Tifany Ariane da Silva com Daniel Pietro. (Foto: Tarciso Augusto/DP Foto)

Embora preocupante, a gravidez precoce não é rara no Ceará. Somente em Fortaleza, em 2019, foram registrados os nascimentos de 4.324 crianças de mães com idade entre 10 e 19 anos, residentes na capital cearense, conforme a Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS).

Já no panorama estadual, de 2011 a 2018, foram contabilizados 10.168 bebês nascidos vivos cujas mães tinham menos de 15 anos. O levantamento foi feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A assessora técnica da Saúde da Mulher da SMS, Léa Dias, detalha que, em números absolutos, a quantidade de crianças nascidas de mães adolescentes, tanto em Fortaleza quanto no Ceará, vem diminuindo ao longo da última década. Porém, a maior preocupação se dá no recorte da faixa etária das grávidas.

Segundo ela, em 2010, a secretaria registrou que 17,3% de todos os nascidos vivos residentes em Fortaleza eram filhos de mães adolescentes. Em 2019, a porcentagem chegou a 12,6%. “A gente vê um decréscimo. Mas a adolescência compreende as pessoas de 10 a 19 anos de idade, e, dentro desse intervalo, a gente faz um outro extrato, que é de 10 a 14 e de 15 a 19. A gente tem percebido, não só em Fortaleza, mas de uma forma geral, que mesmo com esse porcentual diminuindo, a gente tem um pequeno aumento nessa faixa etária de 10 a 14 anos, que preocupa muito a gente”.

‘Problema de saúde pública’
A chefe do Ambulatório do Adolescente da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), Maria Tereza Dias, reforça que os casos de adolescentes que engravidam com menos de 14 anos de idade são considerados estupro de vulnerável.

“Temos que tomar cuidado principalmente com esse grupo, porque a gravidez na adolescência é um problema de saúde pública. Isso pode perpetuar a pobreza, porque há uma alta taxa de abandono da escola depois que a adolescente engravida, fazendo com que a futura mãe só tenha acesso a subemprego, e perpetue a baixa renda”, diz.

Em Fortaleza, o atendimento especializado para adolescentes grávidas é oferecido em unidades como o Hospital Distrital Gonzaga Mota (Gonzaguinha) de Messejana e a Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac).

Foi na Meac que, aos 14 anos, Alice (nome fictício) deu à luz sua primeira filha. Ela foi encaminhada para o local no ano passado, após descobrir a gestação durante o quarto mês. “A minha irmã mais velha começou a ver que meu corpo ‘tava’ mudando, aí comprou um teste na farmácia pra eu fazer. No mesmo dia eu levei uma queda, aí a minha mãe me levou logo no posto de saúde, e viram lá que eu ‘tava’ grávida”, conta Alice.

A adolescente receberá alta da unidade ainda neste mês, para retornar à casa no Bairro José Walter, onde mora com a mãe e duas irmãs. “Agora com a minha filha, minha vida mudou. Mas eu quero voltar logo pra escola. Quero continuar estudando”, afirma.

Educação para prevenir
Durante o atendimento às meninas gestantes, os métodos contraceptivos reversíveis de longa duração — conhecidos como LARCs — são apresentados com o objetivo de evitar a reincidência da gravidez na adolescência. “A literatura internacional mostra esses métodos são mais eficientes para essa prevenção, como o DIU de cobre. Isso é oferecido para elas, mas é uma decisão individual”, ressalta Léa Dias.

Nordeste Notícia
Fonte: G1

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