O influenciador cearense José Valdemar Calixto, o “Júnior dos Gera”, de 26 anos, que morreu por complicações de um tiro sofrido durante confusão em um posto de combustíveis em Maracanaú, na Grande Fortaleza, gravava vídeos com amigos para um quadro na sua rede social no momento da ocorrência. Segundo a família, ele foi baleado por um cabo da Polícia Militar do Ceará (PMCE) que estava alcoolizado.
O agente Francisco Rômulo Lopes Ferreira, de 35 anos, chegou a ser preso mas teve a liberdade concedida por ser réu primário e PM da ativa. A Polícia Civil do Ceará (PC-CE) pediu nesta semana mais 90 dias para investigar as circunstâncias da morte do influencer.
Amigos e família promovem neste domingo (11) uma manifestação no local onde o jovem foi baleado para pedir justiça pela morte dele.
POLICIAL TERIA AVANÇADO CONTRA GRUPO DE AMIGOS
De acordo com o irmão mais novo da vítima, Guthierre Gomes, 22, o influenciador, que também era dançarino e trabalhava como entregador de aplicativo, estava com amigos gravando “Onde é o geras hoje?”, vídeos nos quais ele mostrava momentos de diversão na internet. A descontração foi interrompida pela chega do PM Rômulo, que avançou com o carro próximo ao grupo.
“O posto estava vazio, tinha várias vagas, porém ele insistiu em ir para cima de onde o pessoal e o meu irmão estava. Quando ele coloca o carro para cima deles os ânimos já se alteraram e começou uma discussão verbal. Depois ele [o PM] entrou na conveniência e quando saiu com uma cerveja na mão já foi xingando, destilando ódio. Começou uma outra briga e teve agressão física”, relata.
Durante a confusão, o policial chegou a atirar e acertar de raspão uma das amigas de Júnior. O influenciador, na ânsia de defender os amigos, entrou em luta corporal com o cabo.
“No momento em que meu irmão se agarra com o policial, que estava armado, ele acabou efetuando um disparo a queima-roupa na região do abdômen do Júnior”, conta Guthierre.
FAMÍLIA ESTÁ ABALADA E COM MEDO
O irmão Guthierre conta que a família está abalada e confessa ter medo do que pode acontecer com eles com o PM em liberdade: “A gente tem medo, por ele ser um policial militar, ter muitos amigos, a gente não se sente seguro”.
Para Guthierre, o agente de segurança não agiu como um “bom profissional tecnicamente preparado para a função”. Ele descreveu o policial como “uma pessoa totalmente descontrolada usando arma funcional e consumindo bebida alcoólica”.
A gente não esperava que o Júnior passasse por isso, porque ele era muito trabalhador, era uma pessoa muito criativa. Ele também era entregador de aplicativo. Trabalhava o dia todo, chegava em casa de madrugada. Sempre trabalhando muito para poder fazer seu próprio horário, pois ele tinha os conteúdos para gravar. Ele sempre foi bem esforçado. Não merecia passar por isso
GUTHIERRE GOMEIrmão de influenciador morto
O irmão de Júnior, que mora em outro bairro de Maracanaú com a esposa e os filhos, relata que teve de se mudar por um período para a casa de sua mãe para dar suporte. “A gente está muito mal, muito abalados”, define.
Diário do Nordeste