“Raça de fortes, povo de bravos. Exemplo de renúncia e de bravura”. Os versos do hino da Polícia Militar do Ceará (PMCE) destacam a bravura dos agentes. E como forma de reconhecimento a atos de bravura excepcionais (como salvar pessoas baleadas, que estão se afogando ou em incêndios), a Corporação premia os PMs com medalha e promoção. De 2019 a 2022, nove policiais foram agraciados.
Os últimos militares a serem promovidos por atos de bravura socorreram o senador Cid Gomes, que sofreu dois disparos de arma de fogo em um conflito com PMs que participavam de um motim da categoria, em um quartel em Sobral, na Região Norte do Estado, no dia 19 de fevereiro de 2020.
As promoções dos dois 2º sargentos Fábio Soares Barbosa e Kleber de Oliveira Lima para 1º sargentos foram publicadas no Diário Oficial do Estado (DOE) do dia 11 de março deste ano e no Boletim do Comando Geral da PMCE do último dia 14 de março.
No mesmo dia, a Polícia Militar publicou a promoção por ato de bravura do militar José Jailson Alexandre Dantas, de cabo para 3º sargento. No caso dele, a motivação foi ter socorrido e salvado uma pessoa que se afogava no mar.
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Questionada, a Polícia Militar do Ceará confirmou, em nota, as promoções e explicou que esse tipo de promoção, por ato de bravura, está “especificada no parágrafo quarto do artigo terceiro da Lei 15.797/2015 (que dispõe sobre as promoções dos militares estaduais)” e “ocorre após avaliação favorável de uma Comissão de Meritoriedade nominada pelo Comando Geral da Corporação”.
“Esta modalidade de promoção consiste, ainda, em uma política do Comando Geral de valorização e reconhecimento dos atos de coragem e audácia praticados por policiais militares. Há outros casos que tem comissões de meritoriedade instaladas, sob apreciação, esse ano ainda, por parte da Comissão, a serem deliberadas pelo Comando Geral, sobre o mesmo tema, promoção por bravura”, revelou a PMCE.
Ainda segundo a Polícia Militar, outros seis policiais foram promovidos por ato de bravura nos últimos quatro anos – sendo um em 2019 e cinco em 2021 (todos do sexo masculino).
Os nove policiais agraciados com a promoção, nos últimos quatro anos, também receberam a Medalha Bravura Tiradantes. De acordo com a PMCE, a honraria “foi instituída pelo Decreto nº 13.116, de 26 de janeiro de 1979 e é concedida para distinguir os policiais militares pelos atos de extrema coragem praticados no pleno exercício da atividade policial militar. O nome da medalha faz alusão ao Patrono das Polícias Militares do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes”.
Um dos policiais militares promovidos e agraciados com a Medalha foi o cabo Welson Gomes da Silva, que era soldado quando avistou um incêndio em uma residência no bairro Antônio Bezerra, em Fortaleza, entrou no imóvel e socorreu três crianças e uma idosa, no dia 22 de julho de 2020. Por ter inalado fumaça, ele precisou ser internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), de onde recebeu alta após dois dias.
Demandada para detalhar os outros casos, a PMCE informou que “essa ação é um assunto restrito interna corporis da Instituição, de discricionariedade do comandante geral”.
Senador foi baleado em conflito com PMs
O senador e ex-governador do Ceará Cid Ferreira Gomes foi atingido por dois tiros, ao entrar em conflito com policiais militares que estavam amotinados no 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM), em Sobral, na tarde de 19 de fevereiro de 2020. Cid dirigia uma retroescavadeira e tentava entrar no Quartel.
Os projéteis que atingiram o senador eram de pistola Ponto 40, arma de uso dos militares. Um dos tiros bateu na clavícula de Cid e saiu do corpo, e o outro se alojou no pulmão esquerdo, sendo depois drenado, em procedimento realizado no Hospital do Coração de Sobral. Após a tentativa de homicídio, os policiais amotinados abandonaram o Batalhão.
33
Um total de 33 policiais militares foi indiciado por tentativa de homicídio contra Cid Gomes, em um Inquérito Policial Militar (IPM) que se utilizou de quebra do sigilo telefônico autorizada pela Justiça Estadual. A Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), e a Polícia Federal (PF) participaram das investigações.
Pelo menos seis militares acusados de participar do motim em Sobral viraram réus na Justiça Estadual por crimes militares. Outros 33 agentes de segurança foram absolvidos, pela suspeita de envolvimento no mesmo episódio.
Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste