Partidos no Ceará já articulam estratégias para a montagem das chapas de deputado federal e estadual na eleição de 2022. Parlamentares estão preocupados com a proibição das coligações no pleito do ano que vem e se movimentam para trocar de partido, de olho em garantir a reeleição.
A “pressa” de discutir a eleição de 2022, em meio à pandemia da Covid-19, ocorre, entre outros motivos, devido às novas regras que estarão em jogo nas próximas eleições proporcionais para a Assembleia Legislativa e para a Câmara Federal.
SEM COLIGAÇÃO
A principal mudança, já colocada em prática na eleição de 2020, e que deve continuar a valer em 2022, é a proibição das coligações. Nesse modelo visto nas disputas anteriores, partidos maiores e menores se unem em uma chapa, fazendo com que a soma dos votos dados às legendas e aos candidatos aumente as chances de os partidos conseguirem vagas no Legislativo.
A coligação era crucial para alguns postulantes e um problema para outros. Ela permitia que candidatos de siglas pequenas, que haviam recebido poucos votos, fossem eleitos, por causa dos chamados “puxadores de votos”, candidatos fortes que contavam com votação expressiva.
Por outro lado, candidatos que conseguiam uma boa votação, às vezes, não eram eleitos, porque a coligação não havia atingindo o quociente eleitoral, calculado pela divisão do número de votos válidos na eleição pelo número de vagas na Casa Legislativa.
O fato é que, sem a coligação, os partidos terão que ir para a disputa sozinhos, ou seja, contarão apenas com os seus votos para conquistar cadeiras. Essa regra revirou a estratégia das siglas no ano passado e já as mobiliza para a próxima disputa.
ESTRATÉGIA DOS PARTIDOS
O Cidadania já tem a estratégia da chapa de deputados federais e estaduais para 2022. Segundo o deputado estadual Júlio César Filho, único representante do partido na Assembleia Legislativa e líder do Governo, o partido vai estabelecer um “teto” de até 25 mil votos para os candidatos concorrerem na legenda.
Estamos sendo procurados por alguns pretensos candidatos, deixando claro que, dentro da chapa, para estadual estamos planejando um corte de até 25 mil votos e aqueles que ainda não testaram o seu nome. É uma chapa que pretendemos fazer 2 ou 3 deputados estaduais, proporcionalmente, com menos votos, mas atingindo o quociente eleitoral
JÚLIO CÉSAR FILHODeputado estadual do Cidadania e líder do Governo na Assembleia Legislativa
Júlio César Filho é um dos candidatos do Cidadania à reeleição na Assembleia Legislativa.
PROGRESSISTAS
O Progressistas, antigo PP, é outro partido que se movimenta com força nos bastidores para aumentar as cadeiras no Parlamento. Atualmente, é a segunda maior bancada da Assembleia Legislativa, com cinco deputados estaduais.
O presidente do partido no Ceará, o deputado federal Antônio José Albuquerque, o AJ, e, principalmente, seu pai, o deputado estadual licenciado Zezinho Albuquerque (PDT), estão à frente das articulações.
Zezinho tem se reunido pelo menos uma vez por mês com os deputados estaduais e com outros parlamentares com interesse em migrar para o partido. Ele projeta que a média de votação dos candidatos progressistas na Assembleia Legislativa fique entre 40 e 50 mil votos.
Deputado em ano de eleição vira matemático, mas os nossos candidatos que estão na Assembleia, na estrutura do PP, a faixa de eleição é de 40 a 50 mil votos. Temos os cinco estaduais e estamos sendo procurados por vários deputados. Temos deputados certos que virão, temos mais 9 a 11 candidatos novos, e temos diretórios, comissões provisórias que terão o compromisso de votar nos nossos estaduais e federais.
ZEZINHO ALBUQUERQUE Deputado estadual licenciado do PDT
TROCA DE PARTIDOS
Entre os deputados estaduais cotados para embarcar no Progressistas, estão Manoel Duca, hoje no PDT, e Audic Mota, atualmente filiado ao PSB. Zezinho também cogita ir para o partido comandado pelo filho, mas é cauteloso e diz que vai conversar antes com os irmãos Cid e Ciro Gomes, líderes do PDT.
“Estou vendo a possibilidade, vai depender de várias coisas. Tenho que ver o que é melhor para o partido, deixar a janela (partidária) abrir. Tenho amizade grande com o Ciro, Cid, vou conversar com eles”, avisa.
Os deputados que vão concorrer à eleição de 2022 poderão mudar de partido seis meses antes da eleição, no período chamado “janela partidária”, em que eles são autorizados a trocar de legenda sem correr o risco de perder o mandato.
Em entrevista ao Sistema Verdes Mares no início deste ano, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Evandro Leitão (PDT), disse que aposta em um troca-troca de partido intenso entre os parlamentares no ano que vem.
PT
O deputado estadual petista Elmano de Freitas conta que o PT iniciou movimentações em torno dos nomes que vão concorrer a deputado federal e estadual. A sigla tem três representantes na Assembleia Legislativa e três na Câmara Federal e quer amplia a bancada.
Nós vamos constituir um grupo de trabalho para fazer análise. Temos conversado no PT sobre quem são as pessoas com condições de ser candidato. Temos um trabalho chamado “Elas por elas”, para estimular que mulheres sejam candidatas e temos um conjunto de companheiros dispostos a ser candidatos no ano que vem. Temos boas chances de aumentar a nossa bancada na Assembleia
ELMANO DE FREITAS Deputado estadual do PT
CONCORRÊNCIA NO PDT
No PDT, partido que elegeu 14 deputados estaduais – a maior bancada na Assembleia Legislativa – e seis deputados federais cearenses em 2018, alguns parlamentares estão preocupados. Além dos que vão tentar a reeleição, ainda há uma leva de novos candidatos fortes que prometem travar disputas acirradas por vagas no Parlamento.
O deputado estadual Tin Gomes é um dos que vai tentar a reeleição e se preocupa com o cenário.
“A preocupação existe, porque o PDT fez 14 deputados coligado, agora não é mais. A possibilidade de baixar esse número é grande, então tem que ter uma discussão interna. Meu patamar no PDT é no meio (de votação), então vou ter que analisar os colégios, conversar com o Cid, com o governador”.
OPOSIÇÃO
Já o grupo de oposição ao Governo do Estado, liderado pelo deputado federal Capitão Wagner (Pros), vem se reunindo com partidos e lideranças aliadas para discutir o cenário de 2022. A ideia é que o grupo de Wagner seja lançado em um único partido em uma espécie de “chapão”, mas nada ainda foi definido sobre isso.
A deputada estadual Fernanda Pessoa (PSDB) participou de uma reunião com o grupo, recentemente. Ela disse que o objetivo é eleger seis deputados federais e oito deputados estaduais pelo grupo de oposição. Fernanda Pessoa disse que vai concorrer à deputada federal em 2022.
“O grupo da oposição está se reunindo encabeçado pelo Capitão Wagner. Estamos nos reunindo para fazer um grupo forte de oposição para Governo do Estado e para as chapas de deputado federal e estadual”.
Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste