A quantidade de pessoas em idade ativa sem emprego caiu para 10,1% no Ceará, entre outubro e dezembro de 2018. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem, revelam ainda que 3,676 milhões de trabalhadores estão ocupados. A situação do Estado no Nordeste também se destaca por possuir o menor índice médio de desocupação da Região.
No acumulado do ano, em 2018, houve redução de 1,3 ponto percentual na comparação com 2017 e quedas seguidas em todos os trimestres. Ante outros estados, o desempenho cearense foi o nono melhor do País no último trimestre. Já na taxa de desocupação anual aparece como o quarto que mais diminuiu a quantidade de desempregados no País.
Reconhecido como o período em que se abrem oportunidades de trabalho em vários setores, principalmente no comércio e serviços, em decorrência do período de festas de fim de ano e início de alta estação, o índice de 10,1% de desocupação foi analisado como acima do esperado.
O ano encerrou com recuperação no Estado maior do que a projetada, segundo afirma o analista de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Daniel Suliano. “O resultado foi bem abrangente. Tivemos dois momentos muito ruins, em 2016 até o fim de 2017, quando a taxa de desemprego atingiu o pico. No caso do Ceará, chegou a até 14,3%”, afirma.
Ele também credita essa redução de desocupados, no período, ao aumento da geração de empregos e, em menor grau, à quantidade maior de desalentados.
O coordenador de Estudos e Análise de Mercado do Instituto do Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Erle Mesquita, acrescenta que a queda do indicador obedece a um comportamento típico do período.
”Sempre comparo a taxa de desemprego com a temperatura corporal. Os números baixos não querem dizer que estamos com o corpo ou economia sadia, mas quando existem marcadores muito elevados significa que temos algum tipo de anomalia. Temos indicadores baixos, mas, hoje, temos um alto nível de informalidade, o maior desde 2015″, diz.
Segundo o IBGE, o Ceará é um dos estados do País em que mais existem trabalhadores que exercem alguma função por conta própria. Erle explica que em grande parcela de casos esses trabalhadores não possuem qualquer registro. No Ceará, 29,1% dos ocupados no último trimestre são autônomos.
Outro ponto analisado por Mesquita como problemático é a grande incidência de pessoas que trabalham sem carteira de trabalho assinada no setor privado, portanto, informais. No Estado são 42,9%, o quarto maior índice do País.
Erle acrescenta que a quantidade de trabalhadores assalariados sem registro representa algo em torno de 25% do total ocupado, o que abrange trabalhadores sem carteira assinada e aqueles que exercem atividades em negócios familiares. Destaca ainda que a quantidade de desocupados diminuiu, mas a qualidade dos empregos ainda deixa a desejar.
“Existe uma taxa de desemprego combinado mais baixo, porém, muitos dos nossos trabalhadores estão inseridos de forma precarizada no mercado de trabalho”, analisa.
Dados
O Ipece deve lançar na próxima semana o Termômetro do Mercado de Trabalho. O levantamento contará com dados voltados ao cenário cearense. Análise de fatores para o desemprego é realizada.
Empregados no período
EDUARDO ALMEIDA, 31, operador de telemarketing
Desempregado há quase um ano, ele conseguiu oportunidade como operador de telemarketing. Foi aprovado em dezembro. Afirma que aceitou o desafio, mesmo recebendo menos, por ter filha pequena.
KÉVIA COSTA, 22, auxiliar de veterinário
Trabalhava em um cinema, mas, devido ao horário que a impedia de continuar a frequentar a faculdade de Medicina Veterinária, decidiu trocar de emprego ao surgir uma vaga em pet shop.