e foi concedida a ordem (pela Justiça)”, informou o delegado

 

PRISÕES

Conforme a Polícia Civil, três prisões e uma apreensão de adolescente ocorreram em Baturité; e a quarta prisão ocorreu em Capistrano (CE), durante a Operação.

Eduardo Menezes afirmou proprietário do sítio não era o alvo da quadrilha: “Duas pessoas conseguiram ainda fugir e outras duas mulheres foram poupadas. O proprietário da residência não era o alvo e nem o secretário. Possivelmente, não. Ainda estamos investigando”.

FOTO EM REDE SOCIAL MOTIVOU AÇÃO CRIMINOSA

As investigações apontaram que, no dia da chacina, uma publicação em rede social do grupo de pessoas em confraternização no sítio em Aracoiaba acabou dando pistas para a ação dos criminosos.

“No dia dos fatos, as pessoas estavam reunidas no sábado a tarde, assando churrasco, tomando alguma bebida e postaram lá ouvindo música no paredão de som. Isso pode ter sido realmente o gatilho para que a outra organização fosse em busca deles no local”, pontuou o titular da Delegacia Municipal de Aracoiaba.

O DIA DO CRIME EM ARACOIABA

Chacina de Aracoiaba, que deixou quatro pessoas mortas (entre as vítimas, um secretário municipal) em um sítio, no último sábado (17), poderia ter sido ainda maior: outras quatro pessoas estavam no local – inclusive um vereador pelo Município – e correram ou se esconderam dos criminosos. Outro secretário do Município deixou a fazenda poucos minutos antes da matança.

Os nomes dos sobreviventes serão preservados, já que são ouvidos na investigação da Polícia Civil do Ceará (PCCE) como testemunhas. Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, as vítimas e outras pessoas se confraternizavam e ingeriam bebidas alcoólicas, na propriedade de Antônio Perecles Monteiro Ricardo, o ‘Pequim’, na localidade de Arraial Santa Isabel, desde a tarde de sábado.

Por volta de 20h30, um vereador por Aracoiaba e um secretário municipal receberam uma ligação do secretário de Obras Públicas e Mobilidade Urbana, Kennedy Guedes da Silva, para o encontrarem no sítio. E se deslocaram para lá, em 10 minutos.

Entretanto, o outro secretário municipal recebeu uma ligação da esposa e não permaneceu muito tempo no local, segundo as testemunhas. Enquanto o vereador se distanciou do grupo maior que estava no sítio para jogar sinuca e conversar com um amigo, por volta de 22h20. Logo depois, homens armados, encapuzados e vestidos com roupas pretas, invadiram a propriedade pela parte de trás do sítio – onde tem um matagal que dá acesso a um rio.

O vereador e o amigo conseguiram correr e fugir da ação criminosa, pela frente do sítio. O parlamentar afirmou à Polícia Civil que ficou com as pernas arranhadas porque precisou entrar em um matagal para se esconder. Já o outro homem disse que pulou a cerca do sítio para escapar dos tiros.

Os criminosos entraram no imóvel já atirando nos homens. Foram mortos a tiros Antônio Perecles, Kennedy da Silva (conhecido como ‘Galego’), Mateus da Silva Bezerra e João Pedro Ricardo da Silva.

Duas mulheres que estavam no local, companheiras de ‘Pequim’ e Mateus, tentaram se esconder dentro do imóvel e foram “poupadas” pelos criminosos. Um deles chegou a apontar “tem uma mulher ali dentro”, mas o comparsa respondeu “não, ninguém vai fazer nada com mulher, vamos embora”.

 

Diário do Nordeste

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