Gerardo Mascarenhas é cearense integrante da milícia, junto com Benedito Aurélio Ferreira Carvalho, o ‘Aurélio’, preso em janeiro de 2019; e Fabiano Cordeiro Ferreira, o ‘Mágico’, em outubro.
Enquanto Gerardo Mascarenhas é natural de Coreaú, Benedito Aurélio nasceu em Barroquinha, no Norte do Estado. Além da veia cearense, ambos também compartilham o mesmo modus operandi no “Escritório do Crime”. De acordo com o MPRJ, os dois eram os principais “laranjas” da milícia e cediam seus nomes para serem sócios de supostas empresas; algumas delas eram responsáveis pela construção de edifícios irregulares na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Braço armado
Gerardo e Benedito aparecem como sócios das empresas “Depósito e Distribuidora de Bebidas dos Amigos” e “São Jorge Construção Civil”, ambas ficam localizadas nos territórios de atuação da organização criminosa, conforme o Ministério Público. O órgão conseguiu, por meio de conversas telefônicas interceptadas com autorização da Justiça, confirmar que as empresas são citadas pelos denunciados em ligações internas.
Benedito também aparece como sócio da empresa “São Felipe Construção Civil”. De acordo com as investigações do MPRJ, o “Escritório do Crime” manejava ainda contas bancárias em nome dos dois cearenses. A relação entre os dois era tão forte que um telefone utilizado por Benedito era registrado no nome de Gerardo. Eles seriam, ainda, subordinados ao mesmo chefe, Manoel de Brito Batista, o ‘Cabelo’, que detinha maior influência na organização criminosa e era considerado o “gerente armado da quadrilha”.
Enquanto Benedito atuava como um dos principais funcionários dele, Gerardo era seu segurança, caracterizado pelo MPRJ como “braço armado da quadrilha”.
E o mágico?
Já Fabiano Cordeiro Ferreira, o ‘Mágico’ é natural de Ipueiras, no Sertão de Crateús. Ele foi um dos últimos denunciados pelo MPRJ a serem capturados em 6 de outubro de 2019. Fabiano era procurado desde janeiro do mesmo ano pela ligação com o grupo paramilitar e por homicídios. Ele atua na milícia do Rio das Pedras, pelo menos, desde 2008, e o seu nome aparece de forma destacada do Relatório Final da CPI das Milícias, como um dos principais executores da organização criminosa que age no Rio.
Na denúncia recebida pela Justiça, Fabiano é considerado “braço armado, espécie de soldado da organização criminosa, agindo sob os comandos da liderança em ações armadas, sobretudo, na prática de homicídios e cobrança de taxas aos moradores e comerciantes das localidades dominadas”. Conforme o MPRJ, ele e seus comparsas cobravam mais de R$ 100 por semana de cada comerciante da região, sob ameaça de tomar os estabelecimentos comerciais.
Além disso, ‘Mágico’ também é um dos suspeitos de ter assassinado um homem identificado como Júlio de Araújo, em 24 de setembro de 2015.
Segundo o MPRJ, ele foi assassinado por queima de arquivo, uma vez que ele teria presenciado o homicídio de um outro homem, identificado como Jerre Adriano da Silva Gouveia, no mesmo dia. Fabiano “concorreu eficazmente para a prática do crime, na medida em que prestou auxílio moral e material, com a presença encorajadora no local, estímulo comuns com os demais asseclas ainda não identificados, desempenhando todas as demais atividades necessárias à execução da vítima”, escreveu o MPRJ.
Situação atual
Atualmente, os três réus cearenses estão presos. Em nota, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) informou que, “em fevereiro deste ano, Gerardo e outros réus entraram com pedido de Habeas Corpus, mas foram negados pela 4ª Câmara Criminal”. A denúncia da nova empreitada contra integrantes da milícia, realizada no fim de janeiro deste ano, de acordo com o Tribunal, “está em segredo de Justiça, como todos os casos da Vara Criminal Especializada” e, por isto, não haveria acesso aos detalhes.
No Ceará
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE) informou que a prisão de Gerardo Mascarenhas, em Coreaú, “foi fruto de uma troca de informações entre as polícias Civis do Ceará e do Rio de Janeiro sobre o paradeiro do homem, à época foragido da Justiça”. Segundo a Pasta, os três cearenses não registram antecedentes criminais no Ceará e não são investigados por delitos praticados no Estado.
Já o Ministério Público do Ceará (MPCE) afirmou por meio de nota que “por parte do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas), não há investigação que envolva as três pessoas (Gerardo, Benedito e Fabiano)”. De acordo com o órgão, desta forma, não haveria como “dar qualquer declaração referente à possível atuação deles no Ceará, ou envolvimento com grupo criminoso do Estado”.
Investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro dão conta da presença de três cearenses entre os principais milicianos do “Escritório do Crime”. Em fevereiro deste ano, eles pediram habeas corpus à Justiça, mas foram negados
Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste