A Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe, APA Araripe, completou 25 anos nesta quinta-feira (04) de agosto. Ela possui aproximadamente 1 milhão de hectares e abrange municípios no Ceará, em Pernambuco e no Piauí.
No Ceará, a APA engloba 15 municípios: Abaiara, Araripe, Barbalha, Brejo Santo, Campos Sales, Crato, Jardim, Jati, Missão Velha, Nova Olinda, Penaforte, Porteiras, Potengi, Salitre e Santana do Cariri.
Criada em 4 de agosto de 1997, por decreto-lei, e gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Área de Proteção Ambiental, a unidade tem como principais objetivos conciliar a ocupação humana com o uso sustentável dos recursos naturais e proteger a diversidade biológica.
Além disso, proteger geossítios, promover formas de turismo que não agridam a região, incentivar manifestações culturais e assegurar a sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida das famílias que vivem nessas regiões.
Território sustentável
De acordo com o chefe do Núcleo de Gestão Integrada, do ICMBIO, Carlos Augusto Pinheiro, o órgão atua hoje com auxílio de vários parceiros.
“São 25 anos de uma luta por um território sustentável. Não adianta a gente pensar que sozinhos conseguiremos abraçar toda a proteção dessa APA, se não tiver um olhar carinhoso e dedicado de cada habitante dela. É importante que estejamos juntos para dar mais um passo evolutivo. Ainda temos muitos desafios”
Grande parte dessa área, a Chapada do Araripe, acabou de ser reconhecida como a primeira Paisagem Cultural do Ceará. A homologação foi realizada nesta quinta-feira, (04), pela governadora do Ceará, Izolda Cela (sem partido). Um passo importante, já que agora a chapada integrará a lista indicativa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para concorrer à chancela de Patrimônio da Humanidade junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A Floresta Nacional (Flona) do Araripe, que fica dentro da unidade, também faz parte da APA. Ela completou em junho deste ano 76 anos de criação. Foi a primeira floresta nacional a ser instituída no Brasil. Criada para manter as fontes de água do semiárido e diminuir o avanço da desertificação no Nordeste.
A Flona abriga espécies raras da fauna e flora, como por exemplo, o Soldadinho-do-Araripe, ave em gravíssimo risco de extinção, que sobrevive na floresta e só existe por aqui. E dentro da APA Araripe, a onça-parda é uma espécie ameaçada de extinção, mas que ainda pode ser encontrada na unidade de conservação.
Desafios
Um dos desafios é combater o desmatamento na região. A gestão da APA tem buscado parcerias com o governo do estado do Ceará para fiscalização e também para fazer um levantamento das áreas onde há autorização para desmatamento nos três estados.
Para o professor de engenharia ambiental do IFCE, Basílio Silva Neto, o desmatamento na região é preocupante. A chapada do Araripe já possuiu mais de 300 fontes de água. Com o uso, a ocupação e o desmatamento, elas foram se esgotando.
Ainda de acordo com o pesquisador, a escavação de poços profundos também pode estar afetando a estrutura dos aquíferos e, talvez, até comprometendo as fontes. Ele afirma que faltam estudos na mesma velocidade em que os empreendimentos estão sendo gerados. Como exemplo, as produções agroindustriais em áreas de proteção, que podem comprometer a estrutura do solo nativo e que utilizam água de forma exacerbada.
Ele afirma que o desafio inicial da criação da APA Araripe permanece até hoje.
“É preciso discutir qual a finalidade de uma APA, para que possamos garantir que ainda haja água, condições climáticas. Continuamos com o desafio inicial, de medidas integradoras, de políticas públicas, de financiar mais projetos sustentáveis. O desenvolvimento de uma APA tem que ser sustentável”, diz o especialista.
O ICMBIO informou também que busca apoiar projetos que visam recuperar espaços atingidos pelos desmatamentos, como o GEF Terrestre, que atua na conservação dos biomas e na criação de novas unidades de conservação, além de restaurar a vegetação nativa das regiões.
g1