Um crime cometido com requintes de extrema crueldade e envolto em grande mistério emudeceu a população de São João do Jaguaribe, Município localizado a aproximadamente 215Km de Fortaleza. Na localidade, reina a ‘lei do silêncio’: ninguém sabe de nada, ninguém viu nada.
A Polícia Civil, no entanto, apura quem teria participado do assassinato de um adolescente de 17 anos, no último domingo (31). O jovem teve a cabeça arrancada do corpo e amarrada, com arame farpado, em uma cerca.
Ariel Lucas Anastácio, de 17 anos, teria sido assassinado na noite de domingo. O corpo dele foi encontrado na manhã seguinte, sem a cabeça, na localidade de Sítio Velosa, próximo ao lixão municipal. Próximo à vítima, estavam ainda duas motocicletas, queimadas. Os ferimentos no corpo do jovem eram similares aos de tiros de pistola calibre ponto 40 e 380.
A cabeça do adolescente foi achada em outra localidade, no Sítio São Bento, amarrada em uma cerca, com arame farpado, também com marcas de tiros. Um carregador de pistola calibre 380, com 13 cartuchos intactos, também foi encontrado.
A Delegacia Regional de Russas responde por São João do Jaguaribe, que está sem delegado. Conforme o titular da unidade, Joanilson Nogueira Queiroz de Albuquerque, um inquérito policial foi instaurado para apurar o crime. “Há muita investigação ainda pela frente”, afirmou.
Conforme o delegado antecipou à reportagem, naquela região, há duas associações criminosas rivais que travam uma verdadeira guerra pelo domínio de territórios. Esta desavença seria, a princípio, um dos motivos da morte do adolescente. “Precisamos identificar a qual dos dois grupos o Ariel pertencia para, por exclusão, nos aproximarmos da autoria do crime”, disse.
Albuquerque alertou que as duas associações criminosas são conhecidas na região pela prática de crimes de extrema violência. “Homicídios, roubos, extorsão. É o grupo do João André contra o grupo do Paulo de Servim. São inimigos hostis”, pontuou o titular de Russas.
Silêncio
Em São João do Jaguaribe, as pessoas têm medo de falar sobre o assunto. A reportagem tentou contato com a família do adolescente, mas não obteve sucesso.
De acordo com moradores da região, Ariel havia deixado a cidade em novembro do ano passado. De São João do Jaguaribe, o adolescente foi morar no Estado do Maranhão.
As pessoas que ainda aceitaram conversar com a reportagem, apesar da condição do anonimato, disseram não saber o que teria motivado a mudança repentina de morada do jovem.
Entretanto, os relatos são de que Ariel era um adolescente sonhador, que desejava jogar futebol de maneira profissional.
“Até onde se sabe, ele não morava com a mãe biológica, era criado por outra parente. Tinha pouco contato com a mãe biológica. O que se fala na cidade é que ela nem sabia que o filho estava de volta. Foi acordada na segunda-feira pelos vizinhos, dizendo que o Ariel tinha sido morto”, relatou um morador.
O corpo do adolescente ainda não foi liberado pela Perícia Forense do Estado (Pefoce). A reportagem apurou que ainda é aguardado o resultado do exame de DNA para a liberação.
Fonte: Diário do Nordeste/Levi de Freitas