O Festival Música da Ibiapaba (Mi), realização da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), chega à 13ª edição cheio de novidades. O evento de formação musical, que ocorre em Viçosa do Ceará de 22 a 29 de julho, é um dos mais reconhecidos do calendário cultural do Estado e uma das /principais ações de interiorização da política cultural.
Este ano, o “Mi”, como está sendo chamado, se aproxima das sonoridades contemporâneas, ganha nova identidade visual, um apelido, a curadoria de grandes nomes da música cearense e nacional, além de um patrono, o maestro cearense Alberto Nepomuceno.
Realizado pelo Governo do Estado do Ceará, por meio da Secult e do Instituto Dragão do Mar, em parceria com a Secretaria da Educação, o “Mi” traz nesta edição mais diversidade às ações formativas e à programação artística.
O secretário da cultura do Estado, Fabiano dos Santos Piúba, comenta o novo momento do evento. “A identidade do festival é a formação. O Festival Música da Ibiapaba traz em sua gênese a formação. Essa identidade se mantém e se renova, mas estamos buscando novas dimensões, estabelecendo conexões do Festival com a música em suas vertentes erudita, popular e contemporânea e de como isso se traduz em sua programação. Estamos falando de um festival que existe desde 2004 e que precisa passar por uma ressignificação, seja no seu conceito, na sua programação artística e na conexão com outros setores das artes, da economia da cultura, do turismo, da artesania, da gastronomia e com o próprio patrimônio cultural da cidade de Viçosa do Ceará e da região da Ibiapaba”, diz.
Paulo Linhares, presidente do Instituto Dragão do Mar, lembra que, com o novo formato, o Festival amplia seu alcance. “As experiências estéticas, que vão desde a música erudita, passando pela instrumental, às raízes populares, essa fusão de experiências, fundamental para a formação, ganha agora também uma potência de difusão”, explica.
Nova identidade
Outra novidade é que, em 2017, o festival incorpora um apelido, “Mi”. Como explica Fabiano Piúba, “fizemos um exercício de criação coletiva até chegarmos ao Mi. Queríamos encontrar uma sigla, um apelido para o Festival e, quando nos deparamos com o Mi, encontramos a pronúncia perfeita. É uma referência clara ao “m” de música e ao “i” de Ibiapaba. Além disso, uma referência à nota musical, à terceira nota da escala musical, então tem uma sonoridade natural e saborosamente silábica de pronunciar, de cantar, de tocar: ‘mi!’”.
”Mas também”, continua Fabiano, “’Mi’ é um pronome pessoal em espanhol. O Festival da Ibiapaba é um lugar de encontro da música para todos os sentidos. Então isso nos leva ao som musical e ao som da pessoa, como no poema-canção “o som da pessoa” de Gilberto Gil com Bené Fonteles: ‘A primeira pessoa soa como eu sou / a segunda pessoa soa como tu és / a terceira pessoa como ele / ela também / toda pessoa soa / toda pessoa boa soa bem’. Assim, parece-me que chegamos a uma sonoridade e identidade visual que traduz e comunica bem o sentido e o espírito do Festival Música da Ibiapaba. E a marca criada por Ana Soter está linda demais”, nela você pode mirar a serra na letra ‘m”, uma pessoa na letra ‘i’ e o que mais a imaginação vislumbrar”.
Assinada pela designer carioca Ana Soter, a nova identidade visual alia referências musicais à Serra de Ibiapaba. “Por ser um festival originalmente de formação em música erudita, parti do universo estético das notas e pautas musicais para o reconhecimento imediato do tema. Trabalhei com uma tipografia que faz alusão à forma curva das montanhas, unindo, assim, as duas referências mais importantes para a nova identidade do Festival”, explica a profissional.
Patrono
O maestro cearense Alberto Nepomuceno (1864-1920), um dos mais importantes da história da música nacional, surge como patrono e inspirador do “Mi”. Defensor do diálogo entre as raízes brasileiras e a música erudita, entre a segunda metade do século 19 e começo do século 20, o compositor, pianista e regente foi fundamental para a construção de uma sonoridade que representasse seu povo, sem se distanciar do que havia de melhor no cenário mundial.
“O Nepomuceno é um dos pais fundadores do campo artístico nacional. Ele foi o primeiro grande pensador a compreender que as matrizes da tradição popular brasileira estavam impregnadas de grande expertise instrumental, de grande capacidade criativa, e que o diálogo tornaria tanto a música popular quanto a própria música erudita muito mais rica”, explica Paulo Linhares. “O festival tem esse sentido, de incorporar a matriz instrumental brasileira e tornar esse diálogo entre música contemporânea, erudita e popular um diálogo permanente, fértil e enriquecedor”, conclui.
