Suspeitos de participarem da tentativa de assalto a bancos em Milagres — Foto: Isaac Macedo/TV Verdes Mares
Suspeitos de participarem da tentativa de assalto a bancos em Milagres — Foto: Isaac Macedo/TV Verdes Mares

A Justiça do Ceará condenou seis dos oito acusados de participar da tentativa de roubo a dois bancos que terminou com 14 pessoas mortas – entre assaltantes e reféns – no município de Milagres, na Região do Cariri. O caso aconteceu em dezembro de 2018.

A informação da condenação foi publicada na última segunda-feira (21) pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas no Diário de Justiça Eletrônica. O processo, no entanto, está em segredo de justiça, e as penas individualizadas de cada um dos condenados não foram informadas.

Conforme a publicação, os réus Elivan de Jesus da Luz, Geronilma Serafim da Silva, Jaime Pereira Nogueira, Denilson Moreira da Silva e Girlan Araújo Santos foram condenados pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e roubo seguido de morte (latrocínio) por 14 vezes, referente aos 14 mortos.

As penas dos crimes pelos quais eles foram condenados variam entre 282 e 424 anos de prisão, mas não se sabe como ficou a pena de cada um. Eles foram absolvidos do crime de organização criminosa após a Justiça considerar que não havia provas o suficiente para condená-los por esse crime.

Já o réu Robson José dos Santos foi condenado por porte ilegal de arma de fogo, roubo seguido de morte (latrocínio) por 14 vezes e por sequestro. A pena dele pode varia entre 284 a 429 anos de prisão. Outros dois acusados, Cícero Rozeli da Silva Caldas e Everaldo Moreira da Silva, foram absolvidos de todas as acusações.

Mortes em Milagres

 

Tiroteio mata 12 pessoas em Milagres, no Ceará
Tiroteio mata 12 pessoas em Milagres, no Ceará

A tentativa de assalto ocorreu durante a madrugada do dia 7 de dezembro de 2018, por volta das 2h. O grupo de assaltantes roubou um caminhão e usou o veículo para interditar a BR-116, no Km 495, trecho entre os municípios de Brejo Santo e Milagres, para impedir as ações policiais.

Na sequência, eles capturaram nove reféns em veículos na BR-116 e os levaram para o centro do município de Milagres, onde ficavam as agências bancárias. Pouco depois, doze policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) chegaram ao local e atiraram contra os criminosos e os reféns.

A ação na madrugada deixou 12 mortos – seis assaltantes e seis reféns, dos quais cinco eram da mesma família. A denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) aponta que, no momento que os policiais atiraram e mataram os reféns, os assaltantes não estavam atirando, logo, não foi uma troca de tiros.

Mesmo com a ação policial, alguns criminosos fugiram. Na manhã do mesmo dia, a Polícia encontrou dois dos assaltantes fugitivos e matou os criminosos, que já estavam rendidos. Com isso, o caso chegou a 14 mortos.

Em depoimento, os reféns sobreviventes já haviam afirmado que os tiros que causaram as mortes partiram dos policiais e que não houve tempo de reação por parte dos assaltantes. O inquérito e a análise balística confirmaram a acusação.

Após a ação, foi identificado que todos os tiros que mataram os reféns. Em março de 2023, a Justiça decidiu levar 11 policiais a júri popular por oito das 14 mortes. Até o momento, o julgamento deles não foi marcado.

Em maio de 2023, estado do Ceará foi condenado a pagar R$ 300 mil de indenização à esposa e ao filho do pernambucano que tinha ido a Juazeiro do Norte, com o filho do adolescente, receber os três parentes de São Paulo.

Policiais devem ir a júri pela tragédia

 

Em março de 2024, a Vara Única de Milagres pronunciou 11 policiais militares por oito homicídios. Eles vão responder pelo homicídio dos seis reféns, que foram mortos com tiros dos policiais, e dos dois assaltantes que já estavam rendidos.

Conforme o inquérito da Polícia Civil, todos os tiros que atingiram os mortos partiram de fuzis – armas que foram utilizadas apenas pelos policiais. Após a ação desastrosa, os policiais tentaram ainda apagar vestígios da ação: eles recolheram projéteis, moveram os cadáveres e apagaram imagens de câmeras de segurança.

Além dos 11 acusados de homicídio, outros dois serão julgados por tentativa de adulteração da cena do crime. Veja de qual crime cada policial é acusado:

  • José Azevedo Costa Neto, Edson Nascimento do Carmo e Paulo Roberto Silva dos Anjos: devem ser julgados pelos homicídios de reféns – por cinco de seis mortes.
  • Leandro Vidal dos Santos e Fabrício de Lima Silva: devem ir a júri popular pelos homicídios qualificados de dois assaltantes que teriam sido mortos após rendição.
  • Alex Rodrigues Rezende, Daciel Simplício Ribeiro, José Marcelo Oliveira, João Paulo Soares de Araújo, José Anderson Silva Lima e Sérgio Saraiva Almeida: foram pronunciados pela participação na execução de um dos acusados de integrar o grupo criminoso.

Os policiais recorreram da pronúncia, isto é, da decisão de levá-los a júri popular. Ainda não há data marcada para julgamento.

Carro em que vítima estava junto com criminosos foi atingido por diversos tiros em Milagres, no Ceará — Foto: Antônio Rodrigues/DN
Carro em que vítima estava junto com criminosos foi atingido por diversos tiros em Milagres, no Ceará — Foto: Antônio Rodrigues/DN

 

g1

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