Em 2020, o Ceará registrou 135.069 crianças e adolescentes entre seis e 17 anos de idade fora da escola, de acordo com estudo do Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas (Unicef). O número vem com um acréscimo de 170% se comparado ao ano anterior (2019), quando eram 49.900 alunos em evasão escolar.
No ano passado, o estudo do Unicef afunilou a faixa etária estudada, pois em 2019 foram contabilizados os alunos entre quatro e 17 anos. O Ceará é o quarto estado do Nordeste dentro dessa estatística quanto a números absolutos (atrás de Bahia, Maranhão e Rio Grande do Norte), contudo é o que apresenta o menor percentual de crianças e adolescentes fora da escola, se comparado ao número total desse público no estado — que é 1.651.979.
Problema antigo
Verônica Bezerra, especialista em educação do Unicef, reforça que a problemática da evasão escolar é antiga e foi agravada com a pandemia de Covid-19. “A gente precisa entender que a evasão escolar não é um fenômeno novo no Brasil, embora ele tenha piorado muito em função da pandemia”, comenta a especialista.
O estudo ‘Cenário da Exclusão Escolar no Brasil’, realizado pelo Unicef, reforça que “os números são alarmantes e trazem um alerta urgente. O País corre o risco de regredir mais de duas décadas no acesso de meninas e meninos à educação. É urgente reabrir as escolas em segurança e tomar todas as medidas necessárias para garantir o direito de aprender”.
Para Verônica, a situação é composta, e impacta, principalmente em grupos que já passam por vulnerabilidades anteriores, como crianças e adolescentes pretos, pardos, indígenas, quilombolas, ribeirinhos e de povos tradicionais.
“Nós estamos falando de um grupo muito especial de meninos e meninas, crianças e adolescentes, que estando fora da escola têm uma chance muito grande de já estar fora da vida e de um conjunto importante de proteção social”, alerta a especialista em educação.
A opção por ensino remoto, exigida pela pandemia, somada às vulnerabilidades sociais também impactaram o aumento da evasão escolar, especialmente àqueles que não possuíam acesso à internet qualificado e suficiente anteriormente. “O fechamento de escolas foi um dos fatores que muito repercutiu no que estamos vendo como resultado”, complementa Verônica.
“É preciso melhorar, e muito, o acesso à internet. Ainda não temos as condições adequadas, razão pela qual muitos meninos e meninas ficaram fora dessa escola que se constituiu em formato diferente, de modo remoto. É preciso também trabalhar com nossos profissionais da Educação para que se constituam capazes de ofertar essa modalidade”, finaliza a especialista.
Nordeste Notícia
Fonte: SVM