Curadoria
Como reflexo dessa ideia, foram convidados três músicos com experiências distintas para fazer a curadoria do eixo formativo do “Mi”: Alfredo Barros (CE), Amilson Godoy (SP) e Daniel Ganjaman (SP). O professor e maestro da Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual do Ceará (OSUECE), Alfredo Barros, acompanha de perto o cenário da formação musical no Estado, especialmente a erudita, mas conjuga esse trabalho com um olhar também voltado para as tradições populares.
Já o maestro Amilson Godoy traz consigo a experiência da música popular brasileira com o tratamento elaborado da música erudita. Tendo participado do grupo Bossa Jazz Trio, na década de 1960, e criado o Grupo Medusa, um dos ícones do instrumental brasileiro, ele é o regente da Orquestra Sinfônica Arte Viva. Surgida em 1996, a orquestra leva a diversas cidades releituras da música popular brasileira, em parceria com grandes artistas nacionais.
O músico, arranjador e produtor Daniel Ganjaman é um dos formuladores da música contemporânea brasileira. É ele o responsável pela produção de alguns dos melhores discos dos últimos anos, de artistas como Criolo, Céu, Sabotage, BaianaSystem, entre outros.
Mestres da cultura
Dentro de uma estratégia de valorização do Programa Mestres da Cultura, desde o ano passado a Secult vem inserindo esses homens e mulheres, seus sabores e fazeres, suas artes e ofícios, na programação mensal dos equipamentos da secretaria e destacando sua participação em grandes eventos. Foi assim na última Bienal Internacional do Livro do Ceará e no Festival Música da Ibiapaba não será diferente. Além de compor a programação artística aberta ao público, eles também estarão dividindo suas experiências nas oficinas. “Os mestres e mestras que têm uma arte-ofício com a música estão participando do festival com o mesmo peso que os outros músicos e artistas que vão estar ali presentes”, frisa o secretário Fabiano Piúba.
Formação e mercado musical
Segundo a coordenadora de artes e diversidade cultural da Secult, Valéria Cordeiro, outro aspecto importante do “Mi” em 2017 é a introdução de discussões voltadas para a experiência e a inserção no mercado. “Além do talento, de ter uma formação estruturada, como o músico pode entrar no mercado, de que outras formas? Vamos discutir as várias possibilidades de inserção desse músico, trazendo inclusive o diálogo dos mestres da cultura com os profissionais que atuam no mercado e que estarão no festival”, diz.
As políticas públicas de cultura voltadas para a música também entram na programação do festival, com o Encontro Estadual de Regentes de Bandas e o Encontro Setorial da Música, que deve reunir o fórum estadual e os representantes das entidades ligadas ao setor.
O Ceará Música
O Festival será também um espaço para reflexão e construção das políticas públicas de cultura para o setor. Os encontros dos regentes de bandas e do Setorial da Música serão ambientes para qualificar o debate em torno da construção coletiva do Programa Ceará Música, como parte integrante das políticas de artes da Secretaria da Cultura, envolvendo os elos das cadeias criativa, produtiva, formativa, distributiva e difusora da música realizada no Ceará.
Como explica o secretário Fabiano Piúba, “vamos seguir a mesma dinâmica e metodologia que utilizamos para a construção do Ceará Filmes, envolvendo os vários elos das cadeias da música no sentido de consolidarmos um programa estadual de desenvolvimento e fomento da música no Ceará em sua perspectiva artística, mas sobretudo em sua dimensão da economia da cultura”. Ele destaca, ainda, as parcerias que estão sendo costuradas para se chegar ao Programa. “Contaremos com o Fórum Cearense de Música e o Instituto Dragão do Mar será parceiro estratégico nesse programa. Além disso, estamos abrindo um diálogo com a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (ADECE) para criação da Câmara Setorial da Música”, diz.
Inscrições para as oficinas
Marca maior do festival, a formação tem seu ponto alto nas oficinas e workshops. Os curadores e outros profissionais da música, vindos de diversas partes do país, realizarão cerca de 30 oficinas e workshops durante os oito dias de “Mi”.
Com 400 vagas para alunos da rede pública de ensino e 200 destinadas ao público em geral, as inscrições gratuitas começam nesta terça-feira, dia 20, e seguem até o próximo dia 4 de julho. O processo deve ser feito pelo site da Secult ou presencialmente na sede da secretaria municipal de educação de Viçosa.
SERVIÇO
Festival Música da Ibiapaba (Mi): 22 a 29 de julho em Viçosa do Ceará
Inscrições gratuitas: 20 de junho a 4 de julho pelo site da Secult (http://www.secult.ce.gov.br)
Nordeste Notícia com informações do Governo do Estado do Ceará