O prefeito de Santana do Acaraú (a 212 km da Capital), Marcelo Arcanjo, se apresentou ao Departamento de Polícia do Interior (DPI) Norte ontem, seis dias após a morte de César Augusto do Nascimento, em quem ele afirma ter atirado para se defender de agressão. Contra Marcelo havia mandado de prisão temporária expedido desde sexta-feira, 31. Assim, após se entregar, ele foi encaminhado a uma unidade prisional em Fortaleza.
Em entrevista coletiva, os delegados Marcos Aurélio de França, do DPI Norte, e Caroline Ponte Pimentel Gomes, da Delegacia de Santana do Acaraú, relataram a versão do prefeito. Segundo eles, Marcelo Arcanjo disse que foi à casa do ex-motorista da Prefeitura para conversar. Ele estaria querendo tomar satisfação por causa de boatos supostamente espalhados por César afirmando que a esposa de Marcelo estaria recebendo propina. Após ser demitido, em novembro, César teria se tornado crítico da gestão de Marcelo, o que a família da vítima aponta como motivação do crime.
O prefeito contou, conforme os delegados, que ao encontrar com César foi logo agredido e que atirou para se defender. Por ser policial federal aposentando, Marcelo tem porte de arma.
A versão vai de encontro ao afirmado por familiares de César que presenciaram o episódio, ocorrido por volta das 18h40min do último dia 29. Segundo eles, Marcelo aparentava estar bêbado e atirou na vítima ao fazer um movimento de abraço, sem nenhuma discussão. À Polícia, o prefeito negou estar alcoolizado. Teria tomado duas doses de uísque no almoço. Ao O POVO, as testemunhas divergiram quanto o número de disparos efetuados. Tios disseram ter ouvido três tiros.
O pai de criação de César, José Monte, disse ter ouvido apenas um. A delegada afirmou esperar conclusão do laudo cadavérico para atestar essa informação.
O prefeito de Santana do Acaraú ainda afirmou que jogou em um rio o revólver usado no crime, que ainda não foi localizado. Não foi especificado onde ele esteve recolhido após fugir
Marcelo Arcanjo foi indiciado por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e emprego de recurso que impossibilita a defesa da vítima. Com a prisão temporária, a Polícia Civil tem 30 dias para concluir o inquérito.
Na tarde de ontem, uma passeata foi realizada nas ruas de Santana do Acaraú pedindo justiça para o caso. (Colaboraram Jéssika Sisnando e Igor Cavalcante)
Fonte: Opovo.com