Dois projetos de escolas estaduais em Cascavel, na Região Metropolitana de Fortaleza, venceram a 6ª edição do prêmio “Respostas para o Amanhã”, que agracia iniciativas de experimentação científica ou tecnológica desenvolvidas por estudantes do Ensino Médio.
O grande vencedor foi um biofilme curativo criado a partir da farinha de folhas de goiabeira, desenvolvido por uma turma de 3º ano da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Marconi Coelho Reis. Os testes indicaram cicatrização mais rápida em queimaduras de primeiro grau, “quando em contato com a pele por uma semana”, devido ao potencial antimicrobiano da planta.
Por também ser biodegradável, a decomposição do material acontece sem impactos negativos ao meio ambiente. “Foi surpresa porque foi a primeira vez que a gente concorreu, e nossa escola acabou de fazer três anos”, comemora a diretora, Iara Valente. Cinco estudantes da equipe e a professora orientadora representarão o projeto na etapa América Latina, em São Paulo.
“Na escola de tempo integral, um dos princípios é a pesquisa científica. Isso veio ao encontro da nossa proposta de trabalho, que é desenvolver a iniciação científica no Ensino Médio. Você leva o aluno a produzir projetos de resolução e de grande relevância social”, destaca Valente.
Plantio facilitado
Projeto retém água no solo e colabora com a fertilização em ambientes secos — Foto: Kid Junior/SVM
Outra escola, a Ronaldo Caminha Barbosa, teve como destaque o projeto “Agri+”, de combate à escassez de água e de melhoria agrícola em solos semiáridos e salinos. Segundo a orientadora do projeto, Joseline Maria, a ideia surgiu por duas constatações: que os cultivos em Cascavel não desenvolvem com facilidade e que muitos resíduos agroindustriais jogados em feiras ou engenhos não eram utilizados.
“Com o descarte de cascas de manga, de abacate e bagaço de cana de açúcar, nós elaboramos nosso material. Fizemos vários testes até chegar ao nosso polímero biodegradável, que é uma espécie de adubo. Depois que validamos, passamos para a comunidade”, explica a estudante Fabiana Ramos, de 18 anos, integrante da equipe de 15 pessoas do Agri+ e que que planeja cursar Enfermagem ou Ciências Biológicas.
A mistura do projeto consegue reter água no solo e funcionou num cultivo de cebolinha. “A minha vontade vem a partir dos alunos. Nossa escola tem uma delegação científica que se reúne com um líder, uma vez na semana. A gente vai orientando e eles mesmos fazem. Eles têm essa visão ampla, essa compreensão”, orgulha-se a professora Joseline.
Incentivo
Alunos celebram vitória em concurso que elege ideias inovadoras para preservação do meio ambiente — Foto: Kid Junior/SVM
Este foi o terceiro ano consecutivo em que a instituição ficou entre as Vencedoras Nacionais do Prêmio. Em 2017, o projeto “SOS Casa” foi campeão nacional e, em 2018, a escola atingiu o mesmo posto com o projeto “Reflexologia Experimental”.
A diretora da unidade, Amélia Sampaio, atribui os resultados tanto ao trabalho em equipe quanto ao incentivo do Núcleo de Trabalho, Pesquisa e Práticas Sociais (NTPPS), no qual os estudantes desenvolvem pesquisas desde o 1º ano. “Hoje, temos essa tecnologia e ela coloca para os outros Estados o que o Ceará faz diferente na rede pública estadual”, pondera.
A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) informa que o Núcleo propõe uma reorganização curricular do Ensino Médio através do trabalho transdisciplinar. De 2012 a 2018, quase 1.300 profissionais, entre professores e coordenadores, foram formados na prática. No ano passado, 190 escolas estaduais desenvolviam a proposta – 111 de tempo integral e 79 de tempo parcial.
Nordeste Notícia
Fonte: G1