Em contrapartida à queda do número de homicídios, o Ceará vem apresentando aumento no número de roubos mês após mês em 2016. No acumulado do ano, até o fim do mês de setembro, a Polícia registrou 55.473 Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVPs), o que representa um crescimento de 19,04% nas ocorrências em comparação a igual período de 2015, que teve 46.599 CVPs. Em média, foram 6.163,6 roubos por mês e 202,4, por dia, no Estado.
A estatística de CVPs inclui todos os tipos de roubo com emprego de violência, exceto latrocínio, que está inserido nos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) – ou seja, aqueles que levam a mortes. Os dados são fornecidos no site da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e levam em conta os Boletins de Ocorrência registrados pelas vítimas e inquéritos policiais. Os números do mês de outubro, que acabou ontem, ainda não foram divulgados pela Pasta.
Todos os meses de 2016 registraram mais CVPs que os meses equivalentes de 2015. Maio foi o mês do ano corrente que somou mais roubos em todo o Estado, com 7.296 registros, que significa aumento de 22,86% em relação ao mesmo mês do ano passado, com 5.938 ocorrências.
Em segundo lugar está o mês de março deste ano, com 6.799, um crescimento de 21,6% em comparação ao mês de março anterior, que teve 5.591 CVPs.
Fortaleza lidera o índice de roubos no ano de 2016, até o mês de setembro, com 35.998 casos registrados. Em 2015, nos nove primeiros meses do ano, foram 31.261 ocorrências. O aumento foi de 15,15 %. O mês que apresentou mais ocorrências em Fortaleza neste ano foi maio, com 4.655 roubos.
Vítimas
Débora Vieira, 22, foi uma das vítimas de roubo na Capital em 2016. A jovem já foi assaltada três vezes, sendo a última neste ano, no mês de março. Ela estava com o namorado, em um restaurante do bairro Passaré, quando um bando armado fez um ‘arrastão’, levando o celular dela e o carro de outro cliente, por exemplo. “Eu sou muito paranoica com segurança. A gente pode ser assaltada a qualquer momento. Eu tenho muito medo de andar sozinha, principalmente à noite”, afirmou Débora.
José Élio da Silva, 52, também entrou para a estatística deste ano, por ser assaltado em agosto. O homem estava saindo de casa, no bairro Planalto Ayrton Senna, quando foi abordado por três homens armados em motocicletas, que roubararam carteira com dinheiro e com documentos e o celular da vítima. “Hoje, tá muito perigoso. Em qualquer lugar eu tenho medo”, contou.
Interior e RMF
O aumento de CVPs neste ano em relação a igual período de 2015 foi maior ainda no Interior do Estado. O número, que era de 8.386 até o mês de setembro em 2015, passou para 10.884 nos mesmos nove meses de 2016, um crescimento de 29,78%. O mês de 2016 com o maior número de roubos no Interior, também foi maio, com 1.563 ocorrências registradas.
Francisco Sérgio Costa, 34, foi alvo da criminalidade no Interior. Ele passou em um restaurante no município de Russas, onde mora, para comprar cigarro, mas foi surpreendido por cinco assaltantes. “Eles assaltaram com arma e pediram para todos os clientes ficar ajoelhados. Russas está horrível”, reclamou o homem, que perdeu dinheiro, documentos e o celular no início do ano. Em 2015, ele também foi vítima de roubo, ao ter a moto levada após sair de uma festa e ser abordado pelo bandido.
A Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) também apresentou aumento superior à Capital, somando 8.591 CVPs no ano corrente, até setembro, o que representa um aumento de 23,57% em relação aos 6.952 casos de igual período do ano passado. O mês mais violento de 2016 em número de roubos na RMF foi março, com 1.107 registros anotados pela SSPDS.
O número de furtos no Ceará ocorridos em 2016, até o mês de setembro, se manteve equilibrado, em relação a igual período de 2015. Neste ano, foram registradas 42.919 ocorrências, contra 42.387 no ano passado, um aumento de 532 casos.
Subnotificação
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que “o aumento nos números de registros de Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVP) se dá pelos esforços para que a população registre Boletins de Ocorrência (B.Os) para que a subnotificação desses tipos de crimes diminua”.
A Pasta afirmou ainda que “a consolidação de dados reais é de suma importância para que o policiamento seja direcionado de forma correta para áreas e horários em que os crimes acontecem”. Por fim, destaca que as polícias Civil e Militar “vêm desenvolvendo esforços em conjunto para combater os crimes contra o patrimônio”.
Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste/Messias Borges