A futura primeira beata do Ceará nasceu em 15 de outubro de 1928. Era parda, pobre, uma menina da zona rural como tantas outras que existem no Sertão. Se tivesse sobrevivido ao machismo de Raul, Maria Benigna faria hoje 94 anos.
Quem conviveu com ela afirma: no breve tempo de vida, Benigna foi exemplo de bondade. O maior luxo era colher e apreciar a beleza das flores. Tinha um coração de anjo num corpo de menina desrespeitado pela violência que fere a dignidade sexual.
A vida interrompida despertou a devoção do povo. A fé católica cresceu a ponto de se tornar um processo que convenceu o Vaticano a reconhecer Benigna Cardoso da Silva como venerável.
No dia 24 de outubro próximo, data da morte dela, um cardeal lerá a Carta Apostólica que a tornará oficialmente a primeira beata do Ceará reconhecida pela Igreja Católica.
E os cearenses terão a oportunidade de lembrar e rezar pela luta contra o feminicídio. O crime que interrompeu a vida de uma santa ainda é uma chaga aberta na nossa sociedade.
DN