Fortaleza. A mortandade de peixe em 2015 e neste ano foi mais responsabilidade do Ministério da Pesca e da Agência Nacional de Águas (ANA), por não aceitar o modelo de piscicultura proposto pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), no Açude do Castanhão, conforme o engenheiro de pesca Pedro Eymard Campos Mesquita, coordenador de Pesca e Aquicultura do Dnocs, ao participar, ontem, da palestra “Proposta de Reordenamento do Parque Aquícola do Castanhão”, no segundo dia do XX Seminário Nordestino de Pecuária (PecNordeste). O evento, que encerra hoje, acontece no Centro de Eventos do Ceará.
Ao comentar a mortandade dos peixes na barragem, que resultou em prejuízos em torno de R$ 20 mi para os produtores, Eymard disse que, desde o momento em que se concebeu a criação de peixes no Castanhão, o Dnocs defendeu uma distribuição dos criadouros por toda a região periférica. “A concentração em um só lugar gerou o fenômeno de pressão de cargas, à medida em que as reservas foram diminuindo e faltando oxigênio para o pescado”, explicou. Ele informou que o fato poderá voltar a acontecer. Só que, em 2017, pode haver uma outra causa que é a gerada por águas novas, trazidas do Açude Orós, por corredeiras, o que resulta em acúmulo de mais resíduos e produtos letais para o pescado.
Saídas
Segundo Eymard, caso a ANA e o Ministério da Pesca tivessem acatado as sugestões do Dnocs, a produção não teria sido interrompida e haveria viabilidade produtiva com até 5% da capacidade da barragem. “Como não mais existe o Ministério da Pesca e a ANA pode ser convencida de que estava errada, acreditamos que a atividade poderá ser retomada. Não faltarão alevinos e produtores que percebam a importância do mercado”, disse.
Caravanas
Enquanto isso, o coordenador geral da PecNordeste, Paulo Hélder de Alencar, destacou, na edição deste ano, o aumento de caravanas vindas do Interior. Ao todo, a organização do evento estima 120, representando 20 a mais do que no ano passado.
Formados por estudantes de escolas técnicas, especialmente as voltadas para a Agropecuária e a Extensão Rural, os grupos chegam de ônibus e permanecem durante um dia no Centro de Eventos, participando das palestras e oficinas pertinentes à sua capacitação. As despesas são pagas pelos patrocinadores.
“Esse crescimento é decorrente do interesse que o produtor e os técnicos estão sendo instigados a assimilar, em vista dos desafios para a Economia Rural, diante da seca e das dificuldades vividas no Semiárido”, afirmou Paulo Hélder. Como um dos patrocinadores do evento, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), juntamente com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Ceará (Senar-CE) e Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa do Ceará (Sebrae-CE), entende que a capacitação é a maior melhor maneira de vencer os desafios.
O presidente da Faec, Flávio Saboya, defendeu a viabilidade da atividade rural do Estado, uma vez que o Ceará, apesar de todas as adversidades, é o maior produtor de camarão do Brasil, o terceiro de tilápia, tem três, entre os dez maiores produtores de leite do Brasil, e atualmente está entre os primeiros produtores de mel do Nordeste e o terceiro lugar em número de caprinos.
Mais informações:
XX PecNordeste
Pavilhão Leste do Centro de Eventos do Ceará
Oficinas e exposição de animais com encerramento hoje
ENQUETE
Como avalia o Seminário?
“O maior mérito foi oferecer uma boa organização para os participantes. Isso fez com que tivéssemos um leque de palestras e oficinas diverso e bastante adequado para as nossas necessidades no trabalho de campo”
Brenna Pereira
Coordenadora de caravana
“Destaco como o ponto forte do Seminário a qualidade das palestras. Além de assuntos bem escolhidos e atualizados, houve uma estrutura bem pensada para atender aqueles que vão trabalhar na atividade rural”
Dennys Oliveira
Estudante
Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste/Marcus Peixoto