A futura primeira beata do Ceará nasceu em 15 de outubro de 1928. Era parda, pobre, uma menina da zona rural como tantas outras que existem no Sertão. Se tivesse sobrevivido ao machismo de Raul, Maria Benigna faria hoje 94 anos.

Quem conviveu com ela afirma: no breve tempo de vida, Benigna foi exemplo de bondade. O maior luxo era colher e apreciar a beleza das flores. Tinha um coração de anjo num corpo de menina desrespeitado pela violência que fere a dignidade sexual.

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Legenda: Quadro feito a partir de um estudo de reconstituição do rosto de Benigna apresentado pelo bispo do Crato, dom Magnus Henrique Lopes, e pelo padre José Vicente Pinto Foto: Edson Freitas
Ela voltava com o pote d’água do cacimbão, uma cena hoje rara, mas que era comum em 1941 no entorno de Inhumas, então sítio e hoje bairro de Santana do Cariri. Já no retorno para casa, Benigna resistiu, pela última vez, a mais uma tentativa de Raul, que queria ter relações sexuais com ela. A vingança foi a facão.

A vida interrompida despertou a devoção do povo. A fé católica cresceu a ponto de se tornar um processo que convenceu o Vaticano a reconhecer Benigna Cardoso da Silva como venerável. 

No dia 24 de outubro próximo, data da morte dela, um cardeal lerá a Carta Apostólica que a tornará oficialmente a primeira beata do Ceará reconhecida pela Igreja Católica.

E os cearenses terão a oportunidade de lembrar e rezar pela luta contra o feminicídio. O crime que interrompeu a vida de uma santa ainda é uma chaga aberta na nossa sociedade.

 

 

DN

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